O Aprendiz de Assassino - Robin Hobb

6 de novembro de 2019

Título: O Aprendiz de Assassino - Saga do Assassino #1
Autora: Robin Hobb
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Drama
Ano: 2018
Páginas: 450
Nota:★★★★☆
Sinopse: Fitz tem seis anos de idade quando seu avô o joga aos pés de um guarda real e anuncia que a partir de então o pai deve cuidar do bastardo que produziu ― e o pai de Fitz é ninguém menos que Chilvary Farseer, o príncipe herdeiro dos Seis Ducados.
Excluído pela realeza, mas importante demais para ser abandonado, Fitz é criado à sombra da corte, protegido pelo mestre dos estábulos e crescendo em meio aos criados e plebeus da Cidade de Torre do Cervo.
No entanto, um bastardo real é uma peça perigosa, e o rei Shrewd não demora a convocá-lo. Carregando no sangue a magia ancestral do Talento e uma habilidade ainda mais instintiva de se comunicar com os animais, Fitz passa a ser treinado para se tornar um assassino a serviço do rei.
Quando saqueadores selvagens começam a atacar as regiões costeiras dos Seis Ducados, Fitz recebe sua primeira missão. Embora alguns o vejam como uma ameaça, o jovem bastardo vai provar que pode ser a chave para a sobrevivência do reino.

Resenha: O Aprendiz de Assassino é o primeiro livro da Saga do Assassino (The Farseer Trilogy), a primeira de cinco sagas que faz parte da enorme série O Reino dos Antigos, da autora Robin Hobb. O livro já havia sido publicado pela Editora Leya anteriormente, mas agora ganhou uma repaginada e foi relançado pela Suma sob novo projeto gráfico e nova revisão/tradução.

Fitz é um garotinho de seis anos de idade, filho bastardo do príncipe Chivarly Farseer, o herdeiro do rei Shrewd Farseer, dos Seis Ducados, que mais tarde abdicou do trono colocando seus irmãos mais novos, Verity e Regal, na linha de sucessão. Fitz foi excluído da vida da realeza por ser um bastardo, mas por ser importante demais (ou perigoso demais para os interesses reais) pra ser simplesmente abandonado à própria sorte, ele foi criado às sombras da corte em meio a criados e animais pelo mestre dos estábulos da Torre do Cervo, Burrich. Fiz herdou o Talento, uma magia ancestral que lhe dá a habilidade de se comunicar com os animais, e posteriormente ele é aceito pela família real, recebendo as devidas instruções, mas também sendo secretamente treinado a se tornar um assassino silencioso a serviço do rei Shrwed.
Até que um grande grupo de saqueadores bárbaros começam a ameaçar os Seis Ducados, e Fitz é enviado para sua primeira missão, mas ele acaba em meio a vários segredos numa trama misteriosa e cheia de reviravoltas.
"A minha vida tem sido uma teia de segredos, segredos que mesmo agora são perigosos de compartilhar. Devo colocá-los neste fino papel para fazer deles apenas chamas e cinzas? Talvez."
- Pág. 12
O livro é narrado em primeira pessoa, e a quantidade de detalhes e descrições é tão adorável quanto cansativa. Não que isso seja um ponto negativo no caso desse livro em particular, até mesmo porque a escrita poética da autora é bastante fluída e rica a ponto de a todo momento nos surpreender com a forma incrível que ela tem de expressar alguma emoção ou acontecimento através de uma frase genial, mas esse excesso de floreios, embora importante dentro do contexto, acaba tornando a leitura mais demorada do que o esperado, mostrando, lenta e gradualmente, cada passo da infância cheia de tribulações, dificuldades, privações e sofrimento do pequeno Fitz. Talvez a narrativa foi feita dessa forma de propósito, pois da mesma forma que o protagonista beira a exaustão com tantas experiências trágicas, os leitores também acabam ficando com o emocional desgastado ao acompanhar essa peleja sem fim.

