A Origem do Mundo - Liv Strömquist

6 de setembro de 2018

Título: A Origem do Mundo - Uma História Cultural da Vagina ou A Vulva vs. O Patriarcado
Autora: Liv Strömquist
Editora: Quadrinhos na Cia.
Gênero: HQ/Não Ficção
Ano: 2018
Páginas: 144
Nota:★★★★★
Sinopse: Por que as sociedades alimentaram uma relação tão esquizofrênica com a vagina ao longo dos séculos? Por que a menstruação é um tema apagado de nossa cultura quando costumava ser algo sagrado para os povos ancestrais? A origem do mundo escancara interditos e desafia mitos e tabus. Um livro genial, catártico e absolutamente necessário.
Se “o pessoal é político”, como dizia o slogan da segunda onda feminista, iniciada nos anos 1960, Liv Strömquist criou um livro radical. Com humor afiado, a artista sueca expõe as mais diversas tentativas de domar, castrar e padronizar o sexo feminino ao longo da história. Dos gregos antigos a Stieg Larsson, das mulheres da Idade da Pedra a Sigmund Freud, de Jean-Paul Sartre a John Harvey Kellogg (o inventor dos sucrilhos), da fábula da bela adormecida a deusas hindus, de livros de biologia ao rapper Dogge Doggelito, A origem do mundo esquadrinha nossa cultura e vai até o epicentro da construção social do sexo. Para Liv, culpabilizar o prazer é um dos mais efetivos instrumentos de dominação — graças à culpa, a maçã é venenosa e o paraíso mantém seus portões fechados. Uma crítica hilária, libertadora e instrutiva sobre o sexo feminino.

Resenha: A Origem do Mundo, da artista sueca Liv Strömquist, traz informações super relevantes acerca do universo feminino que até hoje sofre o impacto causado pelo machismo na sociedade. O interesse fora do comum do homem pelo corpo da mulher e sua forma absurda de estudá-lo, assim como as ideias completamente descabidas que eles tiveram para tentar dominar, impor padrões e justificar comportamentos ou características femininas, são expostos -  e criticados - com um humor ácido e até de forma bastante radical. Embora a personagem criada para apresentar as questões levantadas seja irônica e até bem revoltada com tantos absurdos e atrocidades cometidas por "homens ilustríssimos" que eram considerados importantes em suas épocas, é impossível não se indignar junto com ela, pois justamente devido a esses verdadeiros embustes que meteram o bedelho onde não foram chamados, hoje o mundo gira em torno do pinto, que sempre é visto como um troféu, enquanto a vulva, que antigamente era visto como algo sagrado, passou a ser algo considerado sujo e digno de vergonha.



"A menstruação é nojenta e imunda, e por isso deve ser escondida" (absorvente sempre deve dar segurança e "frescor"). "A mulher que tem TPM é histérica, e por isso não pode conviver socialmente". "O sangue da menstruação drena a inteligência da mulher, e isso impede que elas se concentrem nos estudos". "Mulheres não deveriam trabalhar se tiverem que ser remuneradas, pois a menstruação causa oscilações no humor que interferem em seus rendimentos" (mas incrivelmente não interferem em nada pra cuidarem dos filhos e da casa em tempo integral, enquanto se atura um marido imbecil). "A cólica menstrual está diretamente ligada ao nariz, logo uma rinoplastia deveria resolver o problema com a dor". "Mulheres que só atingem orgasmo via clitóris, são frígidas". "Vaginas com protuberâncias 'estranhas' eram bruxas, e por isso deveriam ser queimadas na fogueira". "A clitoridectomia (a remoção cirúrgica do clitóris) é a cura para a depressão, dor de cabeça, histeria e 'desobediência', e medida importante e necessária a se tomar em caso de divórcio ou masturbação"! "É pecado a mulher sentir prazer". "A vagina não passa de um buraco oco a ser preenchido por um pênis". Essas são somente algumas das "sábias" afirmações despejadas na sociedade por, claro, homens, e que foram levadas a sério o bastante para impactar no comportamento humano dos dias atuais.
Nem no esgoto tais barbaridades deveriam ser despejadas... É pra matar qualquer mulher de desgosto...


