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Osbert, O Vingador - Christopher William Hill

10 de abril de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: Osbert, O Vingador - Histórias de Schwartzgarten #1
Autor: Christopher William Hill
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Juvenil
Ano: 2015
Páginas: 266
Nota: ★★★★★
Sinopse: Schwartzgarten é um lugar estranho. À primeira vista, trata-se de uma cidade como outra qualquer, com casas, bancos e bibliotecas. Entretanto, por trás dessa aparência comum se esconde um passado sinistro, repleto de violência e batalhas sangrentas.
Para Osbert, que cresceu ali, a cidade não é tão esquisita assim. Ele está acostumado a passear todos os dias pelo cemitério e conhece várias histórias locais, mas nada disso parece influenciar negativamente o menino. Bem, pelo menos não até ele ser aceito no Instituto.
Considerada a melhor escola de Schwartzgarten, o Instituto é também um lugar cruel, comandado por professores sádicos, que gostam de torturar seus alunos. Caladas, as crianças aceitam as duras punições sofridas, e, com certeza, Osbert fará o mesmo... Certo?
Errado, muito errado! O menino é mais esperto do que todos imaginam e não pretende deixar os professores impunes. Pelo contrário: quer que eles paguem pela sua crueldade, da pior maneira possível. Eis que surge então Osbert, o Vingador, um justiceiro frio e determinado, disposto a destruir cada um de seus inimigos.
Nesta história de vingança e reparação, Christopher William Hill nos surpreende com um herói nada bonzinho e vilões que se transformam em vítimas. Um livro assustador e imprevisível, que certamente fisgará os leitores da primeira à última página. 

Resenha: Quando Obsert nasceu, o Sr. e a Sra. Brinkhoff queriam muito que ele fosse inteligente. Seu cabeção e testa alta foram recebidos com muito orgulho e alegria, mas, com o passar do tempo, se surpreenderam quando perceberam que ele não gostava de se relacionar com outras crianças nem se interessava pelas coisas fúteis da vida, preferindo se trancar no quarto para ler livros de física e álgebra. Sua inteligência ia além e por não ser exatamente o gênio que seus pais haviam sonhado, mas muito mais que isso, acabaram contratando uma especialista que pudesse ajudar Osbert e evitar que ele fosse tão anormal: Babá. Babá era uma mulher intimidadora e misteriosa que nunca se casou. Seu lema é "Faça com os outros antes que façam com você". Seus 12 últimos pretendentes tiveram as vidas interrompidas de modo pavoroso, mas Osbert não tinha a menor intenção de ser domado por ela, e a medida que se conheciam um pouco mais, principalmente quando Osbert encontrou uma garrafa verde com um símbolo de caveira e uma cruz de ossos nas coisas dela, acabaram aprendendo a guardar segredos e desenvolvendo um grande respeito um pelo outro.

Depois de muitos anos, o Sr. Brinkhoff ainda guardava uma imensa frustração por não ter sido aceito no Instituto quando criança. Observando o filho e sabendo de sua capacidade, decidiu que ele deveria tentar ingressar lá, pois se tratava da melhor escola da região, mesmo que fosse conhecida por seus apavorantes métodos de ensino com direito a tortura e diversos tipos de punições aplicadas pelos professores sádicos que lecionam lá. Osbert é aprovado no teste e ingressa no Instituto e ele acaba descobrindo que as história terríveis das quais havia ouvido falar eram mesmo verdade, inclusive que só as crianças mais inteligentes e espertas são aceitas para que sejam desencorajadas e humilhadas pelos tutores e pelo Diretor. No instituto, Osbert logo faz amizade com Isabella, uma garotinha bastante curiosa e tão inteligente quanto ele. Somente os dois conseguiram ser aprovados para o Instituto naquele ano no meio de todos que tentaram.

Em meio a castigos e gritos vindos de porões, Osbert desafia o intelecto dos professores que acabam não admitindo tal comportamento e se voltam contra ele. Ele acaba sendo expulso do Instituto mas resolve fazer justiça com as próprias mãos. A história de Schwartzgarten é carregada de mistério além de ser inegavelmente sangrenta. Que problema Osbert poderia causar, "involuntariamente", se um pouco mais de sangue fosse derramado?

Capa americana
Capas ilustradas que remetem a mistérios juvenis me deixam curiosa e me chamam muito a atenção, e optei pela leitura de Osbert, o Vingador sem pensar duas vezes. Posso dizer que me surpreendi muito do início ao fim. Ainda sobre a capa, fiquei muito satisfeita com a edição lançada no Brasil, pois a Bertrand conseguiu passar através dela a sombriedade que encontramos na história, com Osbert se esgueirando pelas sombras, tramando alguma coisa macabra. O detalhe do título em alto relevo com um efeito metalizado/furta-cor é um charme! A capa original não transmite essa sensação sinistra ao leitor e parece se tratar de um livro infantil. ►

O livro é narrado em terceira pessoa e o humor mórbido e negro presente na história é o segredo de seu sucesso. O autor brinca com a morte, com torturas cruéis, com acontecimentos absurdos, inacreditáveis, e com qualquer tipo de desgraça como se fosse algo natural. Talvez seja possível comparar as situações que encontramos na história com os costumes da própria "família Addams", ou até mesmo fazer comparações com situações de maus tratos infantis do filme "Matilda", em que ela e as crianças da escola são atormentadas pela professora troglodita e pela família maluca.

É terrível sim, mas a tragédia é carregada de humor exagerado, o que torna tudo muito engraçado e até mesmo inocente, pois é tudo muito cômico, beirando o tosco, e aí é que está a graça da história. Me peguei gargalhando em algumas cenas exageradas que são descritas com tanta perfeição que me senti assistindo ao vivo. A escrita do autor também é maravilhosa e ele usa de alguns floreios propositais em alguns trechos da narrativa para dar um clima ainda mais cômico, como a cena em que Babá atinge um idiota com uma beterraba e ele cai de cara na sarjeta.
Claro que os demais personagens, por melhores ou piores que sejam, foram todos muito bem construídos, cada qual com suas personalidades e particularidades próprias. Os que mais se destacaram pra mim foram Babá e o professor Lomm.

Osbert é um garotinho espirituoso e brilhante com uma mente fria e calculista. Os vilões acabam se tornando vítimas nas mãos dele. Um ponto bacana é acompanhar a evolução de Osbert em seus planos contra os professores até o final que é simplesmente fantástico. Ao fim do livro também podemos ver as notícias que saíram no jornal sobre os perigos que passaram a rondar a cidade.
Não acho que seja um livro para crianças. Pelo teor violento e até pela linguagem, indicaria para jovens adultos. Osbert me fisgou da primeira até a última página, e é uma leitura super agradável e obrigatória para quem quer descontrair e rir bastante, mesmo que ache a princípio a história estranha. A ideia é essa e o autor acertou em cheio!