Num primeiro momento, como leitora, eu me senti um pouco incomodada com a narrativa em primeira pessoa e como as lembranças da infância dele eram tão vívidas, pois, inevitavelmente, ficamos limitados ao ponto de vista e às experiências de Fitz, que conta sua longa jornada nos mínimos detalhes, desde sua primeira lembrança aos seis anos quando foi levado para os estábulos até mais velho. Muito tempo é investido em descrever as experiências de Fitz, e no final das contas, com esse ritmo devagar, quase parando, a sensação é de que vários anos se passaram durante tudo aquilo, como se compartilhássemos o peso que recaiu sobre os ombros do protagonista.

Sobre a parte gráfica, só tenho elogios. A capa, embora destaque bem o nome o nome da autora em prateado, é bem simples e bonita, fazendo referência a Cidade da Torre do Cervo.
Um ponto bastante relevante sobre esta edição da Suma de Letras em particular, diferente das edições publicadas anteriormente pela Editora Leya, é que os nomes dos personagens, que podem moldar ou definir a personalidade deles, não foram traduzidos a fim de manter a originalidade, e graças a Deus que fizeram isso aqui. Inclusive há um glossário no final do livro com o significado de cada nome.

No mais, O Aprendiz de Assassino é uma excelente introdução à série e ao universo fantástico e grandioso criado por Robin Hobb, entregando uma história sobre confiança, amor e lealdade sem igual, e ainda levantando questões interessantes sobre a importância do sangue, e se devemos confiar plenamente em alguém só por causa do bendito parentesco. O livro superou, sim, todas as minhas expectativas, e estou bastante ansiosa pra continuar lendo os próximos volumes. Não é todo dia que a gente encontra um livro de fantasia desse calibre. Super recomendado!

Na Telinha - Gilmore Girls (3ª Temporada)

4 de novembro de 2019

Título: Gilmore Girls (Gilmore Girls)
Temporada: 3 | Episódios: 22
Elenco: Lauren Graham, Alexis Bledel, Melissa McCarthy, Keiko Agena, Scott Patterson, Yanic Truesdale, Kelly Bishop, Edward Herrmann, Liza Weil, Milo Ventimiglia, Jared Padalecki
Gênero: Família/Comédia/Drama
Ano: 2002
Duração: 44min
Classificação: +12
Nota: ★★★★☆
Sinopse: As adoradas Gilmore Girls estão de volta para uma terceira temporada de charme, diálogos inteligentes e engraçados e momentos dramáticos de tirar o fôlego. Para Lorelai e Rory, mãe e filha, este é um ano de mudanças. As expectativas são grandes, princialmente com a formatura de Rory e sua ansiedade para receber uma resposta positiva das faculdades. Mas não é só isso. Rory e Lorelai precisam lidar com seus relacionamentos e os impactos que eles causam em suas vidas.

Faz um tempinho que maratonei a série, mas como pretendo resenhar todas as temporadas em ordem aqui no blog, revi alguns episódios e li alguns resumos pra poder me lembrar melhor dos acontecimentos e poder comentar com o mínimo de propriedade.


Mais um ano cheio de idas e vindas na vida das garotas Gilmore. Último ano de Rory na Chilton, preocupações a mil, e aquela indecisão eterna sobre qual faculdade escolher: Harvard ou Yale.
Rory se sente cada vez menos encantada por Dean, e mais atraída por Jess, enquanto ele desfila por aí com uma nova namorada que não deixa a boca dele em paz nenhum segundo sequer. Pelo menos, estudiosa como é, Rory está bastante focada em sua formatura e na escolha na faculdade. De outro lado, Lorelai e Sookie querem seguir um grande sonho, e planejam inaugurar a própria pousada. É legal acompanhar como cada uma tem um desafio diferente a ser enfrentado, mas que só vem a acrescentar em suas vidas.


