1984 - George Orwell (Edição Especial)

14 de janeiro de 2020

Título: 1984 (Edição Especial)
Autor: George Orwell
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Distopia/Romance/Clássico
Ano: 2019
Páginas: 544
Nota: ★★★★★
Sinopse: "1984" não é apenas mais um livro sobre política, mas uma metáfora do mundo que estamos inexoravelmente construindo. Invasão de privacidade, avanços tecnológicos que propiciam o controle total dos indivíduos, destruição ou manipulação da memória histórica dos povos e guerras para assegurar a paz já fazem parte da realidade. Se essa realidade caminhar para o cenário antevisto em 1984 , o indivíduo não terá qualquer defesa. Aí reside a importância de se ler Orwell, porque seus escritos são capazes de alertar as gerações presentes e futuras do perigo que correm e de mobilizá-las pela humanização do mundo.

Resenha: No final de 2019 a Companhia das Letras lançou a edição especial de "1984"em comemoração aos setenta anos desde a primeira publicação. Mesmo tendo sido publicada em 1949, pouco antes da morte do autor, George Orwell, a obra continua sendo muito influente devido a crítica explícita ao totalitarismo e não deixa de ser um tipo de protesto contra os estratagemas do governo.


O mundo foi dividido em três superpotências que estão em guerra entre si desde sempre: Oceânia, Lestásia e Eurásia. A história se passa no ano de 1984, em Oceânia, uma sociedade estática, rígida e controlada pelo "Partido", cujo líder é um ditador "invisível", mas amado, reverenciado, idolatrado, nunca contradito e que, além de ser considerado um grande salvador, sempre está de olho você: O "Grande Irmão" (ou Big Brother).
É uma sociedade onde tudo é feito coletivamente mas, ao mesmo tempo, todos estão sozinhos, pois medo é um sentimento que domina a população, constantemente vigiada e controlada pelo Partido, seja no que diz respeito ao que vestem, ao que comem, ao que fazem e até mesmo ao que pensam. O Partido dita suas vidas, todos devem obedecer, e, se, porventura, alguém se opor, sofrerá todas as consequências possíveis e inimagináveis.

"Novafala" é a língua do país, que irá substituir a "Velhafala" até 2050. É uma linguagem desenvolvida para que as pessoas, em hipótese alguma, possam se opor ao Partido, e tudo seja direcionado a uma coisa só, a fim de extinguir opiniões diversas ou contraditórias sobre o governo, distorcer e canalizar o pensamento em uma única direção: a palavra absoluta e verdadeira do Grande Irmão.
O "duplipensamento" é um exemplo, e é definido como "o poder de sustentar duas crenças contraditórias na mente simultaneamente, aceitando as duas." 2+2 nem sempre resultará em 4 pois isso depende do que o sujeito acredita, ou no que alguém o levou a acreditar.
"Guerra é paz
Liberdade é escravidão
Ignorância é força"
- pág. 57
Através das "teletelas", as pessoas assistem paralisadas a um programa, "Dois Minutos de Ódio", patrocinado pelo Grande Irmão, cuja única finalidade é odiar e condenar tudo e todos que ousarem se opor ao Partido. Até as crianças agem como "fiscais", e aprendem a vigiar e entregar os próprios pais ao menor indício de comportamento suspeito ou inadequado que demonstrem.


Neste cenário aterrorizante, somos apresentados a Winston Smith, um homem beirando a meia idade, infeliz e medíocre, que trabalha em um dos Ministérios criados, o "Ministério da Verdade" (ou seria da Mentira?) e é responsável por manipular notícias, apagando verdades ou criando mentiras a favor da conveniência do Partido. Quem determina o que é verdade, ou não, é o Grande Irmão e ninguém mais... Mas Winston está cansado de se submeter a tudo isso, não concorda mais com toda essa ditadura e só quer ser um homem livre...
Eis que surge Julia, uma mulher de espírito livre, jovem e rebelde que não tem o menor interesse ou respeito pela política, vive desafiando o sistema e quebrando regras, mas que nunca foi descoberta, caso contrário já teria se tornado uma "despessoa" (alguém "apagado" da existência para que não haja nenhuma evidência relacionada a oposição, e consequentemente, algo que poderia comprometer os ideais do Partido se fosse à tona)... Winston se arrisca num romance proibido, e até criminoso, quando se depara e se deixa envolver intimamente com alguém bem diferente de sua ex esposa, que tem coragem para pensar e fazer tudo o que ele nunca teve, mesmo que escondido... Julia, de certa forma, representa a coragem, a alegria e a vida que Winston sempre sonhou, mas que nunca teria...
Outros Ministérios, como o Ministério do Amor, responsável por condenar e reprimir desejos ou aproximações mais íntimas, o Ministério da Paz, que tem controle sobre a guerra sem fim e a administra, e até o Ministério da Fartura, responsável pelo controle da alimentação da população, distribuindo as rações necessárias para a sobrevivência, são "departamentos" desse governo totalitário e opressor.

