Desaparecidas - Lauren Oliver

3 de dezembro de 2015

Título: Desaparecidas
Autora: Lauren Oliver
Editora: Verus
Gênero: YA/Thriller/Suspense
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: As irmãs Dara e Nick eram inseparáveis, mas isso foi antes - antes de Dara beijar Parker, antes de Nick perdê-lo como melhor amigo, antes do acidente que deixou cicatrizes no belo rosto de Dara. Agora as duas, que eram tão próximas, não estão mais se falando. Em um instante Nick perdeu tudo, e está determinada a usar o verão para conseguir sua vida de volta.
Só que Dara tem outros planos. Quando ela desaparece, no dia de seu aniversário, Nick acha que a irmã está se divertindo por aí. Mas outra garota também sumiu - Madeline Snow, de nove anos - e, conforme Nick procura pela irmã, fica cada vez mais convencida de que os dois desaparecimentos podem estar conectados.
Neste livro tenso e cativante, Lauren Oliver cria um mundo de intrigas, perdas e suspeitas, enquanto duas irmãs buscam encontrar uma à outra - e a si mesmas.

Resenha: Desaparecidas conta a história das irmãs Dara e Nick. As duas eram inseparáveis até Dara beijar Parker, o melhor amigo de Nick. A amizade dos dois se abala e tudo começa a se complicar ainda mais quando Dara sofre um acidente e elas deixam de se falar... Um ano depois Nick quer que as coisas voltem ao normal mas a partir daí, tudo se torna um enorme mistério já que Dara desaparece em seu aniversário. A príncípio Nick acha que Dara só está em seus momentos de rebeldia, fazendo o que quer, como sempre fez, mas quando Madeline, uma garotinha de nove anos, também é dada como desaparecida, Nick começa a se convencer de que, talvez, os sumiços possuem alguma conexão.

O único livro de Lauren Oliver que eu havia lido antes de Desaparecidas foi Delírio (lançado pela Intrínseca) e lembro de ter achado a história satisfatória. E comparando esses dois, já que não li os outros, é possível perceber o quanto a mudança de estilo pode impactar na nossa opinião. A autora desenvolve personagens que não são perfeitos, daqueles com quem podemos nos identificar, e a caracterização de cada um acaba fazendo com que o leitor tenha empatia por todos eles. A escrita é bem poética e floreada e sair de um romance distópico para um thriller cheio de suspense demonstra o quanto a autora não tem medo de se arriscar em novos territórios. Mas confesso que em alguns pontos achei que foram usadas algumas técnicas na narrativa que me pareceram um pouco forçadas e até mesmo exageradas. Não que isso seja de todo negativo, pois consegui repassar e visualizar as cenas com perfeição, e acho que essa facilidade indica que, independente do desenrolar da trama, o livro vai causar algum tipo de impacto no leitor.

A narrativa é feita em primeira pessoa e alterna entre os pontos de vistas de Nick e Dara, ora passado e ora presente, e enquanto a premissa gira em torno das duas irmãs que se afastam devido a inveja e rancor, o que parece ser algo bem genérico, é perceptível que, desde o início, a trama reserva algo além com a ideia do desaparecimento de Dara e Madeline, e não poderia ser diferente já que se trata de um thriller psicológico que, embora clichê, prende o leitor e o mantém curioso mesmo depois da grande revelação para que o mistério, enfim, possa ser desvendado e as coisas se encaixem.

As irmãs são o oposto uma da outra. Enquanto Dara era descolada e rebelde, bebia e fumava, se envolvia com o que não devia arrumando confusões e afins, Nick era a certinha que, por amor a irmã, vivia acobertando e encobrindo as coisas erradas de Dara. Uma gostaria de ser como a outra, mas nenhuma delas sabia do que se passava no íntimo de cada uma.

Um ponto bacana é que através dos diários, a história vai ganhando profundidade por podemos ver os sentimentos oprimidos além de termos uma ideia melhor de como era a relação tensa das irmãs, já que elas deixaram pra trás uma infância inocente para dar lugar às questões adolescentes que, na maioria das vezes, são bem frustrantes e difíceis.

