Caixa de Correio #81 - Novembro

30 de novembro de 2018

Apesar de novembro não ter sido um mês de muita sorte pra mim (as crianças ficaram doentes e eu fiquei um lixo humano), foi um mês recheado dos meus tão queridos popineos. Foram dois livritchos recebidos (que logo libero as resenhas), mas o que fez minha alegria foram os pops. Não tem coisa melhor, pra um colecionador, ver a coleção crescendo e se completando aos pouquinhos. Os olhinhos brilham, e dá até uma emoção ♥
Bora ver o que chegou:

Um Acordo e Nada Mais - Mary Balogh

23 de novembro de 2018

Título: Um Acordo e Nada Mais - Clube dos Sobreviventes #2
Autora: Mary Balogh
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance de Época
Ano: 2018
Páginas: 304
Nota:★★★★☆
Sinopse: Embora Vincent, o visconde Darleigh, tenha ficado cego no campo de batalha, está farto da interferência da mãe e das irmãs em sua vida. Por isso, quando elas o pressionam a se casar e, sem consultá-lo, lhe arranjam uma candidata a noiva, ele se sente vítima de uma emboscada e foge para o campo com a ajuda de seu criado.
No entanto, logo se vê vítima de outra armadilha conjugal. Por sorte, é salvo por uma jovem desconhecida. Quando a Srta. Sophia Fry intervém em nome dele e é expulsa de casa pelos tios sem um tostão para viver, Vincent é obrigado a agir. Ele pode estar cego, mas consegue ver uma solução para os dois problemas: casamento.
Aos poucos, a amizade e o companheirismo dos dois dão lugar a uma doce sedução, e o que era apenas um acordo frio se transforma em um fogo capaz de consumi-los.
No segundo volume da série Clube dos Sobreviventes, você vai descobrir se um casamento nascido do desespero pode levar duas pessoas a encontrarem o amor de sua vida.

Resenha: Um Acordo e Nada Mais é o segundo volume da série Clube dos Sobreviventes. Vamos acompanhar a história de Vincent Hurt, o Visconde Darleigh, mais um membro do Clube que sobreviveu à Guerra Napoleônica, porém, devido a um acidente com um canhão, perdeu a visão, foi afastado permanentemente, ganhou o título de Visconde e, agora, conta com a ajuda dos amigos, companheiros de guerra, para se recuperar psicologicamente. Cansado de tentar fugir da mãe e de suas irmãs que querem lhe arranjar um casamento a qualquer custo, Vincent acaba voltando para Barton Coombs, sua antiga casa de infância, mas mais uma vez ele havia caído numa cilada conjugal. O que ele não esperava era conhecer a jovem Sophia Fry, que acaba lhe salvando dessa armadilha planejada pela prima.
Depois que seu pai morreu num duelo, Sophia Fry passou a viver de favor na casa de seus parentes que nem reconheciam sua existência. Ela ficou mal vista, não foi educada como uma dama, comia e se vestia mal e ainda foi apelidada de Ratinha pelos tios. Ela precisava encontrar uma forma de sair da casa desses parentes que a negligenciavam e a tratavam tão mal. Porém, com a intervenção que Sophia fez para ajudar Vincent, seus tios ficaram furiosos e expulsam a coitada de casa, sem um tostão sequer para sobreviver, e o Visconde, sem ter coragem de deixar a jovem à míngua, foi obrigado a agir lhe propondo casamento, que, no momento, seria a única solução para resolver o problema da moça. Mas, junto com o casamento por conveniência, veio um acordo: eles passariam somente um ano juntos e em seguida cada um seguiria com a vida como bem quisesse.
Agora que estão casados, eles vão se conhecendo melhor, a amizade e o companheirismo vão crescendo, mas aos poucos uma doce sedução também começa a surgir. Eles são opostos, mas, assim como os personagens do primeiro livro, possuem traumas e feridas que os deixam unidos de uma forma que eles não esperavam.