É difícil falar sobre a obra de forma resumida devido aos incontáveis elementos que ela possui. É necessário ler para que tudo seja entendido, absorvido e apreciado, e, por mais que seja chocante, intragável e inaceitável, é algo necessário para abrir os olhos de muitos que vivem estagnados, influenciados pelo que vêem, e entorpecidos, ou até enganados, por palavras fáceis, mas que nem sempre são compreendidas em sua totalidade...


Essa edição em particular está um espetáculo de linda. Além da capa dura e texturizada que parece ser um tipo de tecido, ainda conta com ilustrações que compõe um belíssimo ensaio visual de Regina Silveira, uma apresentação bastante esclarecedora da obra escrita por Marcelo Pen, vários modelos de capas (em cores) de diversas edições do livro que já foram publicados em diversos países nesses setenta anos, e algumas análises cirúrgicas feitas por alguns críticos da literatura, escritores, mestres e filósofos de renome.

1984 traz uma história pesada, cruel, complexa e perturbadora, e é capaz de fazer o leitor refletir acerca do poder totalitário e da manipulação a qual a sociedade está sujeita, mesmo que de forma inconsciente. O que vemos na TV é a realidade, ou o que querem nos impor como verdade? Somos cidadãos livres, ou estamos sob vigilância constante? Estamos acordando e fazendo algum progresso através de manifestações, ou o Estado se alimenta da ignorância do povo com propósito de deter e manter o poder?
É a imagem do autor para um futuro trágico, que mesmo ultrapassado há quase 30 anos, ainda é claramente perceptível nos dias de hoje aos olhos dos mais atenciosos...

A leitura dessa obra é indispensável, e para o velho e bom colecionador literário, essa edição é obrigatória.

Novidade de Janeiro/20 - Paralela

13 de janeiro de 2020

Ser Como o Rio que Flui - Paulo Coelho
Em Ser como o rio que flui, Paulo reuniu pensamentos e histórias que escreveu durante dez anos e mostra como a vida tem lições para nos dar nas mais simples, extravagantes e inesperadas experiências. Os textos são recheados de significado e escritos no estilo inimitável do autor. Um compilado sensacional de contos "reflexões que fiz enquanto percorria determinada etapa do rio de minha vida", como o próprio autor descreveria.
Espiritualidade, vida, ética e sua filosofia de vida são alguns dos temas abordados. O leitor é convidado a fazer uma emocionante jornada, captando nos detalhes do dia a dia valores essenciais para uma vivência mais feliz.

Novidade de Janeiro/20 - Penguin Companhia

Mulherzinhas - Louisa May Alcott
Mulherzinhas é considerado um dos livros mais influentes de todos os tempos. Ultrapassando a barreira das idades, esse romance é lido com a mesma paixão por adultos e jovens. A história das irmãs March se tornou um clássico feminista que reflete sobre a tensão entre obrigação social e liberdade pessoal e artística para as mulheres.
Cada leitor terá sua irmã favorita: a independente Jo, a delicada Beth, a bela Meg ou a artista Amy. Essas quatro mulheres e sua mãe, Marmee, enfrentam com diligência e honra as privações da Guerra Civil americana, e se tornaram um sucesso instantâneo já em 1868.

Novidades de Janeiro/20 - Companhia das Letras

As Pequenas Virtrudes - Natalia Ginzburg
Sem idealizações nem sentimentalismos, As pequenas virtudes é fruto de uma prosa límpida, aliada ao vigor típico dos escritores que, ao falar de coisas simples, revelam as questões humanas mais profundas. Nestes onze textos, a escritora italiana Natalia Ginzburg não faz delimitações entre as dimensões social e histórica, construindo uma obra singular e de raro afeto.
O livro é dividido em duas partes. A primeira se atém a deslocamentos – como o período em que a autora morou em Londres – e a retratos de duas figuras centrais em sua vida: o poeta Cesare Pavese, de quem ela foi amiga, e Gabriele Baldini, seu segundo marido. Na segunda, figuram ensaios poderosos, como "O filho do homem", uma avaliação das sequelas da guerra recém-terminada; "O meu ofício", em que Ginzburg explora as relações entre escrita e verdade íntima; e o texto que dá título a este volume, um elogio extraordinário às verdadeiras grandezas humanas.
Breve e imenso, simples e original, As pequenas virtudes é um livro inesquecível. Ao retratar uma vida marcada por perdas, desterros e humildes alegrias, Natalia Ginzburg constrói uma obra luminosa, cheia de carinho e de genuíno amor às pessoas e às palavras.

