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Na Telinha - Raya e o Último Dragão

11 de março de 2021

Título: Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon)
Elenco: Kelly Marie Tran, Awkwafina, Gemma Chan, Alan Tudyk, Daniel Dae Kim, Sandra Oh
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura/Distopia
Ano: 2021
Duração: 1h 57min
Classificação: Livre
Nota★★★★★
Sinopse: Há muito tempo, no mundo de fantasia de Kumandra, humanos e dragões viviam juntos em harmonia. Mas quando uma força maligna ameaçou a terra, os dragões se sacrificaram para salvar a humanidade. Agora, 500 anos depois, o mesmo mal voltou e cabe a uma guerreira solitária, Raya, rastrear o lendário último dragão para restaurar a terra despedaçada e seu povo dividido. No entanto, ao longo de sua jornada, ela aprenderá que será necessário mais do que um dragão para salvar o mundo – também será necessário confiança e trabalho em equipe.

Kumadra era o verdadeiro paraíso. Há 500 anos a terra era fértil, abundante, e humanos e dragões mágicos coexistiam na mais perfeita harmonia. Os dragões ajudavam os humanos trazendo água, chuva, e paz. Mas um dia a terra foi ameaçada pelos Druun, criaturas sombrias que se multiplicavam como pragas, e não causavam só a destruição, mas consumiam a vida de quem cruzasse seus caminhos, as transformando em pedras.
Os dragões, então, se sacrificaram para salvar a humanidade, e a única coisa que restou após a batalha foi a Jóia do Dragão, artefato mágico criado com o poder dos dragões, e capaz de destruir os monstros. A batalha se tornou uma lenda, e Sisu ficou conhecida como o dragão que derrotou os Druun e salvou Kumandra. Porém, em vez dos humanos darem valor ao sacrifício feito pelos dragões e manterem a paz e a harmonia, eles se tornaram inimigos, se dividiram em tribos, traçaram fronteiras para separar Kumandra em reinos distintos, e passaram a lutar pela posse da Jóia.



Com tantos conflitos, Kumandra deixou de existir como um único reino, e cada sub reino formado desenvolveu suas próprias características que os tornaram únicos: O deserto escaldante de Cauda está cheio de mercenários perigosos; Garra é um mercado sobre as águas habitado por lutadores muito ágeis; Presa é protegida por assassinos e gatos gigantes tão perigosos quanto seus donos; a floresta fria e sombria de Coluna é guardada por temíveis guerreiros; e Coração é o reino da paz, onde há abundância e prosperidade, e é onde a Jóia está escondida.



Agora, Chefe Benja, guardião da Jóia (e também pai de Raya), numa tentativa de unir as tribos e retomar a paz, convoca todos os cinco reinos afim de tentar fazer com que entendam de uma vez por todas que é preciso união e confiança entre os povos para que Kumandra volte a existir, caso contrário, a desconfiança e o ódio só os levarão à ruína, porém nada do que foi planejado correu como deveria, e a história de 500 anos atrás, se repetiu: os Druun ressurgiram causando devastação e transformando todos em pedra.
Seis anos depois, em meio a um cenário árido e distópico, Raya, junto com seu inseparável tatuzinho Tuk Tuk, passou a explorar o que sobrou das terras, enfrentando perigos e procurando nos rios qualquer vestígio de Sisu, numa tentativa secreta de encontrá-la e, com a ajuda dela, trazer todos aqueles que foram petrificados de volta, mas Namaari, sua adversária de Presa, sempre vai estar em seu caminho.



Como de costume, toda animação da Disney se passa em algum lugar fictício com características culturais muito marcantes de lugares reais, e Raya e o Último Dragão não é diferente. Baseado na cultura de países do sudeste asiático, como Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas, entre outros (obrigada pela cola, Wikipedia), o longa evidencia comidas típicas, fenótipos, vestuário e afins desses países. Os próprios dubladores têm características físicas orientais, tanto por serem asiáticos ou por serem descendentes de um.
A história gira em torno do tema confiança e união entre as pessoas, e o que a falta delas causam na vida. A construção de mundo é incrível e a ideia de reinos distintos lembra muito a sociedade de Zootopia, e é impossível controlar a vontade de saber mais detalhes sobre o modo de vida, como e porquê as pessoas se tornaram tão egoístas, e o que mais fazem além da descrição inicial que os resume.



O cenário e os gráficos em si são um dos mais bonitos já vistos numa animação, desde as texturas dos elementos, a luz do sol que entra por uma fresta, a chuva molhando alguém, a sincronia da fala e o movimento da boca dos personagens e, principalmente, os detalhes que diferenciam cada indivíduo de forma que não pareçam todos iguais, como acontece em outras animações. Mesmo que o mundo esteja desolado, ainda é possível enxergar beleza pois ainda há esperança. Cada ambiente traz uma paleta diferente que combina muito bem com a proposta daquele reino, como por exemplo, a floresta gelada de Coluna que é cinzenta, o deserto de Cauda que é bem alaranjado, e o verde que pode representar uma vida próspera é bem evidente em Coração. O recurso de alternar o estilo gráfico quando alguns detalhes aparecem para explicar melhor a história também é ótimo e super dinâmico.



Os personagens também são ótimos e tem arcos e papeis importantes no desenrolar da trama, mas o maior e mais legal de todos, com um contraste bem evidente, é entre Raya e Sisu. Embora elas queiram a mesma coisa, a forma como encaram a vida e resolvem suas questões é totalmente oposta uma da outra. Raya não confia em ninguém, não consegue mais enxergar o melhor nas pessoas porque ali é cada um por si, ela é amargurada por ter sido traída no passado e acaba usando isso como um tipo de escudo para impedir que os outros tentem se aproximar. Ela já começa se mostrando alguém forte, mesmo que quebrada, sempre fica de cara fechada, é uma guerreira solitária e destemida, sem tempo a perder, e nada nem ninguém vão impedir que ela alcance seu objetivo de salvar o pai. Raya tem um coração enorme, mas as decepções que teve fazem com que ela não demonstre isso. Talvez ela aparente ser um tanto individualista, e até desprovida de qualquer pinguinho de otimismo, mas ela aprendeu a ser assim devido as circunstâncias.