Seguindo o padrão do livro anterior, a narrativa é feita em terceira pessoa e é um tanto lenta, o que pode tornar a leitura um pouco cansativa, mas ainda assim podemos ter uma percepção muito boa dos sentimentos dos protagonistas enquanto os acompanhamos em suas jornadas de superação, autoaceitação, e na busca pelo amor próprio. Por mais que Vincent seja cego, a forma utilizada para fazer com que os outros sentidos dele compensem a falta da visão, ajuda a construir a personalidade dele.
Acho inclusive que houve uma sacada genial por parte da autora, pois de um lado temos Sophia, que é tratada com descaso, como se não existisse, e por isso se torna alguém praticamente invisível, e de outro lado temos Vincent, que, mesmo sem poder enxergar, é a única pessoa que realmente a vê.
Foi muito bacana acompanhar a forma como ele, nessas condições, passou a compreender o mundo ao seu redor.

O fato é que o ritmo da trama não poderia ser muito diferente, caso contrário se tornaria inverossímil e até incoerente. Os dois se casaram após trocar poucas palavras, não se conheciam, nunca sequer tinham se visto, ambos eram reservados e precisavam lidar com as próprias dores, logo, era necessário um tempo maior para que o dito relacionamento pudesse florescer.

Um Acordo e Nada Mais tem um enredo simples, doce e que inspira e emociona em alguns momentos, e mostra que, quando cativado, o amor pode surgir de onde menos se espera, se tornando verdadeiro e duradouro.

Uma Proposta e Nada Mais - Mary Balogh

19 de novembro de 2018

Título: Uma Proposta e Nada Mais - Clube dos Sobreviventes #1
Autora: Mary Balogh
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance de Época
Ano: 2018
Páginas: 272
Nota:★★★★☆
Sinopse: Após ter tido sua cota de sofrimentos na vida, a jovem viúva Gwendoline, lady Muir, estava mais que satisfeita com sua rotina tranquila, e sempre resistiu a se casar novamente. Agora, porém, passou a se sentir solitária e inquieta, e considera a ideia de arranjar um marido calmo, refinado e que não espere muito dela.
Ao conhecer Hugo Emes, o lorde Trentham, logo vê que ele não é nada disso. Grosseirão e carrancudo, Hugo é um cavalheiro apenas no nome: ganhou seu título em reconhecimento a feitos na guerra. Após a morte do pai, um rico negociante, ele se vê responsável pelo bem-estar da madrasta e da meia-irmã, e decide arranjar uma esposa para tornar essa nova fase menos penosa.
Hugo, a princípio, não quer cortejar Gwen, pois a julga uma típica aristocrata mimada. Mas logo se torna incapaz de resistir a seu jeito inocente e sincero, sua risada contagiante, seu rosto adorável. Ela, por sua vez, começa a experimentar com ele sensações que jamais imaginava sentir novamente. E a cada beijo e cada carícia, Hugo a conquista mais – com seu desejo, seu amor e a promessa de fazê-la feliz para sempre

Resenha: Gwendoline Grayson, lady Muir, é uma viúva de 32 anos de idade que aprecia seu status social e sua rotina bastante tranquila. Porém, depois de sete anos estando viúva, embora tenha aprendido a lidar com suas dores, ela se sente bastante solitária na vida. Gwen não planejava se casar outra vez, pois sentiu na pele como os homens se tornam diferentes após o casamento, mas, por se sentir muito sozinha, começou a considerar a ideia de arranjar um marido refinado e tranquilo, e que não fosse muito exigente.