A Menininha do Hotel Metropol - Minha infância na Rússia comunista - Liudmila Petruchévskaia
Liudmila Petruchévskaia nasceu no Hotel Metropol, na mesma rua do Kremlin, sede do governo russo, em uma família de intelectuais bolcheviques que perderam grande parte de seu status social depois de 1917. Neste livro, a autora narra sua infância extremamente difícil: a constante falta de comida e aquecimento, os períodos passados na rua e as adversidades crescentes enfrentadas pela família.
À medida que ela desvenda sua criação itinerante, vemos, tanto em sua notável falta de autopiedade quanto nas fotografias ao longo do texto, seu instinto feroz e sua habilidade em dar voz a uma nação de sobreviventes. Um livro excepcional que fornece um vislumbre do dia a dia do regime comunista russo.

Corpo - Um guia para usuários - Bill Bryson
Em seu novo livro, Bill Bryson mais uma vez se mostra um companheiro incomparável ao nos guiar em um tour pelo corpo humano – como ele funciona, sua notável capacidade de se regenerar e (infelizmente) as várias maneiras pelas quais ele pode falhar.
Cheio de fatos extraordinários e anedotas irresistíveis, Corpo leva os leitores a um entendimento mais profundo do milagre da vida em geral, e de cada um de nós em particular. Como Bryson escreve, "A cada segundo, todos os dias, nosso corpo executa uma quantidade literalmente incalculável de tarefas – um quadrilhão, um nonilhão, um quindecilhão, um vigintilhão (porque essas quantidades existem); enfim, um número que vai muito além da nossa imaginação – sem exigir um instante da sua atenção." Este livro vai curar essa desatenção com doses generosas de assombro e informação.

A Barata - Ian McEwan
A frase de abertura de A barata, o novo livro de Ian McEwan, é um evidente tributo à mais famosa obra de Franz Kafka, A metamorfose: "Naquela manhã, Jim Sams, inteligente mas de forma alguma profundo, acordou de um sonho inquieto e se viu transformado numa criatura gigantesca".
Por meio dessa divertida inversão, McEwan cria a trama desta deliciosa sátira política. Nela, Jim Sams é um inseto que, do dia para a noite, assume a forma humana de primeiro-ministro da Grã-Bretanha.
Sua missão é realizar a vontade do povo, expressa na aprovação da Lei do Reversalismo, que pretende remodelar o funcionamento da economia: as pessoas pagarão para trabalhar e ganharão dinheiro por consumir. Além de radical, a medida criaria uma enorme complicação na relação do Reino Unido com os demais países. Trata-se, é claro, de uma engenhosa metáfora para o Brexit.
Mas nada poderá deter o primeiro-ministro: nem a oposição, nem os dissidentes de seu próprio partido, nem mesmo as regras da democracia parlamentar.

Tormenta - O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos - Thaís Oyama
De uma das eleições presidenciais mais polarizadas da história republicana, sai vitorioso Jair Messias Bolsonaro, ex-capitão do Exército que chegou a defender publicamente a tortura, autor de não mais que dois projetos de lei aprovados ao longo de 27 anos de mandato como deputado e merecedor de apenas três dos 512 votos de seus pares na última vez que tentou se eleger presidente da Casa, em 2017.
A partir de um rigoroso trabalho de reportagem, Tormenta revela como opera o governo do 38o presidente da República, que forças se digladiam entre as paredes do Palácio do Planalto e de que forma as crenças e os temores – reais e imaginários – de Bolsonaro e de seus filhos influenciam os rumos do país. O livro traz detalhes surpreendentes sobre a crise interna de seu mandato, revelando segredos dos generais que o cercam no Palácio, intrigas que corroem o primeiro escalão do poder e bastidores que não chegaram aos jornais.
Mais do que mostrar as peculiaridades e a dinâmica do governo de Jair Bolsonaro – e de nos situar no calendário dos atribulados primeiros 365 dias de sua gestão –, a narrativa de Thaís Oyama ajuda o leitor a compreender o ano que passou e a vislumbrar o que nos aguarda.