O final é daqueles que faz com que o leitor fique em choque, que causa indignação, confusão e até raiva, principalmente quando se espera uma coisa mas a autora faz uma reviravolta e apresenta um outro tipo de situação. Ainda não decidi se gostei do final, mas posso afirmar que ele mudou bastante a forma como havia encarado o livroa té então.
O título fica aberto a interpretações e não poderia ser mais adequado.
A capa é muito bonita e até as rachaduras que ela possui como detalhe tiveram um significado pra mim.
A diagramação é simples, os capítulos são apresentados com data e o nome da personagem cujo ponto de vista será dado.

Desaparecidas é uma história de arrependimento e perdão numa situação caótica o bastante para que uma vida seja virada de cabeça pra baixo. A autora construiu uma trama inteligente que aborda a linha tênue entre dor e esperança de maneira bastante satisfatória. Recomendo.

A Bela e a Adormecida - Neil Gaiman

2 de dezembro de 2015

Título: A Bela e a Adormecida
Autor:  Neil Gaiman
Ilustrações: Chris Riddell
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Juvenil/Fantasia/Releitura
Ano: 2015
Páginas: 70
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em uma sombria e fascinante história, as mais queridas princesas dos contos de fadas são reinventadas de maneira brilhante pelo inglês Neil Gaiman e o ilustrador Chis Riddell.
Em A Bela e a Adormecida, uma jovem rainha é informada, na véspera de seu casamento, sobre uma estranha praga que assola as fronteiras do seu reino, um sono mágico que se espalha pelo território vizinho e ameaça os seus domínios. Na companhia de três anões, a rainha abandona o fino vestido da festa, pega sua espada e armadura e parte pelos túneis dos anões para o reino adormecido. Uma viagem repleta de ação e suspense que leva a uma surpreendente descoberta. Misturando o conhecido e o novo com perfeita sintonia, Gaiman cria mais uma obra repleta de magia e aventura capaz de hipnotizar o mais exigente dos leitores.

Resenha: A Bela e a Adormecida é uma releitura que mescla dois contos de fadas reinventados de uma forma genial pelo autor inglês Neil Gaiman. As ilustrações de Chris Riddell colaboram imensamente para que o livro possa ser considerado uma verdadeira obra de arte.

No conto, os nomes de personagens não são mencionados, mas sabemos de quem se trata devido a pequenas informações dadas no decorrer da leitura.
Uma jovem rainha está pra se casar e três anões decidem presenteá-la com a melhor e mais bonita seda do mundo, mas durante a viagem para conseguirem tal presente, eles são alertados de que uma jovem do reino pra onde estavam indo fora amaldiçoada quando nasceu, e a praga estaria se alastrando para os vilarejos vizinhos, fazendo com que todos caíssem em sono profundo. A jovem dormia em seu castelo e, embora muitos tenham tentado atravessar a floresta, todos falharam na tentativa de acordá-la de seu sono mágico pois nem ao menos conseguiram chegar até ela.
Temerosos, os anões retornam para contar à rainha sobre a maldição. Os anões acreditavam que a experiência da rainha de ter dormindo por um bom tempo poderia ajudar para que tal maldição fosse quebrada, tirando a princesa de seu sono eterno. Ela deixa seu vestido fino e delicado de lado, veste sua armadura, empunha sua espada, e, na companhia dos três anões, parte para o reino adormecido.


O trabalho gráfico é maravilhoso e bastante requintado. O livro é grande e em formato hardcover. A jacket possui transparência de forma que a ilustração da capa apareça e os detalhes nas ilustrações internas são dourados. As ilustrações de Chris Riddell possuem traços finos, por vezes emaranhados já que são só contornos e somente alguns detalhes são preenchidos com dourado, mas revelam as expressões dos personagens de maneira incrível e realista.