Hugo Emes, lorde Trentham, é um soldado que lutou nas Guerras Napoleônicas, e desde então vem lidando com traumas pessoais e muitos fantasmas. Seu único refúgio é se encontrar com seus companheiros de batalha, que formaram um grupo chamado Clube dos Sobreviventes, e que passaram o mesmo que ele. Só com seus amigos ele consegue ter um pouco de conforto e paz de espírito, esquecendo um pouco dos horrores vividos na guerra. Após o falecimento de seu pai, Hugo, como herdeiro, passou a administrar as terras da família e ficou responsável por tomar conta de Fiona, sua madrasta, e Constance, sua meia-irmã. Fiona é uma mulher que sempre dependeu do marido pra tudo, e, na falta dele, sua inaptidão pra lidar com qualquer assunto é evidente. Constance, que já tem seus dezenove anos, ainda não foi apresentada a sociedade, hábito que já passou da hora de ser feito, e a jovem está encalhada por causa disso. Hugo deveria resolver esses problemas já que Fiona é incapaz, mas o momento não é o mais adequado. Ele não é nenhum cavalheiro e só herdou o título de lorde em reconhecimento por suas atitudes heroicas na guerra. Mesmo sabendo que sua irmã merece o melhor e que ela deveria ter uma mulher mais velha que a orientasse a se comportar em sociedade, ele não tem a menor paciência para lidar com esses dramas femininos e muito menos tinha o hábito de frequentar as rodas aristocráticas de Londres. Porém, este não é o único problema que ele tem nas mãos. A idade para ter um herdeiro também chegou, e a única saída é encontrar uma esposa para que tudo se ajeite como deveria antes que seja tarde demais.

Até o caminho de Hugo e Gwendoline se cruzar depois dela sofrer um acidente numa praia isolada. Após socorrer a moça, ele a leva para Penderris Hall, casa de campo do duque de Stanbrook locas das reuniões do Clube dos Sobreviventes, onde está hospedado junto com os demais amigos. E lá ela ficaria até se recuperar da lesão que sofreu em, seu tornozelo. De início, por serem totalmente opostos, ele resiste por pensar que Gwen é a típica aristocrata mimada, mas, como ela não se intimida pelo jeito grosseirão de Hugo, ele logo se torna incapaz de resistir ao quanto ela é uma mulher adorável. E a medida que o afeto e os sentimentos crescem, ambos vão se conquistando cada vez mais, tendo a certeza que esse relacionamento vai além das boas maneiras, e que só veio para lhes proporcionar experiências únicas que eles jamais imaginaram que fossem ter um dia.

Narrado em terceira pessoa, acompanhamos um romance de época que foge bastante daquela fórmula de mocinha jovem, inexperiente e indefesa caindo nos braços do garanhão esperto. Gwen e Hugo já são adultos, bem resolvidos e tem em comum algum tipo de trauma do passado, e, claro, vão aprendendo a superar tudo juntos, descobrindo o amor quando já estavam desacreditados e quando tinham perdido as esperanças de encontrá-lo, principalmente pelos casamentos, muitas vezes, serem arranjados. Assim, a autora construiu uma história rica em detalhes, que quebra alguns paradigmas e mostra que é possível, sim, superar feridas e descobrir sensações e sentimentos, mesmo que "tarde" (para a época se casar depois dos trinta é muito tarde, sim), além de trazer algumas reflexões sobre empatia e que o sofrimento alheio nunca deve ser diminuído, pelo motivo que for.

Os personagens são complexos devido aos traumas que carregam, e são traumas reais, que tornam o sofrimento deles bastante plausível. Essa carga dramática foi responsável por moldar a personalidade de cada um deles, e por mais doloroso que possa ter sido, eles ainda são pessoas adoráveis, mesmo que não demonstrem. E isso fica claro em Hugo, que é um homem que não tem ideia de como cortejar uma dama e se comporta como um ogro em vários momentos, e até com Gwen, que de certa forma, deixou de acreditar nos homens depois de ter sofrido com o falecido marido. Mas eles despertam o melhor que há dentro deles quando estão juntos, de forma recíproca.

Minha única ressalva é pela forma como esse romance foi desenvolvido. Eles são opostos, mantém diálogos inteligentes e que refletem todo o peso que eles carregam, e, por isso, acabam se completando, porém não senti que a química era forte o bastante. Ao longo da trama as coisas melhoram, mas a narrativa se torna arrastada em vários pontos por ser muito lenta, e até que o romance se concretize, esse desenvolvimento já se tornou um pouco cansativo de se acompanhar. Entendo que a autora parece ter optado por trabalhar cada personagem, revelando suas camadas e deixando o romance em segundo plano, mas se é o próprio romance que foi responsável pela mudança, acho que deveria haver um equilíbrio maior.