Sisu é oposto, tanto no visual quanto na personalidade. Ela inclusive destoa bastante dos demais personagens, como se não combinasse com o padrão da animação, mas acredito que ela foi criada dessa forma, colorida, iluminada e radiante, justamente pra mostrar a diferença e o abismo que há entre pessimismo e otimismo, amargura e bom humor, raiva e alegria, cautela e vontade de dar uma chance, falta de fé e esperança. Ela quer ajudar a salvar o reino, mas é ingênua demais, sempre tenta enxergar o melhor nas pessoas por mais maldosas que aparentem ser, sempre está bem humorada e brincando mesmo quando não se deve, e quer provar pra Raya que ter confiança nos outros, independente de quem seja, é a melhor maneira de resolver os problemas e salvar o reino dos Druun. Mas, num mundo onde ninguém está disposto a ceder e nem a ouvir o que o outro tem a dizer, quando há lutas intermináveis para se conquistar algo para benefício próprio, e onde a ignorância deixa de ser uma benção para se tornar uma maldição, é difícil lidar... É difícil tomar decisões, e às vezes é preciso apenas seguir ordens, mesmo que no fundo fique claro que o medo de uma suposta retaliação é maior do que fazer a escolha certa. E é aí que entra a rival de Raya: Namaari.



Namaari, apesar de sempre estar no caminho de Raya tentando descobrir seus planos, perseguindo e atrapalhando ao máximo, não é uma vilã propriamente dita, ela só foi levada a acreditar em algo desde a infância em prol de seu povo, e acha que o caminho é sempre obedecer e lutar pelo que quer que seja, logo, embora eu tenha discordado total e ficado com ódio da forma como ela age, é compreensível pois ela tem um motivo que justifica o que ela faz. Inclusive um ponto interessante sobre a inimizade dos reinos vem do fato de que as vezes as pessoas acreditam naquilo que ouvem falar, mas que, claro, não necessariamente correspondem com a realidade...



Assim, Raya em companhia de Tuk Tuk, Sisu, e o grupo que elas formam a medida que avançam na missão, com integrantes de reinos distintos, incluindo uma bebê ninja e golpista com seus macacos delinquentes, um guerreiro que não parece saber lidar com os próprios sentimentos, e um garotinho que teve que aprender a cuidar de si mesmo, além de ajudarem com a carga dramática que vem ao final, vão tentar reparar esse estrago causado pela desunião dos povos, mesmo que Namaari insista em se intrometer, e mostrar que no meio desse caos, alguém precisa ceder e dar o primeiro passo pra mudança começar a acontecer.

Acredito que nessa animação não há um vilão do tipo clássico, que quer destruir o mundo, ou que quer dar um golpe e acabar com os mocinhos em busca de poder, acho que os Druun também não se encaixam como vilões, mas como uma consequência de péssimas decisões. O maior vilão aqui é o egoísmo, é a desunião, é a falta de diálogo, é a incapacidade de se chegar num consenso por só se pensar no individual em vez do coletivo. E cá entre nós, nos dias de hoje, com tanta tragédia acontecendo devido a essa pandemia tenebrosa, com a irresponsabilidade dos governantes que tiram decisões do bueiro, impõe qualquer absurdo e azar o povo, e com tanta gente imprudente a solta que não pensa em nada além do próprio umbigo, o que a gente vê na animação acaba indo mais além da ficção e da fantasia e é impossível não pensar que o fim está mesmo próximo... É literalmente cada um por si, e salve-se quem puder. E, talvez, pelo próprio estilo da animação, que remete a distopia e fim dos tempos, não teve espaço pra personagens sentimentais cantarolando empolgados e felizes e nem algum boy que possa sugerir qualquer interesse romântico, e aposto que mesmo se existisse ninguém estaria interessada, obrigada. 



A Disney, apesar de estar acertando demais, vem caminhando em passos mui lentos quando o assunto é representatividade LGBTQ+, e ainda acho que vai demorar um bom tempo até que os personagens realmente demonstrem explicitamente algum relacionamento, mas, não nego que a quebra total de estereótipos daquela típica princesa ingênua e indefesa (e sonsa), que espera pelo príncipe encantado, já é um grande avanço, e isso nos permite supor que Raya e Namaari possuem algo a mais que vai além da rivalidade, da luta pela sobrevivência e da busca pelos seus ideais. A química ali é inegável. Elas estão a anos luz de serem donzelas indefesas, elas metem a porrada mesmo, sem dó nem piedade, pisam duro, as lutas são brutais, beirando a letalidade, e, mesmo sabendo que a Disney jamais iria enfiar uma cena bizarra e sanguinolenta numa animação, as brigas de espadas causam uma apreensão danada, dando a impressão que a qualquer momento as tripas de alguém vão escorrer ou uma cabeça vai sair voando por aí.



O final é previsível, não vou negar, mas o rumo que a história toma até o desfecho é incrível, emocionante, cheia de significados, digna de reflexões. Chorei litros no final, chorei mesmo. É o tipo de desenho que eu posso ver e rever milhões de vezes sem cansar (igual Mulan XD).
Dito isso, só posso afirmar que, depois de Mulan, Raya se tornou a minha segunda princesa da Disney favorita, e depois dessa aventura cheia de ação e magia, acho difícil aparecer alguma outra que a desbanque. Quero todos os pops na minha mesa já.

Com estreia simultânea, Raya e o Último Dragão pode ser assistido nos cinemas (mas cuidado com a pandemia, gente!) ou no conforto de casa pela Disney+ pela incalculável bagatela de R$69,90 além da assinatura mensal do app de streaming. A partir de 23 de abril a animação entrará no catálogo e poderá ser assistida sem cobrança adicional.

Games - GRIS

21 de dezembro de 2020

Título: GRIS
Desenvolvedora: Nomada Studio
Plataforma: PC/Nintendo Switch
Categoria: Indie/Aventura
Ano: 2018
Classificação Indicativa: Livre
Nota: ★★★★★
Sinopse: Gris é uma jovem esperançosa, perdida em seu próprio mundo, que lida com uma dolorosa experiência.

Considerando algumas resenhas de games que fiz aqui no blog, acho que já deu pra perceber que gosto bastante de jogos de plataforma. E com este não foi diferente. Logo que bati o olho na thumb dele na Steam, já coloquei na minha lista de desejos sem nem saber direito do que se tratava. Fiquei encantada com o visual e afirmo com toda a certeza do mundo que valeu cada centavo investido. Com um design minimalista e toques delicados de aquarela, Gris foi umas das experiências mais intensas que tive com qualquer jogo nos últimos tempos e assim que finalizei tive que vir correndo aqui contar.

É difícil falar sobre um jogo quando a experiência com ele é tão pessoal e cada um é livre pra ter a própria interpretação do que vê, mas ainda posso afirmar que apesar de ser divertido e necessário usar a lógica para sair de alguns pontos particularmente difíceis, é impossível não lidar com um misto de emoções durante a jornada de Gris, principalmente quando entramos no tema da perda, do luto e da superação.