A Bela e a Adormecida já andava sendo bastante comentado, principalmente pela ideia de que quem tira a donzela de seu sono eterno com um beijo não seria um príncipe, afinal, porque as mulheres devem ser salvas por homens? E porque, obrigatoriamente, deve haver amor nessas questões?
O feminismo fica explícito quando Gaiman quebra tais paradigmas e cria uma releitura com um ar sombrio, cheia de originalidade e que surpreende bastante ao trazer duas personagens conhecidas numa versão inédita e livre de estereótipos, afinal, quem esperaria por uma rainha, aparentemente delicada e passiva, que é determinada em suas decisões e busca a solução para os problemas com coragem e bravura sem depender de nenhum príncipe encantado?

Recomendo pra todos aqueles que gostam de releituras de contos que, de forma moderna e sem preconceitos, traz nas entrelinhas mensagens sobre a força das mulheres, a importância da amizade e o poder de escolha que todos podemos ter.

Resumo do mês - Novembro

1 de dezembro de 2015

O ano vai terminando a e correria aumenta pra me por louca da vida, como sempre.
Mas ainda assim a gente leva como dá, como pode e seja o que Deus quiser.
Novembro foi um mês mega apertado e houveram dias em que precisei programar posts retroativos pra preencher os dias de ausência, mas até que as leituras que tive foram proveitosas e entre mortos e feridos, todos sobreviveram.
Espiem o que teve no blog em novembro:

♥ Resenhas
- Quando Saturno Voltar - Laura Conrado
- Minha Julieta - Leisa Rayven
- Livro de Marcar Livros - Increasy Consultoria Literária
- O Retorno de Izabel - J.A. Redmerski
- Soldier: Leal até o fim - Sam Angus
- Alice no País das Armadilhas - Mainak Dhar
- Neve na Primavera - Sarah Jio
- A Lista - Cecelia Ahern
- Perdido - Maggie Stiefvater
- Baía da Esperança - Jojo Moyes
- Resta Um - Isabela Noronha
- Ovelha - Gustavo Magnani
- Vire a Página - Rebecca Beltrán
- Vida Após o Roubo - Aprilynne Pike
- O Projeto Ascendant - Drew Chapman
- Perdidos por aí - Adi Alsaid

♥ Tags
- Divertida Mente! Livros x Emoções
Hall of Shame Literário

Caixa de Correio de Novembro

Caixa de Correio #45 - Novembro

30 de novembro de 2015

Oie, gente!
Na correria pra colocar postagens e resenhas em dia quase esqueço da caixa!
Novembro foi um mês cheio de surpresas e livros divos que chegaram! Bora dar uma espiada?

Perdidos por aí - Adi Alsaid

29 de novembro de 2015

Título: Perdidos por aí
Autor: Adi Alsaid
Editora: Verus
Gênero: YA
Ano: 2015
Páginas: 294
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quatro jovens ao redor do país têm apenas uma coisa em comum: uma garota chamada Leila. Ela entra na vida de cada um com seu carro absurdamente vermelho no momento em que eles mais precisam de alguém.
Entre eles está Hudson, mecânico em uma cidadezinha, que está disposto a jogar fora seus sonhos de amor verdadeiro. E Bree, uma garota que fugiu de casa e curte todas as terças-feiras — além de algumas transgressões ao longo do caminho. Elliot acredita em finais felizes... até sua vida sair totalmente do script. Enquanto isso, Sonia pensa que, quando perdeu o namorado, também perdeu a capacidade de amar.
Hudson, Bree, Elliot e Sonia encontram uma amiga em Leila. E, quando ela vai embora, a vida de cada um deles está transformada para sempre. Mas é durante sua própria jornada de quase sete mil quilômetros através do país que Leila descobre a verdade mais importante: às vezes, aquilo de que você mais precisa está exatamente no ponto onde começou. E talvez a única maneira de encontrar o que você está procurando seja se perder ao longo do caminho.