O livro tem várias curiosidades e imagens históricas de várias épocas, e levanta questões que envolvem ciência e religião, mas sempre sob a perspectiva distorcida de homens, com intuito de construírem a base da sociedade às suas conveniências, ao mesmo tempo que inferiorizavam as mulheres, só por serem mulheres.
Assim, diante desta leitura rápida, cheia de ironias certeiras e bastante esclarecedora, podemos entender que o comportamento da sociedade atual não veio do nada. Esse comportamento teve uma origem criada por homens e para homens, e isso acabou fazendo parte da cultura por séculos a fio, e faz até hoje. São fatores que elevam o machismo e o patriarcado, e nunca favorecem as mulheres.


Posso dizer que só tenho que agradecer pelo feminismo estar cada vez ganhando mais forças e fazendo com que as mulheres se empoderem, se orientem mais buscando por informações de todo tipo, se aceitem como são (incluindo seus corpos), e o mais importante de tudo: lutando por igualdade de forma a impedir que homens continuem ditando todas as regras com sua "infinita sabedoria". Os tempos mudam, as pessoas evoluem, e graças a isso muita coisa mudou, mas muitos homens parecem estar presos no século IV até hoje. A Origem do Mundo é um livro, no mínimo, necessário.



Na Telinha - (Des)encanto (1ª temporada)

5 de setembro de 2018

Título: (Des)encanto (Disenchantment)
Temporada: 1 | Episódios: 10
Elenco: Abbi Jacobson, Nat Faxon, Eric André, John DiMaggio
Gênero: Animação/Comédia/Fantasia
Ano: 2018
Duração: 24min
Classificação: +16
Nota:
Sinopse: Toda princesa tem seus deveres, mas ela quer mesmo é encher a cara. E com um elfo e um demônio como parceiros, levar o rei à loucura será uma tarefa fácil.

Mês passado, a nova série de fantasia medieval de Matt Groenning, o ilustre criador de Os Simpsons, estreou na Netflix para contar as peripécias da Princesa Tiabeanie Mariabeanie de La Rochambeaux Drunkowitz, ou Bean, como é chamada.


A história se passa no reino de Dreamland (ou Terra dos Sonhos, em português), e devido às alianças serem importantes entre os monarcas, o casamento arranjado era algo obrigatório. Bean é a filha do Rei Zog. Ela é uma jovem rebelde, aventureira e bastante encrenqueira, que contra sua vontade e para seu eterno desgosto, estava destinada a se casar com um príncipe insosso para firmar a dita aliança. Porém, no triste dia do seu casamento, ela recebe de presente um pequeno demônio chamado Luci, que se torna seu demônio pessoal e passa a lhe atormentar dando conselhos impossíveis e a metendo em várias furadas.



Em paralelo à essa história, Elfo é um elfo que vive em seu vilarejo mágico e alegre onde funciona uma fábrica de doces. Ele está de saco cheio de tanta cantoria e felicidade e decide deixar toda essa alegria pra trás para experimentar as desgraças do mundo real. Eis que ele chega à Terra dos Sonhos e, sem querer, acaba invadindo o casamento de Bean e se tornando mais um amigo improvável para compor esse trio de malucos, mas ao mesmo tempo acaba despertando o interesse dos magos do reino e do rei Zog, que querem usar o sangue dele para fins mágicos e obscuros.





A trama se desenvolve a partir dessa união entre Bean, Luci e Elfo, e cada episódio mostra uma aventura diferente do trio que vai desde bebedeiras, drogas, brigas em bar, planos de assassinato, e fugas frenéticas para salvarem as próprias vidas.

A série traz um enredo cheio de sarcasmo com críticas bem humoradas à temas como religião e machismo, e aborda o poder feminino através dessa princesa que adora uma curtição, com direito a bebedeira, jogatinas e afins, e que quer ser a dona de seu destino.


Não nego que embora a história se passe numa época passada, ela não deixa de ser atemporal, lembrando bastante Os Simpsons (que se passa no presente) e Futurama (que se passa no futuro), e não somente pelos traços característicos das animações de Matt Groenning, mas pelas críticas sociais que são bem parecidas e pertinentes, pelo humor ácido e inteligente, e pela forma como os personagens são construídos. O diferencial é que esta é de gênero fantástico e é protagonizada por uma personagem feminina que foge de estereótipos, principalmente para a época.