Gris é uma garota que, aparentemente, sofreu uma perda trágica e agora não está sabendo lidar com essa terrível situação. Ela está quebrada em milhões de pedaços, não tem mais forças, não tem mais voz, está perdida e se encontra num vazio total, sem vida e sem cor. Sendo assim, Gris vai abordar o luto e seus cinco estágios de uma forma tão sutil quanto sublime, por isso, se forem embarcar nessa (o que recomendo muito), preparem os lencinhos.



O cenário em si representa a própria mente e os sentimentos de Gris, e a medida que ela avança, vai mudando de cor, toma forma mas se quebra novamente, se afunda num abismo escuro e sombrio cada vez mais fundo, vira de cabeça pra baixo, mas sempre existe aquela luz, aquela estrela que está escondida em algum lugar que vai dar a ela forças e abrir o caminho, basta que ela se esforce pra encontrá-la e, assim, poder escapar dessa escuridão que está literalmente a engolindo. E enquanto Gris enfrenta alguns desafios, ela vai se recompondo enquanto adquire ou recupera habilidades que haviam sido perdidas nesse processo. O mais incrível é que às vezes ela precisa usar ou enfrentar exatamente aquilo que a assusta ou a persegue para conseguir superar um determinado desafio e conseguir avançar.



Sobre as mudanças de cores, é bem legal acompanhar os estágios pelos quais Gris está passando. O cenário começa cinza, que representa a negação, o vazio que ela sente pela perda sofrida. Logo em seguida muda para vermelho, a raiva, que lembra um deserto, árido e cheio de tempestades de areia que a empurram pra longe e tentam impedir que ela siga em frente. Nessa parte ela adquire uma habilidade nova que vai ajudá-la a enfrentar esse turbilhão de sentimentos sem se deixar ser levada pelo vendaval, e a cada nova fase, as cores associadas a sentimentos vão mudando e novas conquistas e habilidades vão sendo desbloqueadas.







Ela inclusive descobre a depressão, que é perfeitamente ilustrada por um oceano escuro, desconhecido e profundo onde ela mergulha. E cada vez mais que ela adentra a escuridão, parece que será cada vez mais difícil dela sair, mas ela percebe que tentar sozinha é muito difícil, e que sem ajuda e sem ter uma luz pra guiá-la, escapar dessa é impossível.



O intuito do jogo não é fazer com que a protagonista passe por perigos a ponto dela morrer ou coisa do tipo, mesmo que ela caia da maior altura que existe ou se enfie no buraco mais fundo ever. Não há nenhum fator aqui que faça com que Gris perca a vida ou fique presa sem ter como escapar, mesmo que a gente dê mil voltas, sempre vai ter uma saída, basta ter atenção pra resolver o quebra-cabeças. Talvez o ponto que não agrade tanto seja o fato de não haver muitos caminhos a serem explorados e o jogo ser bastante linear, ou seja, você vai pra frente, pra trás, pra cima ou pra baixo, o lugar onde se deve chegar sempre vai ser o mesmo, mas ainda assim, a arte faz com que todos os sentimentos dela sejam bastante evidentes e a jornada seja incrível.




Não dá pra deixar de falar da trilha sonora desse jogo. Sem ela eu tenho certeza que a experiência e a imersão não seriam as mesmas. As músicas se adaptam linda e perfeitamente ao cenário e vão se transformando conforme o progresso, e quando Gris finalmente recupera a voz e consegue cantar, minha gente, é difícil controlar as emoções...



Eu finalizei esse jogo emocionada, cheia de lágrimas nos olhos, tanto pela arte que passei contemplando durante essa jornada quanto pela forma sensível de superação de todas essas adversidades. E talvez essa experiência ainda seja mais intensa caso o jogador já tenha passado por algo do tipo. Em diversos momentos eu enxerguei a mim mesma e acredito que esse tenha sido o motivo de ter mexido tanto comigo.




Gris é uma obra de arte, a experiência é única, e a sensação que vai aflorar aqui vai fazer desse jogo algo simplesmente inesquecível.

Games - Anna's Quest

12 de novembro de 2020

Título: Anna's Quest
Desenvolvedora: Daedalic Entertainment
Plataforma: PC
Categoria: Simulação/RPG
Ano: 2015
Classificação Indicativa: Livre
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Anna's Quest é um jogo de aventura gráfica de 2015 desenvolvido e publicado pela Daedalic Entertainment. Segue a personagem-título Anna, enquanto ela tenta escapar de uma bruxa má e salvar seu avô moribundo. Com sua telecinese, uso incomum de instrumentos de tortura, habilidade para o improviso e a ajuda de uma raposa sombria, ela segue seu caminho dos picos da Montanha de Vidro à masmorra mais profunda.

Anna é uma garotinha que mora com o seu avô numa fazenda cercada por uma floresta bastante sombria. Ela sempre foi orientada por ele a não se aproximar da floresta, pois lá vivem criaturas malignas e perigosas. Essa preocupação do avô de Anna já começa a gerar curiosidade, pois não sabemos o que essas criaturas fazem e porquê.



Até que, misteriosamente, o avô de Anna fica muito doente e, apesar dela ter prometido pra ele que não iria até a floresta, ela decide atravessá-la para chegar ao vilarejo e conseguir algo para ajudá-lo, mas no meio do caminho ela é sequestrada por uma bruxa má que a prende numa torre a fim de realizar alguns experimentos para ativar um suposto poder telecinético que ela nem sabia que possuía, e é aí que o jogo começa, pois Anna precisa fugir dali o quanto antes, mas não sem antes resolver alguns enigmas que vão se encaixando e liberando novas coisas pra serem feitas.



Assim, lembrando o estilo de jogos de scape rooms mas com toques bem leves e coloridos que lembram uma historinha de conto de fadas infantil, Anna's Quest é um jogo de aventura point & click, bem bonito visualmente e com um plot muito interessante. Inicialmente os puzzles que devemos resolver para avançar os capítulos são simples, e com a ajuda do tutorial as coisas parecem ser bem fáceis. Mas, a medida que o jogo avança é preciso se atentar em muitas dicas e pistas a fim de fazer as combinações improváveis de itens a serem usados ou fazer as escolhas certas e nada óbvias para seguir adiante. O nível de dificuldade aumenta e algumas dessas tarefas não são muito claras, e a ideia de ficar muito tempo preso sem saber o que fazer e sem sair do lugar causa muita frustração no jogador.
Mesmo que a história seja rica e interessante, ela é longa, as coisas vão sendo reveladas aos poucos, há muito diálogo, muito texto e pra quem gosta de ir direto ao ponto, pode não gostar desse detalhe porque requer MUITA paciência.