Resenha: Perdidos por aí, escrito pelo autor Adi Alsaid é um livro composto por um conjunto de cinco histórias curtas sobre quatro jovens ao redor do país, Hudson, Bree, Elliot e Sonia. A única coisa que eles têm em comum é Leila, uma adolescente texana que resolveu viajar em seu velho Plymouth Acclaim e acaba se esbarrando com cada um deles em sua longa viagem rumo ao Alasca a fim de fotografar a aurora boreal para, segundo ela, um projeto do colégio.

Observação: Como vocês verão a seguir, optei por separar a resenha em partes, destinando um pequeno resumo seguido da minha impressão das histórias individuais dos personagens, mostrando o que pude absorver de cada uma delas. A resenha ficou imensa (acho que a maior que já escrevi na vida), mas vale a pena ser lida, confiram:

Hudson
A primeira história é a de Hudson, um jovem mecânico que mora em Vicksburg, Mississipi e que trabalha na oficina do pai reparando carros. Ele sonha com uma bolsa de estudos para que possa fazer faculdade de medicina e ter um futuro. Na manhã do dia seguinte ele teria uma entrevista com o reitor da faculdade. Até que Leila vai até a oficina pois seu carro andava fazendo muito barulho, saindo de seu trajeto com a desculpa de que Hudson seria o melhor mecânico da região.
Obviamente o garoto não deixa de reparar em como Leila é bonita e chama atenção, e conversa vai, conversa vem, eles resolvem dar um passeio pela cidade para que ela pudesse conhecer os pontos turísticos e acabam tendo um breve envolvimento romântico que marcaria a vida dele pra sempre.

Esta primeira história, na minha opinião, faz com que o leitor reflita sobre oportunidades e acasos, pois nem sempre perder o que desejamos significa o fracasso. Às vezes, acreditamos que algo é o melhor, mas no fundo aquilo pode ser uma coisa que não queremos de verdade, só não nos damos conta até que algo aconteça para nos fazer enxergar, mesmo que de forma tardia. Temos que investir no que gostamos para vivermos os nossos próprios sonhos em vez dos sonhos dos outros...

Bree
A segunda história é a de Bree, uma jovem aventureira que caminhava pelo acostamento de uma estrada no Kansas. Eis que Leila surge com seu carro velho e vermelho na estrada e oferece a carona que Bree precisava. Ao questionar sobre sua história, Leila descobre que Bree é o tipo de garota que vive cada dia como se fosse o último, gosta da adrenalina e gosta de se sentir viva, nem que pra isso tenha que transgredir algumas leis de vez em quando.
Depois de ter fugido de casa há alguns meses por ter se desentendido com sua irmã mais velha, Alexis, Bree não pensa em mais nada a não ser se jogar no mundo e fazer o que tem vontade quando e como quer.
Quando as duas se metem em encrenca, só uma pessoa poderia ajudá-las, e, a partir daí, revelações e sentimentos enterrados há muito tempo acabam vindo à tona.

A história de Bree é triste e confesso ter ficado com os olhos cheio de lágrimas. Bree é uma adolescente imprudente que só pensa em si mesma. Ela nunca considera que suas atitudes podem magoar alguém e acredito que muitas vezes isso acontece na vida real, com pessoas próximas ou com quem nos importamos muito. Mas também acredito que, às vezes, certos tipos de comportamentos não passam de mera fachada. Há pessoas que se apegam à coisas que elas pensam que precisam ou gostam, quando na verdade estão mascarando seus sentimentos para não assumirem que são humanas e passíveis de erros, fingindo serem quem não são, e a história de Bree reflete exatamente esse tipo de situação.
Existem problemas que são reversíveis, magoar aqueles que queremos bem não é a solução pra nada, e quando há oportunidade para voltar atrás, nem que pra isso seja necessário engolir o orgulho, ser humilde e fazer um pedido sincero de desculpas, não se deve pensar duas vezes. As coisas se ajeitam, basta que os erros sejam reconhecidos...