Mas, embora tenha sido uma série muito boa de se acompanhar de forma geral, acabou não tendo profundidade, foi desenvolvida de uma forma muito lenta, deixou algumas questões em aberto e acabou sendo mais do mesmo. Foi uma série que prometeu muito, mas entregou algo que não superou as minhas expectativas. Mesmo que (Des)encanto tenha apenas dez episódios curtos de pouco mais de vinte minutos, me peguei cochilando diversas vezes e tendo que voltar pro início pois a aventura da vez não me deixava envolvida o suficiente pra me manter ligada.


Apesar de haver questionamentos relevantes a vários moldes da sociedade, principalmente os tradicionais, e possuir uma trama maior envolvendo os interesses do reino por Elfo, haviam outras subtramas menores que poderiam ser mais interessantes do que a principal, mas que não ganharam a devida importância pela falta de aprofundamento, por algumas terem caído no esquecimento, ou por algumas cenas desprovidas de significado que, do contrário, talvez pudesse ter vindo a acrescentar algo à trama.
O fato de eu ter assistido os episódios no idioma original pode ter interferido na minha experiência, já que a dublagem usou e abusou de termos e memes brasileiros que, ao meu ver, não tem nada a ver com a série (e nem com nada que não seja nacional, pra ser sincera). Mesmo que possam ser criativos, não consigo achar graça dentro do contexto da história e, pra mim, é um recurso utilizado que, na maioria das vezes, modifica características únicas de personagens, e empobrece diálogos e situações.

Ao final, penso que (Des)encanto tem potencial e material de sobra para ir além e agradar muita gente com tantas questões atuais sendo abordadas numa época distante em meio ao bom humor, a magia, fantasia e várias confusões, mas vou precisar aguardar a segunda temporada, sem muitas expectativas dessa vez, já que a primeira ficou aquém do esperado.

Wishlist #50 - Funko Pop - The Princess and the Frog

4 de setembro de 2018

Acho que A Princesa e o Sapo é um dos poucos desenhos da Disney que não acho muito indicado pra crianças. Embora eu goste da história e admire muito a personagem Tiana pela força de vontade que ela tem em realizar seus sonhos através do trabalho duro, a história tem elementos sombrios e pesados demais envolvendo espíritos malignos e rituais bem assustadores que acho que estão além da compreensão dos pequenos.
Mas, em se tratando de popinhos, é claro que esse set gracinha não poderia ficar fora da lista.


Novidades de Setembro - Arqueiro

Eu Perdi o Rumo - Gayle Forman

Freya perdeu a voz no meio das gravações de seu álbum de estreia.
Harun planeja fugir de casa para encontrar o garoto que ama.
Nathaniel acaba de chegar a Nova York com uma mochila, um plano elaborado em meio ao desespero e nada a perder.
Os três se esbarram por acaso no Central Park e, ao longo de um único dia, lentamente revelam trechos do passado que não conseguiram enfrentar sozinhos. Juntos, eles começam a entender que a saída do lugar triste e escuro em que se acham pode estar no gesto de ajudar o próximo a descobrir o próprio caminho.
Contado a partir de três perspectivas diferentes, o romance inédito de Gayle Forman aborda o poder da amizade e a audácia de ser fiel a si mesmo. Eu perdi o rumo marca a volta de Gayle aos livros jovens, que a consagraram internacionalmente, e traz a prosa elegante que seus fãs conhecem e amam.

O Jardim Esquecido - Kate Morton

Uma criança abandonada, um antigo livro mágico, um jardim secreto, uma família aristocrática, um amor negado. Em mais uma obra-prima, Kate Morton cria uma história fantástica que nos conduz por um labirinto de memórias e encantamento, como um verdadeiro conto de fadas.
Dez anos após um trágico acidente, Cassandra sofre um novo baque com a morte de sua querida avó, Nell. Triste e solitária, ela tem a sensação de que perdeu tudo o que considerava importante. Mas o inesperado testamento deixado pela avó provoca outra reviravolta, desafiando tudo o que pensava que sabia sobre si mesma e sua família.
Ao herdar uma misteriosa casa na Inglaterra, um chalé no penhasco rodeado por um jardim abandonado, Cassandra percebe que Nell guardava uma série de segredos e fica intrigada sobre o passado da avó.
Enchendo-se de coragem, ela decide viajar à Inglaterra em busca de respostas. Suas únicas pistas são uma maleta antiga e um livro de contos de fadas escrito por Eliza Makepeace, autora vitoriana que desapareceu no início do século XX. Mal sabe Cassandra que, nesse processo, vai descobrir uma nova vida para ela própria.
Publicado originalmente como O Jardim Secreto de Eliza.