No mais, com personagens cativantes, um visual bem convidativo e uma trilha sonora incrível, Anna's Quest mistura mistério com bom humor enquanto desafia o jogador com seus quebra cabeças tão simples quanto inteligentes.

Games - Eternal Hope - Prologue

28 de agosto de 2020

Título:
 Eternal Hope - Prologue
Desenvolvedora: Doublehit Games
Plataforma: PC
Categoria: Aventura/Puzzle/Indie
Ano: 2020
Classificação Indicativa: Livre
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Eternal Hope: Prologue é o primeiro ato desse jogo de aventura! Siga a história de um garoto que deve embarcar em uma jornada de amor e esperança em busca da alma de sua amada. Esta versão apresenta o início da aventura de Ti'bi, um garoto solitário que perdeu o amor de sua vida. Embarque em uma jornada incomum - uma que talvez possa trazer a alma de sua querida namorada de volta do Mundo das Sombras, um reino similar ao purgatório. Com a capacidade de viajar entre dimensões, você usará esse poder, juntamente com algumas mãos de seres de outro mundo, para resolver quebra-cabeças que acabarão levando você ao local de descanso final do seu amor no além. Visitar o Mundo das Sombras não é uma tarefa fácil, no entanto. Com criaturas corrompidas que habitam essa dimensão espelhada, você fará amigos - e muitos inimigos - ao longo do caminho, enquanto descobre segredos antigos, nenhum dos quais os vivos deveriam descobrir.

Numa das minhas andanças e fuxicos por novidades de games na Steam, me deparei com Eternal Hope - Prologue, que se trata de uma prévia do game completo - cujo projeto foi desenvolvido por brasileiros - que seria lançado em agosto de 2020 (e já foi inclusive). Como a versão é gratuita pra gente sentir o gostinho e saber o que esperar, lá fui eu testar pra ver se valeria a pena investir no próximo.




O jogo começa quando Ti'bi, que passou a vida inteiro sozinho, encontra uma garota, e descobriu o que é o amor. Anos se passaram, eles viviam felizes, mas, numa noite de tempestade, um acidente faz com que a garota caia do penhasco onde se conheceram, e Ti'bi fica sozinho outra vez. De luto, se sentindo vazio e totalmente perdido, ele continua vagando cabisbaixo e desolado até encontrar o Guardião das Almas, que explica que quando a garota morreu, sua alma foi fragmentada de forma que algo aconteceu, e agora ele se tornou um espírito enfraquecido o bastante para não conseguir continuar com suas tarefas. Assim, o Guardião propõe um acordo a Ti'bi: ele recebe parte dos poderes do Guardião, e deve coletar todos os fragmentos das almas que encontrar pelo caminho para que sua amada volte a vida. E assim, a jornada de Ti'bi começa.



O visual e os gráficos dispensam maiores comentários pois é de encher os olhos. Eternal Hope segue a mesma linha de Limbo no quesito gráfico, mecânica e jogabilidade, com exceção das cores. O jogo é em 2D, e embora os personagens sejam "sombras" e os objetos de interação do primeiro plano sejam escuros para fazer o contraste, o pano de fundo, que lembra bastante uma floresta mágica/mística com profundidade, formas geométricas e cheias de pontos de luz e animações brilhantes, tem uma paleta de cores predominantemente rosa e azul feat. um azul acinzentado que lembra um mundo bem upsidedown quando Ti'bi usa seus poderes recém adquiridos, e posso dizer que é maravilhoso e muito, mas muito bem feito. Os trechos onde a parte da perda de Ti'bi na história é contada, as imagens são diferentes, num estilo mais fofinho e cartunizado com toques de aquarela, e é bem bonito também.



Por se tratar de uma prévia, o jogo oferece três capítulos para podermos nos familiarizar com a mecânica do jogo e com a resolução dos puzzles para que Ti'bi avance. São capítulos curtos e com desafios relativamente fáceis, mas é impossível não morrer várias vezes por coisas bobas, seja por ainda não saber como passar de um obstáculo, por ainda estar pegando o jeito com os controles no teclado, ou seja por cair de pequenas alturas ou na água porque o bendito do boneco não sabe nadar (o que é meio duvidoso, por que como diabos alguém que mora na floresta há anos e anos, com lagos por toda parte, não sabe nadar?). Enfim, é aquele tipo de jogo que é preciso morrer pra aprender e ver o que deve ser feito pra sair dalí. No meio dessa peleja, algumas criaturas sombrias e aliadas ao Guardião acabam ajudando Ti'bi fazendo um leve/dando pezinho pra ele subir aqui e alí, e esses bichos e algumas plataformas só podem ser vistas quando ele ativa seus poderes, mas é fácil de se acostumar com essa alternância de visões, o que é mais complicado é que nem sempre as coisas são muito óbvias e é necessário quebrar um pouco a cabeça para resolver a fase.



Como o jogo é curtinho, não tem muito o que falar pois com poucos minutos já é possível chegar ao fim do prólogo e ter ideia do que o game completo vai oferecer. Talvez o que me fez não maximizar a avaliação foi o fato da história não ter muitas explicações e aprofundamento a ponto de não termos muita empatia por ninguém. Quem é Ti'bi? De onde veio? Por que não tiraram uns minutinhos para explorar pelo menos parte da personalidade dos personagens para que suas características fossem apresentadas? Quanto tempo exatamente seria a "vida inteira" que ele ficou sozinho até encontrar a garota? Será que ela tem alguma ligação com esse outro mundo sombrio para que sua morte e sua alma despedaçada afetasse as forças do Guardião?
São perguntas que pairaram pela minha cabeça e que não sei se vão ter respostas, e fiquei curiosa pra continuar e saber o que vai acontecer. Até então a trama em si, apesar de bem apresentada, ficou meio superficial. Não adianta o jogo ter gráficos bonitos se a história em si não é muito convidativa logo de cara, por mais forte e sentimental que aparente ser. Apesar disso, recomendo pra quem gosta de jogos nesse estilo e vou querer experimentar o game completo.