Um ponto super positivo é sobre os amigos de Hugo. Mesmo sendo personagens secundários, eles são importantes para o desenvolvimento do protagonista devido ao vínculo que têm com ele, e da própria história em si. A ideia do grupo ter sido formado devido a dor causada pela guerra, mostra que é nos amigos que sempre temos apoio para superar os momentos mais difíceis da vida.

No mais, o livro foge do tradicional do gênero, mas traz uma história inspiradora de superação. Pra quem gosta de romances de época com um toque mais maduro e que traz reflexões mais profundas, é livro mais do que indicado.

Wishlist #59 - Funko Pop - Peter Pan

18 de novembro de 2018

Acho que já deu pra perceber que a grande maioria dos pops que são prioridades na minha coleção são os de Harry Potter e os da Disney, né? Então, quando acho algum em promoção, tento aproveitar o máximo que posso.
Peter Pan não é meu favorito dentre os clássicos, mas não posso negar que fez parte da minha infância, e eu já perdi as contas de quantas vezes assisti. Lembro que na época do video cassete eu tinha a coleção toda em VHS e adorava! Os primeiros pops dessa franquia são bastante raros - e caríssimos -, mas não curti muito o visual deles. Esses mais recentes e exclusivos são muito mais bonitos e bem feitos, e por isso eles entraram na listinha e os outros ficaram de fora.
Com exceção do Peter Pan, que é exclusivo da Hot Topic mas não faz parte de nenhuma box, os demais são exclusivos de caixas especiais da Disney, dessas que vem com outros itens colecionáveis da Funko que não são pops, mas como não curto e nem me importo com esses, prefiro dar uma garimpada para encontrar os pops sendo vendidos separados. A Tinkerbell e o Peter Pan eu encontrei sendo anunciados juntos num grupo de pops no Face, e como o preço estava super bacana, aproveitei. Os demais vai ser um pouco mais hard de encontrar, mas com certeza, assim que possível, vão fazer companhia pra essa duplinha mais fofa.

Curiosidade Mórbida - Mary Roach

15 de novembro de 2018

Título: Curiosidade Mórbida
Autora: Mary Roach
Editora: Paralela
Gênero: Não ficção
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota:★★★★☆
Sinopse: Curiosidade mórbida é uma leitura cativante e divertida que explora a vida após a morte, mas não no sentido sobrenatural: a autora Mary Roach investiga o que acontece com os cadáveres, revelando que eles têm rotinas inesperadas e surpreendentes. Por dois mil anos, eles estiveram envolvidos nas descobertas e pesquisas científicas mais ousadas: foram cobaias nas primeiras guilhotinas da França e, os primeiros a navegarem em foguetes da Nasa e estiveram presentes em todos os novos procedimentos cirúrgicos, fazendo história de forma silenciosa.
Nesse relato fascinante, Mary Roach faz uma análise histórica dessas contribuições ao longo dos séculos e, com seu jeito único, revela o que nossos corpos fazem depois que os deixamos para trás.

Resenha: Mary Roach mostra com precisão o quão útil a rotina de uma pessoa morta pode ser. A autora detalha com precisão vários procedimentos e experiências feitas com defuntos e o resultado é uma variedade de informações e curiosidades muito interessantes sobre os cadáveres.

A narrativa é direta, simples e dividida em tópicos que possuem fotos ou ilustrações, e já deixa claro desde o início que os "objetos de estudo" consentiram em doar seus corpos para estudos em prol da ciência. Assim, vamos desde uma simples dissecação, passando por decapitação, testes de resistência a impacto em simulações de acidentes, decomposição, descarte dos corpos, doação de órgãos, estudo da alma e etc. São diversos temas trabalhados de forma bem minuciosa para trazer informações reais do que acontece e que abrem um leque de opções que mostram como essas experiências com os mortos funcionam, etapa por etapa, assim como evidenciam a utilidade delas para os vivos.