Sem Escolha - Sea Breeze #2 - Abbi Glines

Está cada vez mais quente na cidade litorânea de Sea Breeze, e Marcus Hardy encontrou o abrigo perfeito para passar os próximos meses de calor: o frequentado apartamento de Cage York.
As garotas estão sempre entrando e saindo de lá, em sua maioria mulheres lindas que nunca ficam mais de uma noite. Quando Marcus chega, está apenas buscando curar seu coração ferido. Só que uma das frequentadoras mais assíduas da nova casa logo chama sua atenção.
Willow – ou apenas Low – é a mulher com quem Cage pretende se casar. Mas os dois são completamente diferentes, e Marcus não entende como ela pode lidar tão bem com a infidelidade de Cage.
No fundo, Low precisa mesmo é de um homem de verdade... bonito e sensível como Marcus. Porém, as coisas não são tão simples, e esse relacionamento vai se complicar de um dia para o outro, assim que um grande segredo for revelado.
Em Sem Escolha, segundo livro da série Sea Breeze, Abbi Glines continua a atiçar a imaginação dos leitores com personagens sedutores e romances apimentados.

Um Acordo e Nada Mais - Clube dos Sobreviventes #2 - Mary Balogh

Embora Vincent, o visconde Darleigh, tenha ficado cego no campo de batalha, está farto da interferência da mãe e das irmãs em sua vida. Por isso, quando elas o pressionam a se casar e, sem consultá-lo, lhe arranjam uma candidata a noiva, ele se sente vítima de uma emboscada e foge para o campo com a ajuda de seu criado.
No entanto, logo se vê vítima de outra armadilha conjugal. Por sorte, é salvo por uma jovem desconhecida. Quando a Srta. Sophia Fry intervém em nome dele e é expulsa de casa pelos tios sem um tostão para viver, Vincent é obrigado a agir. Ele pode estar cego, mas consegue ver uma solução para os dois problemas: casamento.
Aos poucos, a amizade e o companheirismo dos dois dão lugar a uma doce sedução, e o que era apenas um acordo frio se transforma em um fogo capaz de consumi-los.
No segundo volume da série Clube dos Sobreviventes, você vai descobrir se um casamento nascido do desespero pode levar duas pessoas a encontrarem o amor de sua vida.

O Buraco da Agulha - Ken Follett

Este clássico de espionagem ambientado na Segunda Grande Guerra é repleto de tramas mirabolantes e intrigas internacionais. Um brilhante espião alemão, de codinome Agulha, corre contra o tempo para descobrir o segredo dos aliados e aniquilá-los. O espião fará de tudo, até mesmo tentar matar a bela inglesa por quem se apaixona, para conseguir seu intento e ajudar a Alemanha a vencer a guerra. Mas o seu grande engano foi não contar com a perspicácia da mulher. Os dias turbulentos que antecederam o desembarque na Normandia, o famoso Dia D, e um ritmo muito acelerado fazem desse suspense um hipnotizante thriller psicológico.


A Duquesa Feia - Eloisa James

3 de setembro de 2018

Título: A Duquesa Feia - Fairy Tales #4
Autora: Eloisa James
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance de época/Releitura
Ano: 2018
Páginas: 272
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Como ela ousa achar que ele a ama, quando Londres inteira a chama de Duquesa Feia?
Theodora Saxby é a última mulher com quem se poderia esperar que o lindo James Ryburn, herdeiro do ducado de Ashbrook, se casasse. Mas depois de um pedido romântico feito na frente do próprio príncipe, até a realista Theo se convence de que o futuro duque está apaixonado.
Ainda assim, os tabloides dizem que a união não durará mais do que seis meses.
Em seu íntimo, Theo acredita que os dois ficarão juntos para sempre… até que ela descobre que o que James desejava não era seu amor, mas seu dote.
E a sociedade, que primeiro se chocou com seu casamento, se escandaliza com sua separação.
Agora James precisará enfrentar a batalha de sua vida para convencer Theo que ele amava a patinha feia antes que ela se transformasse em cisne. E Theo logo descobrirá que, para um homem com alma de pirata, vale tudo no amor – e na guerra.