Harry Potter e o Cálice de Fogo - J.K. Rowling

18 de março de 2020

Título: Harry Potter e o Cálice de Fogo - Harry Potter #4
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2019
Páginas: 464
Nota:★★★★★
Sinopse: Verão, Harry Potter, agora com 14 anos, sente sua cicatriz arder durante um sonho bastante real com Lord Voldemort, o qual não consegue esquecer; três dias depois, já em companhia da família Weasley, com quem foi passar o restante das férias, na final da Copa Mundial de Quadribol, os Comensais da Morte, seguidores de Você-Sabe-Quem, reaparecem e alguém conjura a Marca Negra – o sinal de Lord Voldemort – projetando-a no céu pela primeira vez em 13 anos, causando pânico na comunidade mágica. Será que o terrível bruxo está voltando? Tudo indica que sim...


Resenha: Antes de voltar para Hogwarts, em seu quarto ano na escola, Harry, que agora está com quatorze anos, tem a chance de assistir a um jogo profissional entre Irlanda e Bulgária, na Copa Mundial de Quadribol. O que ninguém esperava era que o acampamento bruxo montado em volta do estádio fosse atacado por Comensais da Morte, nome dado aos seguidores do Lorde das Trevas. Quando a chamada "marca negra", é conjurada no céu de forma misteriosa, todos começam a temer a volta daquele-que-não-deve-ser-nomeado.
Como se isso já não fosse o bastante para preocupar a todos, o ano letivo já começa num clima bastante agitado. Olho-Tonto Moody, um auror que lutou contra bruxos das trevas no passado e se aposentou, foi convidado por Dumbledore a ser o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e os métodos dele são bastante peculiares.

Este ano, além do grande Baile de Inverno, Hogwarts vai sediar o Torneio Tribruxo, uma competição amistosa entre as três maiores escolas de bruxaria da Europa, e com isso vai receber Beauxbatons e Durmstrang. Pelas tarefas serem bastante perigosas, somente alunos com pelo menos dezessete anos podem se inscrever depositando seus nomes no Cálice de Fogo para tentarem concorrer a uma vaga de campeão e, assim, poderem competir no evento afim de demonstrarem suas habilidades adquiridas durante os anos de estudo, a coragem e suas capacidades de enfrentar o perigo.

Porém, de alguma forma inexplicável, Harry é escolhido pelo Cálice e se torna o quarto campeão que vai competir no Torneio Tribruxo junto com Cedrico Diggory, o primeiro campeão selecionado de Hogwarts; Fleur Delacour, campeã de Beauxbatons; e Viktor Krum, que além de ser o campeão de Durmstrang, também é o famoso apanhador do time profissional de Quadribol da Bulgária (de quem Rony é um grande fã). Assim, ele tem permissão para participar do torneio com intuito de descobrirem quem foi o responsável por inscrevê-lo e porquê. Será que Lorde Voldemort está por trás disso?

Diferente dos três volumes anteriores, este já começa com o primeiro capítulo dedicado a contar um pouco mais da família Riddle e alguns mistérios que cercam a morte deles, levando o leitor a um senhor, que, na época, foi o principal suspeito das mortes, mas ainda assim permaneceu como o fiel caseiro da família. Cinquenta anos depois, quando o velho percebeu uma movimentação estranha na casa, ele vai averiguar, vê um homem cuidando de uma criatura pavorosa, dona de uma cobra gigantesca, e acaba morto. Somente após essa cena trágica, vamos à casa dos Dursley, onde Harry continua levando aquela vida miserável com os tios, com a diferença que agora ele se aproveita da ideia de Sirius Black, seu padrinho "criminoso" que fugiu da prisão de Azkaban, possa fazer alguma coisa caso descubra que o afilhado está sendo maltratado, basta que o menino mande uma coruja pra lhe contar, o que rende alguns momentos bem engraçados com tio Válter apavorado de tanto medo de confrontar alguém dessa "laia". Os Weasley vão buscá-lo e todos partem rumo à Toca.

Narrado em terceira pessoa, é impossível não se empolgar com a leitura, com os detalhes desse universo mágico e fantástico e com o bom humor que a autora insere na história. Confesso que algumas passagens descrevendo detalhes de partidas de quadribol são bem extensas, um tanto cansativas e não acrescentam muito à trama de uma forma geral, a não ser reforçar a paixão dos bruxos por esse esporte e o quanto ele é importante em suas vidas, assim como o futebol, por exemplo, é para os trouxas.

Alguns pontos a serem destacados e que não podem ser vistos no filme (que foi bastante modificado pra adaptar o livro), é a presença de novos personagens que são bastante importantes pro desenvolvimento da história, como Winky, uma elfo-doméstico que é expulsa da família a quem serve (para sua completa desgraça) e vai trabalhar em Hogwarts, e o retorno de Dobby (a vergonha dos elfos por ter sido libertado e absurdamente exigir pagamento por seus serviços), o que acaba gerando a revolta de Hermione em ver o quanto essas criaturas são "exploradas" de forma injusta (na visão dela) a ponto de ela criar uma associação em prol dos direitos e da liberdade dos elfos-domésticos, o F.A.L.E., e sair militando exaustivamente por aí, tentando convencer os bruxos dessa nobre causa enquanto os próprios elfos, horrorizados com a decisão dela, só querem viver suas vidas servindo felizes e satisfeitos aos seus senhores da melhor forma possível.
Outros personagens também movimentam a história e prometem algo mais pro futuro, como a jornalista sensacionalista Rita Skeeter, Madame Maxime, diretora de Beauxbatons, e a abordagem de várias criaturas mágicas e novos feitiços que enriquecem ainda mais esse universo.

Assim, em meio a tantos desafios no torneio e na escola, tanta coisa nova pra se aprender, e diante dos conflitos internos que todo adolescente tem, este volume mostra o início do amadurecimento do garoto e também marca uma nova e terrível realidade para o mundo bruxo. Daqui pra frente, as coisas vão ficar bem mais pesadas e perigosas do que já estavam, não só para Harry e seus amigos, mas para toda a comunidade bruxa.


Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - J.K. Rowling

9 de março de 2020

Título: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - Harry Potter #3
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2018
Páginas: 336
Nota:★★★★★
Sinopse: Durante 12 anos o forte de Azkaban guardou o prisioneiro Sirius Black, acusado de matar 13 pessoas e ser o principal ajudante de Voldemort, o Senhor das Trevas. Agora ele conseguiu escapar, deixando apenas uma pista: seu destino é a escola de Hogwarts, em busca de Harry Potter. Neste livro o leitor estará mais uma vez mergulhando no mundo mágico de Hogwarts e participando de aventuras repletas de imaginação, humor e emoção, que repetem o encantamento proporcionado pelos livros anteriores dessa maravilhosa série de J. K. Rowling.