Elliot
Elliot levou um fora de Maribel durante o baile e ficou arrasado. A velha história do "cara, eu gosto de você... como amigo". Andando pelas ruas de Minneapolis, Minnesota, ele sentia que a cidade inteira ria da sua desgraça, sua única vontade era encher a cara de uísque a fim de tentar esquecer que seu coração fora destruído e voltar para Burnsville o mais rápido possível. Até que ele foi vitima de um quase atropelamento, o desvio é rápido o bastante para não acertá-lo em cheio, mas o retrovisor do carro acaba acertando sua garrafa espalhando cacos pra todo lado e fazendo sua mão sangrar muito. A caminho do hospital ele descobre quem é a motorista que "quase o matou" mas, não deixou de prestar-lhe socorro mesmo contra sua vontade: Leila. Ela então fica curiosa por saber um pouco mais da história de Elliot e o motivo dele ter estado na sarjeta, bêbado e quase fora de si, e quando descobre que o problema era uma triste desilusão amorosa, um caso de amor não correspondido, ela decide ajudá-lo a encontrar Maribel com seus planos mirabolantes para que ele pudesse conquistá-la. E os dois partem a procura dela noite adentro com a ideia de que finais felizes existem, pois Elliot acredita neles.

Elliot representa muito bem aquele momento quando pensamos que tudo está perdido porque a pessoa por quem somos apaixonados há anos e anos não corresponde aos nossos sentimentos... Mas será que está perdido mesmo?
Penso que sofrer uma primeira e única desilusão amorosa não significa que o mundo acabou e iremos morrer encalhados depois de vivermos a vida criando gatos. Quando se é jovem e se tem a vida inteira pela frente, descobrimos que nem sempre o amor é um só, e se ele não puder ser encontrado em uma pessoa específica, não quer dizer que não será encontrado em outra, ou em outra, ou em outra... O que é nosso está guardado e quando vem, desde que seja verdadeiro, é pra ficar...
Talvez um "não" não signifique o fim. Talvez seja exatamente o que precisamos ouvir no momento para descobrimos uma força dentro de nós que é responsável pelo impulso que precisamos para lutar pelo que achamos que vale a pena. Assim podemos nos conhecer melhor, saber do que somos capazes e, quem sabe, surpreender muita gente por aí...

PS.: Nota para o fato de que Elliot é um grande fã de músicas e filmes dos anos 80, logo a história dele me trouxe uma nostalgia bastante doce sobre essa época, principalmente quando ele menciona filmes como "Curtindo a Vida Adoidado" e canta na festa se sentindo o próprio Ferris Bueller! Genial!

Sonia
Sonia não consegue esquecer Sam. Ela namorou com ele durante dois anos, mas o rapaz sofreu um colapso num jogo de basquete e não resistiu. A partir daí Sonia ficou com o coração em pedaços e os laços dela com a família de Sam se estreitaram ainda mais.
Sete meses depois, em Hope, uma cidadezinha de British Columbia no Canadá, Sonia partiu para o casamento de Liz, que era irmã de Sam, e, diante disso, se sente uma completa traidora por ter deixado Jeremiah, o irmão mais novo do noivo de Liz, entrar em sua vida depois de tão pouco tempo.
Embora os momentos que Sonia passe com Jeremiah sejam intensos e os dois se gostem muito, ela se sente culpada pela memória de Sam, incapaz de continuar a seguir com sua vida e assumir que encontrou o amor em outra pessoa por medo de ser rejeitada pela família. Jeremiah não aguenta mais manter esse relacionamento em segredo e caso Sonia não assuma em público que eles estão juntos, ele prefere por um fim nessa história.
Inconsolável e sem saber o que fazer, ela sai praticamente sem rumo e ao chegar numa loja de conveniência, se apoia num carro e começa a chorar. Leila, a dona do carro, pergunta se está tudo bem e lhe oferece ajuda. Sonia só quer ficar longe daquele lugar e Leila lhe dá uma carona, mas depois de atravessarem a fronteira de volta para os EUA, ela enfim atende as insistentes ligações de Jeremiah, que havia ligado pedindo que ela voltasse pois as alianças do casamento estavam no bolso do casaco que ela estava usando. O problema é que, quando o assunto é atravessar a fronteira de um país pra outro, as coisas não são tão simples quanto parecem e as duas acabam embarcando numa grande aventura para tentarem voltar pra Hope.