Resenha: A Duquesa Feia é o quarto livro da série Fairy Tales escrita por Eloisa James. A série traz releituras dos contos de fadas mais famosos da literatura e este é inspirado na história do Patinho Feio. Pelas histórias serem independentes e distintas, não é necessário ler os livros na sequência de lançamento. No Brasil ele foi lançado pela editora Arqueiro como o volume 3.

Theodora Saxby é uma jovem de dezessete anos e bem pé no chão, principalmente para a época, e está conformada por não se encaixar nos padrões de beleza femininos da sociedade. Não importa que sua mãe, que a enche de roupas com milhões de babados, e seu melhor amigo, quase um irmão com quem foi criada e que carinhosamente a chama de Daisy, James Ryburn, digam o contrário.
O duque de Ashbrook é o pai de James, o que torna o rapaz de dezenove anos o herdeiro do ducado, e, por ter sido melhor amigo do falecido pai de Theo, ficou responsável por cuidar do dote da garota até que ela se casasse.

Tudo estava indo bem até Theo se interessar por lorde Geoffrey Trevelyan e pedir a ajuda de James para chamar sua atenção, mas James acha que ela está acima de qualquer imbecil, principalmente deste biltre a quem ela manifestou interesse, e não fica nada feliz com essa ideia. E é essa situação que nos leva a uma discussão bastante tensa entre James e seu pai logo início da história, onde o problema maior é que o pai dele, que deveria cuidar dos assuntos financeiros de Theo, se endividou até o pescoço ao fazer investimentos absurdos ate perder a fortuna da família. Então, pra continuar com sua alta posição na sociedade, ele passou a gastar o dinheiro pertencente a garota, e sem ter pra onde recorrer, encurrala o filho para que ele finja estar interessado nela para que se casem e James possa colocar as mãos no que sobrou do dote, salvando a sua pele desse golpe.

Porém, mesmo acreditando que enganar a melhor amiga poderia significar seu fim, James começa a perceber que sempre esteve atraído por Theodora, e o casamento não seria uma farsa completa como ele havia imaginado, e faz um acordo com seu pai de forma que o pilantra não conseguisse mais ter controle sobre o dinheiro de Theo e sobre a propriedade ou terras da família.

Então, após um pedido de casamento que deixou toda a sociedade incrédula (toda a Londres considerava a garota horrorosa e vê-la com alguém tão bonito e charmoso como James foi um grande choque), ela acredita que a sorte estava a seu favor e que, enfim, poderá se casar e ser feliz. Até descobrir sobre seu dote e acreditar que James só se casou com ela por causa do dinheiro.
O escândalo que essa separação causou foi inevitável, e James, que foi expulso junto com seu pai da propriedade, acabou partindo.

Enquanto Theo decidiu abrir o próprio negócio, James se tornou um verdadeiro pirata. Sete anos se passaram e muita coisa mudou desde então, e ele decidiu que voltar para tentar reatar o casamento é o melhor a se fazer. Será que Theodora vai acreditar que ele sempre a amou?

Narrado em terceira pessoa, A Duquesa Feia é um livro que, até certo ponto, envolve bastante devido a forma fluída e gostosa como foi escrito, assim como a apresentação de personagens cativantes e divertidos, mas depois acaba se tornando arrastado e o desenvolvimento deixa a desejar. Já devo ter comentado sobre a escrita maravilhosa da autora nas resenhas dos outros livros dela, mas este, embora tenha seus pontos positivos, eu cheguei a estranhar um pouco pela falta do bom humor e dos pontos não serem amarrados com a devida coerência.

Neste romance, temos os personagens e o desenvolvimento de cada um deles, que se dividem no antes e no depois. A mudança de comportamento e personalidade que ambos sofreram a partir da separação, foi algo que, embora possa ter algumas justificativas, não me soaram tão agradáveis de se acompanhar, e a sensação é de que a autora teve uma ideia muito boa, mas num determinado ponto parece ter perdido a mão e deixou a história com uma resolução feita às pressas depois de um desenvolvimento raso e sem profundidade sobre perdão, redenção e amor.