Resenha: Depois de aturar a irmã do tio Válter, tia Guida, que ficara hospedada por uma longa e eterna semana na casa dos Dursley, Harry se desentende com a intragável mulher por ela não parar de falar abobrinhas para humilhar o garoto, a transforma num balão que sai voando pelos céus de Londres afora, e foge de casa no meio da noite. No meio do caminho ele se depara com um enorme cão preto que parecia vigiá-lo, mas acaba sendo salvo pelo Nôitibus Andante, um transporte bastante peculiar que resgata bruxos que se encontram em casos de emergência. Harry vai para o Caldeirão Furado, no Beco Diagonal, e fica por lá até que as aulas comecem. Ao tomar o Expresso de Hogwarts, Harry, Rony e Hermione se deparam com uma das criaturas mais malignas que habitam no mundo, os Dementadores, seres sombrios que se alimentam da felicidade das pessoas e guardam a Prisão de Azkaban.


Os Dementadores estavam vasculhando o expresso em busca do notório assassino e partidário do Lorde das Trevas, que fugiu da prisão, Sirius Black. Os rumores contam que Sirius, além de ter sido acusado de matar treze pessoas e ter destruído um bruxo de nome Pedro Pettigrew, e que a única coisa que sobrou do coitado foi um único dedinho encontrado, foi o maior responsável pela morte de Lílian e Tiago Potter, os pais de Harry, quando ele os traiu e os entregou a Lord Voldemort. E agora, com sua fuga de Azkaban, ele iria atrás de Harry para, enfim, terminar o serviço.


Agora, em seu terceiro ano em Hogwarts, Harry vai lidar com os novos desafios e matérias da escola, vai ter Hagrid como o novo professor de Trato das Criaturas Mágicas, a excêntrica Sibila Trelawney como a professora de Adivinhação, o misterioso Remo Lupin como o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas (nenhum professor dura mais de um ano nesse cargo amaldiçoado), e ainda vai precisar se proteger da suposta ameaça que corre ao ser caçado por Sirius.
Quando Harry ganha o curioso Mapa do Maroto dos gêmeos Weasley para poder ver não só todas as passagens secretas da escola, mas também o local onde estão e o que todos na escola estão fazendo para escapar de Hogwarts e visitar o povoado bruxo de Hogsmead com sua capa da invisibilidade, ele percebe que o nome de Pedro aparece no mapa. Mas como poderia se ele foi morto? Será que o mapa mágico está com algum defeito? Ou será que há muito mais coisas escondidas por trás da história de Sirius que ninguém ainda não sabe? E o que significa esse cão, chamado de Sinistro, que parece estar sempre a espreita?


Esse volume é um dos melhores da série, seja por ter muito mais toques de bom humor, por trazer mais elementos desse universo mágico que se expandiu pra fora da escola, quanto pela introdução de Sirius Black e a importância que ele traz pra série de uma forma geral, assim como Lupin com suas frases inteligentes e de efeito (só não tanto quanto as de Dumbledore) e tudo o que ele tem a ensinar a Harry e as crianças.
Com treze anos, Harry já é um adolescente, e mesmo que tenha preocupações em aprender as matérias da escola, e agora que pensa estar correndo risco de vida, ele também começa a se interessar por garotas, mostrando que ele também tem características e comportamentos comuns de garotos dessa idade.
Rony continua engraçado e meio sonso, e está bem preocupado com Perebas, seu rato de estimação que anda se comportando de forma estranha ultimamente, principalmente agora que Hermione arrumou um novo bicho de estimação, Bichento, um gato amarelo de focinho achatado que não deixa o rato em paz e é muito inteligente.


Hermione, estudante voraz, de alguma forma misteriosa anda frequentando todas as aulas para não perder nenhum tipo de conteúdo e aprender tudo sobre esse universo, mas o que ninguém sabe é como ela pode estar em mais de uma aula ao mesmo tempo. Ela continua afiada com toda sua inteligência e lógica, e sempre age com a razão, alertando e repreendendo Harry mesmo que isso o contradiga e faça com que os meninos passem a ignorá-la deixando-a arrasada. Ela inclusive perde a paciência com a professora de Adivinhação, pois pra ela, tudo que Sibila diz não passa de falácia e charlatanismo, mas no final descobrimos que, por mais que ela seja exagerada em suas falas e pareça mesmo uma fraude, ela tem grande importância na história de vida do próprio Harry.
Agora que Hagrid se tornou professor de Hogwarts, ele, com todo o seu amor pelas criaturas mágicas, quer impressionar os alunos e mostrar a beleza desses bichos, e aí é que entra o hipogrifo Bicuço, que também tem uma grande participação e importância na trama.


O professor Lupin foi considerado o melhor professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, seja pela sua forma de ensino divertida quanto por ele mesmo ser um homem inteligente, legal e bastante compreensivo, o problema é que ele parece guardar um segredo, de vez em quando se ausenta e ninguém sabe pra onde ele vai, o que acaba sendo visto com desconfiança pelo trio de amigos. Através de Lupin, Harry consegue entender o que são e o que realmente fazem os Dementadores, descobre porque ele é mais afetado do que os outros na presença deles, e aprende um feitiço avançado chamado "Expecto Patronun", que conjura um Patrono para combater essas criaturas. Cada bruxo tem um Patrono representado por um animal que tem algum tipo de ligação com sua personalidade ou experiência de vida. É um feitiço bastante avançado pra idade de Harry, mas Lupin acredita no potencial do garoto.

Um dos pontos mais interessantes do livro é a ideia de que a autora, enquanto o escrevia, passava por uma época bastante pesada em que sofria de depressão, e os Dementadores foram criados baseados nessa condição. Uma criatura que suga a felicidade das pessoas até que ela definhe por completo, trazendo suas piores lembranças à tona e fazendo com que a pessoa perca a vontade de viver. Logo a forma de combater os dementadores com Patrono, que deve ser conjurado através de uma lembrança feliz, não foi por acaso. Até na pior situação, J.K. consegue ser genial, é incrível.


O quadribol também é bastante explorado, mostrando o quanto esse esporte é importante para Harry e a equipe da Grifinória.
Talvez esse seja o livro cuja adaptação cinematográfica foi a que mais "sofreu", pois são tantas coisas que ficaram de fora e/ou foram modificadas e resumidas para contar a história, que chega a dar desgosto. Uma das coisas que senti falta foi Sir Cadogan, um cavaleiro de armadura, baixinho e invocado que perambula pelos quadros mágicos da escola e que usa de um vocabulário "rebuscado" e hilário para tratar os garotos, brandindo sua espada para enfrentá-los, chamando-os de "patifes", "cães desprezíveis", "vilões" e coisas do tipo. Quando ele precisa substituir a Mulher Gorda, as cenas são impagáveis, pois ele vive dificultando a vida dos alunos.