O que as pessoas vão pensar das nossas escolhas importa até que ponto? Sonia é uma boa pessoa e nunca quis magoar ninguém. Ter se envolvido com Jeremiah poucos meses após a morte de Sam não quer dizer que ela é uma vagabunda insensível. Ela perdeu o namorado mas isso não significa que ela tivesse obrigação de viver infeliz, num luto eterno, em vez de seguir em frente. Não é porque perdemos uma pessoa querida que ela deixará de ter um lugar especial em nossos corações. Dar uma nova chance ao amor quando se decide seguir em frente não fará com que o lugar daquela pessoa seja substituído. Pessoas passam pelas nossas vidas, muitas aparecem pra ficar, outras se vão, mas nenhuma delas é substituível. A vida segue e o que se vive com alguém permanece enquanto a memória permitir.

Leila
Leila é um completo mistério desde o início. Ao acompanhar as histórias de Hudson, Bree, Elliot e Sonia percebemos que a garota tem bastante curiosidade pela vida deles e se desdobra para fazer alguma diferença enquanto também vivencia momentos memoráves, mas não fala nada sobre a sua própria história. E agora os reais motivos que a levaram ao Alasca em busca da aurora boreal vem à tona.
A viagem de Leila dura alguns poucos meses, mas os momentos que ela tem com cada personagem são curtos, geralmente acontecem de um dia pro outro até ela ir embora.

Sem dar spoilers, só posso dizer que me emocionei muito com a história de Leila, por tudo o que ela precisou enfrentar sendo tão jovem. Mas se inteirar da vida de desconhecidos com intuito de preencher buracos, embora isso possa servir de exemplo e experiência, não faz com que tais vivências sejam nossas e, talvez, só nos damos conta de que temos que nos agarrar ao pouco que temos para construir nosso futuro, quando nos perdemos. Só assim podemos nos encontrar... A vida vai nos surpreender, é certeza...

Analisando o livro de forma geral
O livro é narrado em terceira pessoa e a leitura é super leve e gostosa de se acompanhar. As descrições dos cenários também são feitas com perfeição e a sensação é de estar viajando junto com Leila. Ao longo das histórias conhecemos esses adolescentes e como eles tiveram a vida mudada quando ela aparece num determinado momento em que eles realmente precisavam de ajuda para abrirem os olhos para o que estavam passando. Confesso que esse ponto me soou um pouco surreal, pois uma adolescente disposta a qualquer coisa pra ajudar um desconhecido aparecer do nada, ou estar sempre no momento e no local exato em que alguém com problemas precisa, não convenceram tanto assim, mas se analisarmos as histórias de forma individual, percebemos que, às vezes, o que acontece é exatamente isso. Pra mim isso mostrou que por mais breve que alguém passe por nossas vidas, nada acontece por acaso e talvez essa passagem aconteça só pra enxergarmos com clareza o que está diante de nós mas não víamos seja pelo motivo que for.

A capa é uma graça e mostra o carrinho vermelho de Leila percorrendo uma estrada. A diagramação é simples, cada história traz o nome do personagem da vez e pelo fato de os capítulos serem poucos, a leitura é feita em questão de poucas horas. Ao fim de cada história há um "cartão postal" enviado por Leila para alguém.

As histórias não tem tanto aprofundamento assim nos personagens a ponto de conhecermos todos eles tão a fundo, mas o pouco que conta já é o bastante pra servir de exemplo pra que a mensagem seja passada adiante. O final não foi tão previsível quanto imaginei. Ele reserva algumas boas surpresas e emociona. Só fiquei com uma leve impressão de que por mais que as histórias tragam mensagens profundas sobre perda, amor, amizade e esperança, elas têm um toque sutil de autoajuda que são capazes de fazer com que o leitor reflita sobre algumas situações reais que podem acontecer com qualquer um, inclusive com nós mesmos, mas as pessoas nem sempre param pra pensar se as escolhas e atitudes que tomam diante daquilo são as melhores.