Não digo que essa temporada foi a melhor até então, mesmo que a expectativa estivesse alta depois do final da temporada anterior. Houveram momentos emocionantes e outros bem importantes pra podermos entender a questão da causa e efeito que envolve o relacionamento de Lorelai com seus pais e com Chris, pai da Rory, e que tudo o que aconteceu no passado acabou interferindo na pessoa que ela se tornou, mesmo que eu ainda não me simpatize totalmente com ela e essa sua "independência". Mas, o que me fez revirar os olhos mil vezes, foi a questão da quizumba amorosa entre Rory, Jess e Dean, e o quanto esses três conseguem ser ridículos de tantas formas diferentes.


Se antes Jess era aquele garoto inteligente e misterioso, metido a bad boy que despertou a curiosidade de Rory e que se encaixaria como uma luva como seu oposto perfeito, agora que ele finalmente conseguiu "derrotar" Dean e colocado as mãos nesse troféu, vulgo Rory, o moleque se transformou num completo babaca. Esses dois juntos é a coisa mais sem graça que já vi na minha vida, desde o ciúme proposital e forçado que Jess causou nela namorando outra menina nada a ver, até a ideia dele se distanciar pelo motivo de "porque sim". A falta de química é tão evidente, que a ideia dos atores (Alexis Bledel e Milo Ventimiglia) terem namorado na vida real chega a ser inacreditável. Deve ter alguma coisa a ver com a teoria da química amorosa do Joey, de Friends, não é possível...
A cada episódio que abordava esse relacionamento murcho, as coisas pareciam se perder cada vez mais e no final das contas, além de Rory se mostrar um tanto dependente dele, o relacionamento parece só ter existido para que a garota pudesse ter adquirido uma experiência a mais a fim de ser capaz de detectar prováveis embustes.
E nem ouso a falar muito de Dean, porque se antes ele demonstrou ser possessivo, inseguro e mega ciumento, agora ele aparece mais preocupado com Rory pra dar aquele ar de "só dá valor quando perde", mas me arruma uma noiva pra se casar com dezoito fucking anos. Se a ideia do roteiro era dar um jeito de afastar o ator porque ele seguiria outro rumo em outro seriado (Hi, Supernatural!), haviam infinitas alternativas de se fazer isso em vez de enfiá-lo num casamento ridículo com uma menina nada a ver, claramente fadado ao fracasso.


Já Lorelai, por mais que tenha se mostrado vulnerável em vários momentos, precisou sair da sua zona de conforto e encarar de frente várias situações, desde relacionamentos nada a ver, quanto escolhas profissionais, e o próprio orgulho de ver Rory se formando e indo pra faculdade, o que consequentemente separaria as duas. Claro que elas sentiriam muita falta uma da outra, mas a distância acaba gerando uma dinâmica nova e bem interessante entre as duas. Pra elas que sempre estiveram juntas, ficarem separadas por alguns anos era algo totalmente novo, e embora esperado, não era algo que estavam, de fato, prontas pra lidar. Lorelai sabe o quanto vai ser difícil lidar com a ausência da filha enquanto Rory parte para novas e mais interessantes experiências.
Mas o auge mesmo é o relacionamento com Luke, que não engata nunca mais e só faz a gente morrer de ansiedade por essa união que é mais do que óbvia. Então, colocar Luke namorando com uma moça aqui, ou Lorelai ficar dividida entre outro alí, é inútil.