A edição ilustrada e em capa dura dispensa maiores comentários. Pra quem é fã, é artigo essencial na coleção. Não digo que a revisão é perfeita, porque é comum encontrarmos um monte de erros, mas a história é tão boa e prende tanto que supera esse detalhe.


Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban traz muitas informações novas sobre o mundo bruxo, sobre Hogwarts, sobre o passado de Harry e sobre o passado de Tiago Potter e sua turma enquanto eles eram estudantes da escola. Mesmo que as descobertas de Harry e os acontecimentos envolvendo Sirius representam algo muito maior, fica evidente que Lord Voldemort está conseguindo retornar e que as coisas tendem a ficar bem mais perigosas a partir daqui.

Na Telinha - Abominável

25 de fevereiro de 2020

Título: Abominável (Abominable)
Elenco: Chloe Bennet, Albert Tsai, Tenzing Norgay Trainor, Eddie Izzard, Sarah Paulson
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura
Ano: 2019
Duração: 1h 37min
Classificação: Livre
Nota★★★☆☆
Sinopse: Shanghai, China. Yi (Chloe Bennet) é uma adolescente que, certo dia, descobre que um yeti está no telhado do prédio em que ela mora. A partir disso, ela e seus colegas passam a chamar a criatura mística de "Everest" e, ao criarem laços com o animal, decidem levá-lo até sua família, que está no topo do planeta. Porém, os três amigos terão que conseguir despistar o ganancioso Burnish (Eddie Izzard) e a zoóloga Dra. Zara (Sarah Paulson), que querem pegar o yeti a qualquer custo.

Em parceria com a produtora chinesa Pearl, a DreamWorks trouxe para o público mais uma aventura envolvendo uma jornada mágica e com vários perigos que se passa na China.
Yi é uma adolescente que perdeu o pai há um tempo e mora com a mãe e a vó. O sonho dela é realizar o que o pai não pode fazer ainda em vida, que seria viajar numa grande aventura pela China, e por isso vive ocupada fora de casa, fazendo diversos trabalhos para juntar dinheiro.
Num laboratório longe dalí, uma criatura enjaulada consegue escapar e acaba indo parar no telhado do prédio onde Yi mora, e quando a garota o encontra, percebe que ele é um yeti muito dorminhoco com algumas habilidades especiais e que só quer voltar pra casa, no monte Everest. Yi passa a chama-lo de "Everest", e parte com ele e mais dois amigos numa viagem cheia de aventuras pela China enquanto são seguidos pelo dono megalomaníaco do laboratório, Sr. Burnish, e pela zoóloga responsável, Dra. Zara, que querem capturar o yeti a qualquer custo.


Partindo dessa premissa, temos aquela trama bem clichê e previsível de um grupinho de amigos que precisam salvar alguém recém conhecido, e no meio do caminho passam por maus bocados até chegar ao destino. Talvez pela produtora ser a mesma, é impossível não notar uma enorme similaridade com o dragão Banguela, de Como Treinar seu Dragão. Everest é o dito "pé-grande", o "abominável-homem-das-neves", mas de assustador ele não tem nada, muito pelo contrário. Sua boca gigante faz com que ele pareça mais um cachorro feliz que adora enfiar a cabeça pra fora da janela do carro enquanto a língua voa, e ser muito peludo e fofinho reforça ainda mais essa característica. Só faltava o pobre latir.



Everest consegue controlar a natureza para que ela se mova a seu favor. Ele pode fazer as plantas florescerem e dar frutos gigantes, pode criar um verdadeiro tsunami e destruir tudo, e pode inclusive invocar nuvens e vento, logo, não entendi a real necessidade dele ter companhia de crianças que correm risco de vida ao entrarem nessa e serem perseguidas pelos agentes do Sr. Burnish e da Dra. Zara, sendo que pra voltar pra casa bastava que Everest fosse voando e pronto. A impressão que fica é que os momentos reservados ao uso desse dom são utilizados somente nas horas convenientes pra dar aquele clímax e impressionar, mas o efeito acaba sendo o contrário por ser óbvio.

Ainda assim, não nego que há algumas cenas fofas e encantadoras que podem divertir, inclusive aquelas envolvendo Yi tocando o violino que ela herdou do pai, e o que a motiva fazer tudo o que ela faz, é justamente por causa da morte e do luto por ele, e da homenagem que ela deseja prestar ao tornar esse sonho de viajar pela China que ele tinha em algo real, mas da forma que foi colocado, a ligação propriamente dita entre essa questão e o yeti, eu não acho que as crianças podem captar essa ideia de uma forma muito clara, mas, sim, fiquem ligadas à fofura de Everest e aos poderes dele que promovem os melhores efeitos visuais do filme.


Os amigos de Yi não tem muitos atrativos, visto que um deles não dava muita bola pra Yi por ela não ser popular, é viciado em redes sociais e selfies e só se preocupa com isso na vida, e o outro mais novo que adora basquete acaba sendo mais engraçadinho, mas, claro, a partir da aventura, eles acabam tendo uma visão de mundo diferente. Apesar de fracos, eles movimentam a trama dando toques de bom humor e trazendo alguma pouca tensão, já que algumas coisas dão errado, e mostrando que uma amizade improvável pode surgir e se fortalecer nessa dinâmica, onde a união em prol de algo maior é a única coisa que lhes resta.

Já não posso falar a mesma coisa dos "vilões", que não tem motivações convincentes pra seguir com seus planos "malignos", ou que causam "reviravoltas" inexplicáveis pra mudarem de lado numa tentativa bem xulé de causar qualquer emoção no público. Sei que em animações infantis é comum que as coisas se resolvam - e elas sempre se resolvem - de uma forma feliz, mas quando isso é feito de forma preguiçosa eu morro de dó.


Abominável traz uma aventura até divertida abordando temas como amizade, família, luto e autodescoberta num visual bem bacana e utilizando uma trilha sonora tocante e muito legal, mas a animação em si não traz nada de inesquecível, pra ser sincera.