No início, a autora apresenta uma jovem Theo alegre, inteligente, sarcástica e, em alguns momentos, uma mocinha impulsiva e até bem à frente de sua época. Ela é adorável, encantadora e as referências à sua falta de beleza são praticamente inexistentes a ponto de nem ser possível fazer alguma ligação real com a história do patinho feio. James também não fica atrás no quesito simpatia. Ele é um jovem bonito, e por mais atrevido que seja, ele é gentil, respeitoso e tem um coração enorme. E mesmo que as circunstâncias (não muito ideais) tenham feito com que esses dois se casassem, James realmente amava Theo, o casal era uma graça e foi bem divertido ver os dois juntos, até que eles se separam de forma traumática e deixaram que a má experiência os transformasse pra pior. Talvez a "feiura" tenha vindo daí, quem sabe.

Nesse período de sete anos, Theo se tornou uma mulher bem sucedida, mas muito fria, amarga, dependente da opinião da sociedade e focada exclusivamente nos negócios, e esse ponto deixa a impressão de que a mulher só pode ter sucesso numa área da vida (a profissional) se outra for inexistente (a amorosa). Ok, a ideia de uma mulher ter ficado amargurada depois de tamanha decepção a ponto de não acreditar mais no amor é algo aceitável, mas não quando essas feridas são curadas de forma instantânea, com "band-aid", como se nada tivesse acontecido.
James, que, depois de ter sido expulso, não pensou duas vezes em se jogar na vida de pirata e deixar tudo pra trás se tornando um cara grosseiro e intragável. Ele passou sete anos sem dar notícias, aproveitou a vida da forma que quis durante esse tempo, até que num momento de conveniência, ele decide que deve voltar e retomar o casamento com Theo como se o tempo nem tivesse passado. Mas, se ele realmente amava Daisy como dizia, por que diabos esse cara não lutou por ela antes de ter ido embora?

Depois desse balde de água fria me peguei pensando "agora a coisa vai ficar boa, porque Theo, que ficou tão insensível desse jeito, não vai aceitar esse embuste tão fácil, a menos que ele faça algo realmente grandioso pra reparar seus erros e mostrar o cara legal que ele foi lá no começo", mas não.
James não teve trabalho nenhum pra conseguir o que quis, e a reconciliação, que eu apostava ser o ponto alto e emocionante da história, foi resolvida com informalidade, em poucas páginas, com situações e diálogos desnecessários, e de forma bem inconsistente. Eu não consegui comprar essa ideia e o desfecho não me convenceu.

Enfim, talvez as leitoras que apreciem com mais afinco esses romances de época e suas características consigam encontrar explicações ou aceitar melhor a ideia desse romance, mas comigo não foi bem assim. Apesar de não ter concordado com o desenvolvimento dos personagens e a forma deles resolverem as coisas desde o reencontro até o desfecho da história, não foi uma leitura ruim, e pra quem curte romances de época é um livro que recomendo.


Resumo do mês - Agosto

1 de setembro de 2018


Acho que nunca na história da humanidade um mês passou tão rápido! Esse mês foi uma vergonha, acho que a pior da minha vida em relação ao blog, porque não consegui dar atenção quase nenhuma pra ele. Foram tantos problemas que apareceram na minha vida pra resolver praticamente sozinha, um estresse danado com tudo do dia-a-dia, incluindo meu computador que pifou e me deixou na mão por quase 10 intermináveis dias (e minha vida tá nesse computador, Jesus), que não tá nada fácil. Sete anos de arquivos importantes que quase foram perdidos, mas, por um milagre divino, consegui recuperar e passar a maioria das coisas pro HD novo. Os poucos posts que fiz foi pelo notebook do marido, que só serviu pra quebrar o galho já que o note é bem lento e eu não levo o menor jeito pra mexer naquilo, e agora que o pc voltou, preciso colocar tudo de volta no lugar, instalar todos os programas que uso, e já vi que vai ser mais uma coisa pra tomar o pouco do tempo que não tenho.

Pra quem ainda acompanha o blog, minhas mais sinceras desculpas, mas a sensação é a de uma bola de neve gigante rolando montanha abaixo que vem com tudo de uma vez só pra cima da gente D:

♥ Resenhas
A Louca dos Gatos - Sarah Andersen

Desafio Literário
- The Rory Gilmore Reading Challenge

♥ Wishlist
- Funkos de Matrix
- Funkos de Hocus Pocus

♥ Caixa de Correio de Agosto