Um episódio dessa temporada (esqueci qual) mostra o passado de Lorelai, quando ela tinha seus dezesseis anos e estava grávida de Rory, e qual foi a reação dos familiares quando descobriram. Ele funciona meio que como um contraste de como foi a espera e o nascimento de Rory, com o nascimento da filha de Chris com sua esposa. Mesmo que não tenha achado que o episódio tenha sido o melhor, atémesmo porque ele tem os momentos presentes com esses flashbacks, ele foi muito importante para esclarecer alguns pontos que dizem respeito a Lorelai adulta. A ideia de uma gravidez na adolescência da filha apavorava Richard e Emily, assim como os pais de Chris. Era algo terrível o bastante para manchar a reputação das duas famílias e todas as escolhas passaram a ser deles, sem que Lorelai fosse consultada em momento algum. Assim, deixar de ter voz e abrir mão do seu poder de escolha, foi o que fez Lorelai se rebelar, desistir do luxo que seus pais lhe proporcionava e poder, enfim, provar que ela poderia se dar bem sozinha e tomando as próprias decisões, sem que ninguém dissesse o que ela deveria fazer. É claro que isso causou problemas e um abismo enorme entre ela e seus pais, mas é o que justifica ela ser assim e o quanto sua liberdade é importante, mesmo que ela ainda sofra internamente por ter feito essa escolha de seguir sozinha com Rory. Isso acaba refletindo também em Richard e Emily, pois por mais que a forma como eles criavam Lorelai pudesse ser "contraditória" para a gente, para eles era o certo a se fazer, então é difícil se colocar no lugar deles e imaginar como é pra eles se sentirem excluídos e afastados das duas meninas que eles mais amavam. Logo, embora Lorelai faça por obrigação e necessidade, Rory tenta ser o mais paciente e compreensiva com eles, talvez a fim de compensar essa "perda". Eles são chatos, claro, mas agora dá pra pelo menos entender o motivo.


Claro que não posso deixar de fazer algumas menções honrosas pra alguns personagens secundários que também ajudar a movimentar essa história, desde Michel, um dos meus preferidos por causa do seu deboche eterno, até Kirk com sua onipresença hilária em Stars Hollow.
Eu gosto da Lane e da sua amizade desinteressada com Rory, mas esse lance de viver em função das leis da mãe por causa de cultura coreana, ou sabe-se lá Deus o quê, é a coisa mais século 18 que existe. Chega a ser irritante as coisas que ela precisa se sujeitar para dar suas escapulidas e poder viver. Não vejo a hora dela enfrentar a Sra. Kim e cuidar da própria vida.


Confesso que eu não gosto muito da Paris, e ela está totalmente surtada nessa temporada. Ela demonstra um lado mais humano, mas continua competitiva demais, principalmente porque parece gostar de esfregar o quanto é inteligente na cara dos outros. Rory tem que ter paciência de Jó pra aguentar essa amizade, mas depois a gente vê que Paris é assim pela necessidade de chamar atenção depois de se dar conta que seus pais estão sempre ocupados demais cuidando de outros assuntos e não dando a mínima pra ela. Sua imagem de mãe é sua babá, e ela ter ido na formatura da garota prestigiar e sentir orgulho de quem ela criou, e vendo onde ela conseguiu chegar, é muito bonito de se ver.

Enfim, já disse antes e repito: Gilmore Gils não é minha série preferida, mas tenho que concordar que ela rende momentos de descontração e até reflexão sobre os dramas que envolvem todo tipo de relacionamentos familiares e amorosos.

Resumo do Mês - Outubro

1 de novembro de 2019


Esse mês foi meio conturbado, mas entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Precisei dar uma pausa nas vendas dos meus livros e acabei ficando bastante atolada aqui. Fiquei super apertada de grana e agora vou ter que me virar nos 30 pra recuperar o tempo - e o dinheiro - perdido.

Como eu já disse várias e várias vezes nesses posts de resumo do mês, que às vezes uso até pra dar uma desabafada básica, eu ando bastante esgotada, física e mentalmente, por conta das tarefas de casa, das crianças, e da minha rotina corrida e muitas vezes desesperadora de mãe e dona de casa. Esse mês levei o Ian numa consulta com a pediatra, depois de mais de um ano sem fazer controle da criança, porque suspeito que ele seja hiperativo, já que não dá um segundo de sossego. Ele foi encaminhado pra uma psicóloga pra que seja feita um acompanhamento e uma avaliação, mas o que me deixou mais em choque nessa consulta dele foi que eu também saí de lá com um bendito encaminhamento, pois segunda a médica, se eu não fizer uma terapia pra me ajudar a por minha cabeça no lugar, eu não vou ter condições de lidar com ele também já que claramente eu não estou só esgotada, como também afundada em depressão e sabe-se lá como eu ainda estou em pé. Fiquei com vontade de chorar, sim ou claro?