Ainda há questões envolvendo a sociedade de forma geral, e como isso acaba interferindo nos cuidados com o corpo do falecido, levantando questões culturais, emocionais, morais, filosóficas e, por que não, religiosas. A autora usa de bom humor para descrever alguns procedimentos, mas confesso que fiquei muito mais chocada do que rindo. Descobrir que um cérebro removido não pode ser encaixado de volta dentro do crânio já me fez imaginar coisas. Por favor, Deus, não deixe que quando eu morrer alguém preencha minha cabeça com nenhum jornal sensacionalista que tenha notícias de cunho político, futebol, ou fofocas sobre youtubers ou pseudocelebridades.

Curiosidade Mórbida é um livro de não ficção e aborda uma área da medicina que agrada a pouquíssimas pessoas: a morte e o corpo que jaz. Logo, se você não gosta ou não tem estômago forte o bastante quando o assunto é morte, dissecação, experimentação humana, gosmas, sangue, miolos, tripas e afins, talvez o livro não seja pra você. Mas, se você tem um pouco de curiosidade, e coragem, para ler sobre as inúmeras utilidades que um corpo tem no pós vida, assim como as descobertas incríveis que foram feitas, desde que consiga sair ileso de cenas bizarras, e muitas vezes nojentas, descritas pela autora, é algo bastante educativo e digno de se apreciar. Recomendo muito essa leitura para os fortes e para os curiosos de plantão.


O Destino de Tearling - Erika Johansen

12 de novembro de 2018

Título: O Destino de Tearling - A Rainha de Tearling #3
Autora: Erika Johansen
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2018
Páginas: 360
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Desde que assumiu o trono de Tearling, Kelsea Glynn passou de princesa inexperiente a rainha destemida. Sua busca por justiça fez com que todo o reino mudasse com ela, mas quando os inimigos que fez ao longo do caminho ameaçam destruir seu povo, ela toma uma decisão inimaginável: se rende à Rainha Vermelha em troca de salvar Tearling. Sem as safiras, sem seus homens de confiança e trancafiada em Mortmesne, Kelsea precisa de novo recorrer ao passado, às experiências de mulheres que viveram antes dela, buscando em suas histórias a saída para uma situação impossível. O jogo está para terminar, e o futuro de Tearling será revelado de uma vez por todas.

Resenha: Numa tentativa de salvar o reino de Tearling, Kelsea se entrega à Rainha Vermelha e deixa Clava como governante do seu povo. Kelsea agora é prisioneira em Mortmesne, e, mesmo sem as joias, continua desenvolvendo seus poderes. Os reinos estão se enfrentando e todos estão sobre diversas conspirações que podem por tudo em risco. Agora ela precisa recorrer ao passado para buscar nas histórias das mulheres que viveram antes delas respostas que possam ajudá-la a salvar todo o reino.

Confesso que eu andava numa vibe tão boa com as minhas últimas leituras, e, considerando que eu gostei demais dos livros anteriores a este, eu esperava um final totalmente destruidor, daqueles que deixam uma ressaca tão braba que só uma dose cavalar de Meg Cabot pode curar, mas, embora o livro tenha, sim, alguns pontos muito positivos, o que a autora decidiu fazer aqui foi a coisa mais WTF que eu já me deparei em toda minha vida literária. Vamos primeiro aos pontos positivos, porque tenho que reconhecer que, apesar da minha reação, o livro não foi um fracasso total e teve seus méritos. Poucos, mas teve.

O feminismo e a forma como ele foi trabalhado na trama é algo super válido e importante, principalmente nos dias de hoje quando o assunto, querendo ou não, ainda é um tabu nessa sociedade lixo que vivemos. A representação feminina é tão forte quanto admirável, e os tópicos que a história levanta sobre abuso, cultura do estupro, controle de natalidade, autoaceitação da própria imagem, corrupção e afins são responsáveis por várias reflexões relevantes. Por mais que as mulheres tenham uma vida difícil, sejam abusadas, sofram humilhações de todo tipo e ainda sejam dominadas, elas conseguem  demonstrar o quanto podem ser fortes e corajosas.