O Projeto Ascendant - Drew Chapman

28 de novembro de 2015

Título: O Projeto Ascendant - Garrett Reilly #1
Autor: Drew Chapman
Editora: Record
Gênero: Ação/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Números não mentem. Governos, sim.
Garrett Reilly, aos 26 anos, tem poucas preocupações na vida: fumar maconha, jogar videogame e ganhar muito dinheiro como o melhor funcionário de uma corretora de Wall Street. Ele tem uma habilidade especial: reconhece padrões onde pessoas comuns veem apenas o caos. E é assim que percebe uma torrente de títulos da dívida pública do governo dos Estados Unidos sendo oferecida de uma só vez no mercado, o que causaria a ruína da economia norte-americana... Mas isso pode representar algo ainda mais grave.
Há uma guerra sendo travada, e ninguém foi capaz de notá-la. Quedas nas bolsas de valores, enormes desvalorizações imobiliárias, caos e destruição em servidores do Google. Sem dúvida, um inimigo poderoso está por trás de todas essas ações. E, para combater essa ameaça, as Forças Armadas precisam de alguém diferente, alguém preparado para desafios mais complexos em tempos mais difíceis. Em meio a um mundo de incertezas, resta a grande dúvida: seria Garrett Reilly o homem certo para salvar os Estados Unidos?

Resenha: Garret Reilly tem 26 anos e, além de ser mulherengo, obcecado por tecnologia e ter poucas preocupações na vida, já que vive fumando maconha e jogando video game, possui uma habilidade especial que faz com que ele seja o melhor funcionário da Jenkins & Altshuler, uma corretora de Wall Street em que trabalha: Ele possui uma incrível memória fotográfica e, sem esforço algum, consegue "ler" os números, decorando, hierarquizando, distribuindo em categorias, organizando e enxergando padrões de forma que tudo aquilo faça sentido e tenha significado. Não é nada que ele realmente quisesse fazer, mas sua cabeça simplesmente funciona assim e enquanto não consegue ver os padrões com clareza para descobrir do que se trata, se sente incomodado, cheio de formigamentos. Quanto mais claro o padrão fica após sua análise, mais relaxado e tranquilo ele ficava. A única outra forma dele se sentir relaxado e livre do tal formigamento era fumando maconha pois, ao ficar chapado, ele sentia que era uma pessoa comum e se via livre desse dom.

Num dia "monótono" de trabalho ele percebe um padrão ao analisar códigos referentes a títulos da dívida pública dos EUA. Os títulos estavam sendo vendidos em pequenos lotes e totalizavam 200 bilhões de dólares, o que causaria o caos na economia norte-americana. Tudo indicava que a China estava envolvida e a descoberta de Garret serve como um alerta que ajuda a impedir o início da ruína econômica. Mas isso é somente o início do que viria por aí... Quando a bolsa de valores começa a sofrer enormes quedas, o mercado imobiliário quebra e até os servidores do Google são destruídos, fica claro que há um inimigo poderoso lá fora... Uma guerra parece existir mas até agora ninguém havia sido capaz de perceber o que estava acontecendo, e com uma situação tão preocupante quanto esta, a solução seria o Projeto Ascendant, um programa experimental criado pelo governo. que precisava de alguém diferente para liderá-lo. Alguém como Garret. E ao lado de uma equipe composta por militares e civis, ele lidera o projeto e embarca na tarefa de salvar os EUA dessa guerra onde não se derrama sangue.