É incrível como as pessoas aqui de casa não enxergam o quanto ando cansada e não preocupam em ajudar em nada, quando uma pessoa desconhecida já consegue perceber isso numa simples conversa. Agora é reconhecer que preciso mesmo de ajuda pra lidar com essa confusão e esperar as consultas pra ver no que vai dar. Nunca na minha vida achei que passaria por algo do tipo, mas talvez seja uma boa antes que aconteça algo pior...

Enfim, não vou ficar me alongando muito e bora espiar o pouco que teve no blog doce esse mês que passou... Não pude me dedicar 100%, mas antes pouco do que nada.

♥ Resenhas
- A Heroína da Alvorada - Alwyn Hamilton
- A Incendiária - Stephen King
- Nocturna - Maya Motayne

♥ Na Telinha
- O Rei do Show
Coringa

♥ Wishlist
- Funkos de Emperor's New Groove
- Funkos de The Simpsons

Caixa de Correio de Outubro

Caixa de Correio #92 - Outubro

31 de outubro de 2019

Apesar de ter ficado com a sensação de que Outubro é o novo Agosto, que prendeu a gente igual aquele portão prendeu a tia distraída na garagem, e da metade pra cá não passou nunca mais, consegui adiantar algumas coisinhas que precisava e resolver um bando de pendências que andava acumulando na minha vida, mas, por causa disso, tive que dar uma pausa nas vendinhas dos meus livritos, e isso acabou me deixando sem um mísero centavo. Agora é recuperar o tempo perdido e voltar a postar as fotos no insta do bazar pra alavancar tudo de novo, e seja o que Deus quiser.

Esse mês recebi só dois livros, mas são suficientes porque eram mais do que desejados ♥
Os pops, claro, fizeram minha alegria, principalmente porque alguns deles estavam no redirecionador lá nos EUA já fazia quase 1 ano, e agora que tô pedindo os abençoados aos poucos. Achei que fosse chegar só mês que vem, mas algum milagre divino fez o correio agilizar minha vida, e a entrega foi feita em míseros 8 dias corridos dos EUA pra cá! É pra glorificar de pé, né, igreja? Bora ver o que chegou, então:

Wishlist #78 - Funko Pop - The Simpsons

24 de outubro de 2019

Essa wishlist demorou eras pra sair, quando deveria ter sido umas das primeiras a ter sido postada, mas, pelo menos, com os últimos lançamentos, ela já fica atualizada pra facilitar minha vida.
Já devo ter dito em algum momento que sou uma super fã de Os Simpsons. Coleciono os DVD's das temporadas (que pra minha tristeza eterna pararam de ser lançadas), tenho canecas e outros perequetês desse universo amarelo e cheio de rosquinhas. Os primeiros pops da franquia já foram lançados há alguns anos, são raríssimos e por isso MUITO caros, na faixa dos 4 dígitos cada um! Já os demais ainda estão num preço acessível. Claro que sonhar em completar essa coleção hilária não custa nada, mas num futuro, mesmo que distante, ainda vou ter toda a família.



Na Telinha - Coringa

21 de outubro de 2019

Título: Coringa (Joker)
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy
Gênero: Drama/Thriller
Ano: 2019
Duração: 2h 02min
Classificação: +16
Nota:★★★★★
Sinopse: Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.

Ok, embora eu não seja muito fã do universo da DC, não me contive quando anunciaram o lançamento de Coringa, filme este que se encarregaria de falar um pouco mais sobre as origens de um dos maiores e mais icônicos vilões dos quadrinhos até então.