Harry Potter e a Câmara Secreta - J.K. Rowling

20 de fevereiro de 2020

Título: Harry Potter e a Câmara Secreta - Harry Potter #2
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★★★
Sinopse: Os Dursley estavam tão anti-sociais naquele verão, que tudo o que Harry queria era voltar às aulas da Escola de Bruxarias de Hogwarts. No entanto, quando já terminava de fazer suas malas, Harry recebe um aviso de um estranho chamado Dobby, que diz que um desastre acontecerá caso Potter decida voltar à Hogwarts. Harry não liga para aquela mensagem e o desastre realmente acontece. Naquele segundo ano estudando em Hogwarts, novos horrores surgem para atormentar Harry, incluindo o novo professor Gilderoy Lockhart e um espírito chamado Murta-que-Geme, que assombra o banheiro feminino, além de olhares indesejados da irmã mais nova de Ron Weasley, Gina. Todos esses problemas, no entanto, parecem menores quando o verdadeiro problema começa e algo transforma os alunos de Hogwarts em pedra. Dentre os suspeitos: o próprio Harry.

Resenha: Depois de enfrentar o Lorde das Trevas e sobreviver mais uma vez pra contar a história, Harry volta para a casa dos tios para passar as férias enquanto aguarda o início das aulas em Hogwarts mais uma vez. Porém, enquanto seus tios o mantém preso e escondido em seu quarto numa tentativa de evitar que ele se comunique com seus amigos "anormais", Harry recebe a visita inesperada de uma criatura curiosa, Dobby, um elfo doméstico que vive se autocastigando, mas que está alí para tentar impedir que Harry volte para Hogwarts. Segundo Dobby, há algo muito perigoso sendo tramado por lá, e um grande desastre irá acontecer caso Harry volte. É claro que Harry não pode deixar de voltar pra escola, pois lá é seu lugar de verdade. Resgatado por Rony, Fred e Jorge num carro enfeitiçado, Harry consegue fugir da casa dos Dursley e vai para A Toca, a casa da família Weasley, onde aguarda o início das aulas ansioso.


Gilderoy Lockhart é o novo - e convencido - professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e agora, no segundo ano, as crianças começam a praticar alguns feitiços de ataque e defesa para aprender a desarmar oponentes, mas quando um feitiço não dá muito certo e Harry demonstra ter uma habilidade incomum entre os bruxos e ouvir vozes ameaçadoras que mais ninguém escuta, o menino começa a ser visto com muita desconfiança pelos alunos. E isso piora quando o real perigo começa a surgir e alguns alunos nascidos trouxas começam a ser encontrados petrificados. Harry é o principal suspeito pois sempre está no lugar errado, na hora errada, mas ele precisa provar para todos que ele não só é inocente, como descobrir quem está por trás dos ataques, e é quando o professor (e fantasma) Binns, de que leciona História da Magia, conta aos alunos sobre a lendária câmara secreta, e que lá existe um monstro que só pode ser controlado pelo herdeiro de Salazar Slytherin, o fundador de Sonserina. Mas quem será essa pessoa? E será que a Câmara realmente existe ou não passa de lenda para assustar crianças?


Narrado em terceira pessoa, a história se mantém fluída, com detalhes maravilhosos, toques de muito bom humor e é impossível de largar. No segundo ano de Harry Potter em Hogwarts, já temos uma noção muito boa sobre o funcionamento da sociedade bruxa e da escola em si, mas sempre aparece alguma informação nova para incrementar a história e nos surpreender. Outra coisa super legal nos livros é que J.K. sempre insere alguma situação ou informação que, aparentemente, parece não ser tão importante ou que acaba sendo um obstáculo a ser enfrentado, mas acaba tendo uma ligação com algo que acontece lá na frente e tudo de encaixa, como mágica.


Harry já está mais familiarizado com o universo bruxo, com o quadribol, com os professores, e com os perigos que sempre estão a espreita, e dessa vez não seria diferente. O Lorde das Trevas ainda representa uma ameaça e sempre está buscando meios de retornar, e Harry não vai hesitar em estar alí para tentar impedir.
Rony, por mais que seja o amigo bobalhão de Harry, mostra que apesar de ter pavor de aranhas, ele é corajoso e também enfrenta o perigo quando necessário, mesmo com uma varinha quebrada que causa destruição se utilizada. E a ideia de Gina, sua irmã mais nova, ter ido pro seu primeiro ano em Hogwarts e estar correndo perigo, o deixa ainda mais preocupado em fazer alguma coisa para ajudar a resolver o mistério acerca do monstro da câmara secreta.


E mais uma vez, Hermione, com sua astúcia e inteligência, consegue resolver problemas aparentemente impossíveis, desvendando mistérios que ninguém, em décadas, soube resolver. Hermione sempre deixa se guiar pela razão, mesmo que isso signifique contrariar as ideias de Harry, e é incrível como a menina, de uma forma até irritante, sempre está certa.
Snape está mais odioso do que nunca, perseguindo os garotos e destilando toda a sua antipatia pela vida contra as crianças. Gilderoy é aquele tipo de embuste que se acha o centro das atenções, que gosta de espalhar seus grandes feitos por aí como se ele fosse alguém famoso e muito importante. Desde o início fica claro o quanto ele é ridículo e narcisista - o que chega a ser inacreditável e muito engraçado - mas a reviravolta que ele sofre no final é perfeita, pois mostra que as pessoas não são o que fazem questão de aparentar ser.
Através das memórias em um diário mágico, sabemos um pouco mais sobre Tom Riddle, um estudante de Hogwarts de décadas atrás, que mostra algumas passagens ocorridas na escola a fim de trazer algumas respostas para Harry, e que acaba se tornando alguém bastante conhecido no mundo bruxo futuramente...


Não posso deixar de falar sobre a estadia de Harry n'A Toca e é uma pena enorme que as cenas que se passam lá ficaram de fora do filme. A Toca é uma casa torta e mágica, com direito a vampiro que mora no sótão e um jardim enorme que precisa ser desgnomizado com frequência, pois os gnomos - criaturas muito diferentes daquelas parecidas com um mini papai noel que os trouxas insistem em usar para enfeitar seus jardins - são pragas que infestam o terreno e destroem as plantas. O processo de dar fim nos bichos é hilário e muito criativo. Outra passagem super interessante é o aniversário de morte do fantasma Nick-quase-sem-Cabeça, do qual o trio de amigos foi convidado a participar e ficam totalmente abismados, e a ideia de que o zelador da escola, Argo Filch, é um aborto (que nasce em uma família bruxa mas não tem poderes, o que seria o oposto da Hermione, que nasceu bruxa numa família de trouxas).


Enfim, eu poderia ficar aqui falando sobre os detalhes do livro, da saga em si, de como a autora começou a introduzir a questão do preconceito e das diferenças entre bruxos e trouxas, e do quanto eu amo esse universo mágico e fantástico criado pela genial J.K. Rowling eternamente, mas vou me conter e só dizer que é livro cuja leitura - e releitura - é mais do que recomendada.