Antes de mais nada, acho importante frisar que O Projeto Ascendant está mais pra roteiro de um filme de ação do que pra uma obra literária. O autor inclusive é roteirista e sua carreira gira em torno da TV. É bem perceptível que os capítulos funcionam como tomadas de cenas, daquelas que sempre terminam de forma decisiva deixando quem assiste morto de curiosidade pra saber o que vem a seguir. Só achei que o autor peca pelo excesso na questão das descrições e detalhamentos quase aleatórios na narrativa. É estranho ler, por exemplo, que fulana se ajoelhou, tem 32 anos e fecha seus olhos castanhos, ou que ciclana é programadora, tem 1,63m, pesa 90kg e mandou alguém a merda. São muitos detalhes que se repetem e envolvem caracterização e cenários que são totalmente descartáveis e acabam tornando a leitura um pouco cansativa por não acrescentaram nada de realmente relevante, por mais que a história em si seja interessante.
Tendo isso em mente, e desde que se ignore esses pontos que poderiam ter sido melhor lapidados, é possível se deixar levar nesse mundo caótico e surpreendente que envolve política, guerras invisíveis e tecnologia tendo como cenário Wall Street, Las Vegas e até a zona rural da China

Garret é um personagem que vai despertar vários sentimentos e reação no leitor. Eu gostei dele, mas também desgostei já que mais exagerado do que ele nunca vi. Ele vive com raiva, odeia tudo e todos, não aceita receber ordens, é extremamente convencido, exibido e arrogante por se achar superior aos outros por causa da sua inteligência e percepção fora do comum, trata os outros com desdém e deboche, só se importa e demonstra interesse naquilo que lhe convém e o resto que se dane. Ele é completamente irritante com a "habilidade" que tem de saber quem é, o que quer, de onde veio, pra onde vai e o que a tal pessoa faz da vida só de bater o olho nela e analisar suas roupas, postura, modo de falar e afins... Os padrões com os quais ele lida são se limitam a apenas números e códigos.
A impressão que tive é que ele foi construído nessa forma de anti-herói para fugir do estereótipo de mocinho, mas caiu em outro estereótipo: Algo como "ele é odioso, mas a salvação dos EUA está nas mãos desse maconheiro genial. Aceitem que dói menos, bitches."

Assim, ele é apresentado como alguém insuportável, um completo idiota, mas tirado e fodástico o bastante pra despertar - de uma forma meio forçada - nossa simpatia.
Os demais personagens, apesar de terem a devida importância na trama, também são bastante batidos e Alexis, uma militar aparentemente durona, obviamente não resiste aos "encantos" desse maluco, talvez pra dar um ar de romance na história e fugir um pouco de tanta tensão/ação. Clichê...

Uma coisa que percebi é que o autor parece entender bastante, ou ter pesquisado muito, sobre economia e tecnologia. As cenas são bastante autênticas, mas um leitor sem muita noção sobre situações que envolvam o mercado acionário, tesouro público e a bolsa de valores, por exemplo, pode ficar um pouco confuso com termos utilizados e até a forma com que os personagens se preocupam com o caos que se instala ali. É necessário uma atenção maior durante a leitura devido a complexidade da trama.
É uma boa história e faz com que o leitor reflita sobre o quanto a mídia e o governo fazem de tudo para manter o povo alheio e ignorante a assuntos importantes e que afetam a vida de todos, direta ou indiretamente, abordando elementos como as consequências de se impedir cidadãos de seus direitos em nome da "segurança", os estragos que um hacker é capaz de fazer quando invade e manipula sistemas de utilidade pública e até a questão dos trabalhadores de países subdesenvolvidos e a mão de obra escrava que fornecem para grandes potências.

Indico pra quem gosta de livros no estilo de autores como Dan Brown, cujo ritmo é frenético, possui toques de bom humor e mostra conspirações e situações mirabolantes que meros mortais jamais pensaram que pudesse existir. Mas indico ainda mais pra quem gosta de filmes como A Identidade Bourne (Matt Damon), A Rede (Sandra Bullock) e até Busca Implacável (Liam Neeson).
Eu gostei do livro e recomendo, e ao saber que os direitos da obra foram comprados pela Fox para uma futura série de TV, fiquei muito mais curiosa por este formato em especial.