Outra coisa é que a trama em si, embora seja uma fantasia, tem muitas semelhanças com a realidade e em alguns pontos a coisa chega a ser bem assustadora. A autora não poupa esforços em fazer críticas sociais, religiosas e políticas, mostrando que algumas ideologias e crenças simplesmente não dão certo quando quem está no poder quer continuar no poder. Não vou me aprofundar nessas questões pois minha visão política e religiosa não vem ao caso, mas basicamente a igualdade é pro povo, geralmente estando bem miserável, e quem está no poder sempre estará se aproveitando e tendo muito mais privilégios.

Acho que o ponto que salvou boa parte da história pra mim, pela mensagem que passa, foi a ideia de que embora pais e filhos estejam ligados pelo sangue, isso não significa que seja obrigatório existir uma conexão entre eles. Não é por que mãe ou pai são uns trastes que fazem coisas horrendas e condenáveis, que o filho também vai seguir os mesmos passos, por "herança". Há toda uma luta pessoal de Kelsea contra isso e isso, sim, me marcou bastante pois ela é uma personagem ótima, e tem tantas qualidades quanto defeitos. Isso é um ponto positivo, pois ninguém pode ser tão bom ou tão ruim, mesmo que tenha sido mal utilizada dessa vez. As pessoas sempre são motivadas por alguma coisa, e isso depende de uma formação pessoal ou de uma concepção bem íntima que não cabe a ninguém julgar. A forma como ela foi construída e desenvolvida ao longo da história, sua moral cheia de ambiguidades, tudo isso só provou o quanto ela é humana, e o quanto aprendeu com os próprios erros. Talvez o final, se analisado de uma forma mais abrangente, possa ser encarado como bom, pois ela não pensava duas vezes em abrir mão do que fosse pensando num bem maior, mas não foi suficiente para reparar os buracos e tudo que a autora desprezou sem mais nem menos. Foram tantos elementos tão bons criados pra no final das contas nada ter ligação com nada.

Não sei se foi só comigo, mas eu fiquei com uma mega impressão de que esse livro foi escrito sem o devido cuidado, com situações avulsas que simplesmente não se encaixam em lugar nenhum, e outras que nem deveriam estar alí. A sensação é de que a autora tinha tudo nas mãos pra dar um desfecho perfeito, bastava trabalhar um pouquinho pra amarrar as pontas soltas, mas preferiu ir pelo caminho mais fácil, entregando uma peruca colorida e uma bolota vermelha pra todos nós usarmos no nariz. E sabemos que o caminho mais fácil nem sempre é o melhor, convenhamos...
Muitas das questões que haviam sido levantadas anteriormente e que pareciam ser cruciais para uma futura resolução satisfatória, ou tiveram respostas irrisórias, ou simplesmente foram descartadas e esquecidas como se não fossem nada.

Minha decepção maior se deu por ter acreditado na história, que anteriormente havia dado a entender que esta trilogia seria uma das melhores que já tive o prazer de ler, independente se fosse feliz ou trágico, e me enchi de expectativas e esperanças pra algo realmente grandioso e memorável. Não vou entrar em detalhes sobre cada personagem pra não deixar a resenha muito extensa, mas a sensação foi a de que algo estava errado, eles estavam muito distantes do que foram, e até mesmo a própria Kelsea serviu de muleta em várias situações de forma bem conveniente.
Eu depois de terminar esse livro
Enfim, a sensação que ficou no final dessa leitura foi de eu ter caído numa cilada, Bino. Recomendei os outros livros, feliz da vida, crente que a coisa toda só iria melhorar porque realmente tudo que a autora tinha feito era genial, mas agora preciso abrir meu coração e ser muito sincera em dizer: não percam tempo. Acho que seria um pouco arriscado, e até hipócrita, recomendar uma trilogia que nos deixa envolvidos de corpo e alma nos dois primeiros volumes, mas que no final não nos dá nenhuma recompensa, e tudo acaba tendo sido em vão... Me desculpem, mas não...