Final dos anos 70. Arthur Fleck é um homem que sofre com um transtorno psicológico bastante peculiar. Ele não consegue controlar suas emoções, é esquisito e ri descontroladamente nos momentos mais inapropriados que se possa imaginar, despertando, assim, o desprezo, o preconceito e até a violência alheia por ele ser "diferente". Seu maior sonho era se tornar um palhaço para fazer as pessoas rirem, mas por causa de sua doença, as coisas não poderiam sair conforme o planejado.
Arthur mora com a mãe, que também sofre de transtornos mentais, e eles vivem uma vida miserável. Ele depende da ajuda do governo para tratar seu transtorno, mas tudo muda quando Gothan entra numa espécie de colapso político, e a verba destinada a saúde é cortada, deixando Arthur desamparado.


Isso acaba causando uma reação muito negativa em Arthur, que faz com que ele mate a tiros três completos imbecis que estavam assediando uma mulher no metrô e que reagem com violência a uma das crises de riso nervosas de Arthur, e o espancam sem piedade. Esses assassinatos, até então sem um suspeito, acabam desencadeando um movimento popular de extrema revolta em Gothan City, que, na época, era representada por ninguém menos que Thomas Wayne, o pai daquele que futuramente viria a ser o Batman, o pequeno Bruce Wayne. Essa luta de classes pela reivindicação dos direitos do povo é trabalhada de uma forma bastante orgânica, mostrando o contraste existente entre a elite e os pobres oprimidos que levaram Gothan ao caos, e, através desse conflito, o filme acaba dando um novo e original ponto de vista para a origem do Batman, sem nunca se desviar do foco de seu arqui-inimigo, e ainda brincando com os expectadores ao sugerir certos tipos de ligações entre os personagens que surpreendem demais.


Obviamente não é possível falar sobre o filme sem elogiar e aplaudir de pé a atuação magnífica de Joaquin Phoenix, que entregou ao público um personagem peculiar e totalmente doentio com a devida maestria. Além dos vários quilos que ele perdeu para interpretar o Coringa, sua atuação vai além do físico arqueado e pavoroso, chegando a ser perturbadora. É impressionante como ele conseguiu criar risadas diferentes para cada reação que ele tem, mas todas elas são tão maníacas quanto assustadoras.


Este personagem em particular foi construído sem maiores referências para que a história pudesse ser reinventada de uma forma original, mas ainda mantendo a sua essência. A doença de Arthur não é romantizada, ele é tratado como o doente mental que ele é, em que o lado real e obscuro enfrentado por ele sempre ficam em evidência; o seu ponto de vista deturpado, com direito à projeções do que ele idealiza, mas que nem sempre correspondem à realidade; e a forma como ele "abraça" sua loucura se tornando, assim, o Coringa. Sua personalidade é visceral, e é moldada de acordo com as experiências trágicas e amargas nessa sociedade imunda.


Inicialmente ele é apresentado como um homem fracassado, injustiçado, incompreendido, solitário e fraco, mas cada acontecimento trágico enfrentado por ele é responsável por uma mudança que acarreta numa transformação gradual, assim o personagem é desenvolvido no tempo certo e acompanhamos a evolução de alguém no fundo do poço e sem perspectiva alguma, para alguém que, em meio a loucura, ao caos e a anarquia, finalmente se encontrou, se libertou dessas amarras e se tornou tão ameaçador e perigoso.


O filme é impactante e reflete as piores consequências não só de um sonho que não pôde ser alcançado, mas de alguém que aprendeu a se alimentar do caos para espalhar o que há de pior sobre essa sociedade tão doente e podre quanto.
A gente sai do cinema pensando "meudeusdocéu, que espetáculo de filme sensacional". Uma obra prima, um dos melhores filmes da década, sim e com certeza.