Jardins da Lua - Steven Erikson

14 de maio de 2018

Título: Jardins da Lua - O Livro Malazano dos Caídos #1
Autora: Steven Erikson
Editora: Arqueiro
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 608
Nota:★★★★★
Sinopse: Desde pequeno, Ganoes Paran decidiu trocar os privilégios da nobreza malazana por uma vida a serviço do exército imperial. O que o jovem capitão não sabia, porém, era que seu destino acabaria entrelaçado aos desígnios dos deuses, e que ele seria praticamente arremessado ao centro de um dos maiores conflitos que o Império Malazano já tinha visto.
Paran é enviado a Darujhistan, a última entre as Cidades Livres de Genabackis, onde deve assumir o comando dos Queimadores de Pontes, um lendário esquadrão de elite. O local ainda resiste à ocupação malazana e é a joia cobiçada pela imperatriz Laseen, que não está disposta a estancar o derramamento de sangue enquanto não conquistá-lo.
Porém, em pouco tempo fica claro que essa não será uma campanha militar comum: na Cidade do Fogo Azul não está em jogo apenas o futuro do Império Malazano, mas estão envolvidos também deuses ancestrais, criaturas das sombras e uma magia de poder inimaginável. 

Resenha: Jardins da Lua é o primeiro volume (de dez) da série de alta fantasia O Livro Malazano dos Caídos, escrita pelo autor canadense Steven Erikson.

Depois do assassinato do Imperador Kellanved, o reino passa por tempos sombrios. Sob o comando da implacável e ambiciosa Imperatriz Lassen, o Império Malazano busca conquistar a Cidade do Fogo Azul, a última das Cidades Livres de Genebakis. Porém, nada será tão fácil quanto eles pensam. Os Queimadores de Pontes, o lendário esquadrão de elite de Darujhistan, agora está sob comando do capitão Ganoes Paran e, após várias reviravoltas e descobertas importantes, fica claro que algo muito maior, onde até mesmo os deuses ancestrais e várias criaturas sombrias estão envolvidos, vem pela frente. Uma guerra se aproxima e ninguém é capaz de prever o que será do Império Malazano...

A escrita do autor, a princípio, parece ser densa e complexa devido a grande quantidade de informações que nos é passada, muitas delas de forma bem sutil, mas é muito precisa e sem floreios. A narrativa é peculiar e o leitor pode demorar um pouco até se acostumar com a forma como a história é conduzida, talvez por pensar que alguns detalhes que possam passar despercebidos não serão importantes lá na frente quando serão, e muito, mas não posso negar que quando conseguimos nos situar nesse universo fantástico, a experiência será única e a sensação é de estarmos numa viagem incrível e inesquecível. A sensação inicial é de que o autor vai escrevendo desenfreadamente enquanto o leitor é jogado pra dentro de um universo desconhecido enquanto se vira pra entender o que diabos está acontecendo, e por esse motivo essa é uma leitura que deve ser feita com calma e com atenção redobrada. As informações que parecem não ter importância são as principais que devem ser usadas para se montar o quebra cabeças gigante que o autor construiu aqui.

Todos os personagens estão alí por alguma razão e contribuem para o desenvolvimento da trama, sendo principais ou secundários. As personagens femininas são um grande exemplo de empoderamento, inclusive, e foram criadas com personalidades distintas e trabalhadas de uma forma bastante natural sem que pareça que o autor as criou daquela forma apenas para dar lições de feminismo ou coisa do tipo (até mesmo porque algumas tomam decisões um tanto questionáveis pra mim). Por mais que os personagens sejam bem construídos e com particularidades importantes para a trama, narrando através de seus pontos de vista o que se passa na história, o foco recai sobre o Império Malazano. É como se o cenário ganhasse vida e fizesse parte do enredo como um protagonista. Algumas coisas ficam em aberto, e isso já era mais do que esperado visto que ainda virão vários volumes pela frente para que o autor possa trabalhar com mais profundidade as questões levantadas, e um dos pontos bem interessantes sobre os personagens é que o leitor fica livre para sentir ou não empatia por eles de acordo com suas concepções e interesses. Nem sempre o interesse de um visa o bem maior do outro, mas sim o seu próprio, logo é comum que em alguns momentos nos deparemos com cenas cruéis e revoltantes sem que necessariamente parta de um "vilão". Todos tem seus próprios objetivos onde nem sempre os fins são justificados pelos meios, e é exatamente isso que torna a fantasia algo crível, por tem várias semelhanças com a realidade.

Em suma, pra quem gosta de histórias épicas, como Senhor dos Anéis, As Crônicas de Gelo e Fogo e afins, esta série é mais do que indicada.

Wishlist #35 - Funko Pop - Coco

12 de maio de 2018

Coco (ou Viva, a Vida é Uma Festa) foi uma das animações mais bonitinhas que já vi, tem até a crítica aqui no blog. Nem preciso dizer que os fofos dos popinhos já entraram pra lista gigante.
O problema é que aqui no Brasil eles não são muito fáceis de serem encontrados, mesmo que o preço não seja tão exorbitante assim. O jeito é importar os fofildos pra fazerem parte da coleção.

A Mulher na Janela - A.J. Finn

11 de maio de 2018

Título: A Mulher na Janela
Autor: A.J. Finn
Editora: Arqueiro
Gênero: Suspense
Ano: 2018
Páginas: 352
Nota:★★★★★
Sinopse: Anna Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e... espionando os vizinhos. Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir. Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo? O que é realidade? O que é imaginação? Existe realmente alguém em perigo? E quem está no controle? Neste thriller diabolicamente viciante, ninguém – e nada – é o que parece. "A Mulher Na Janela" é um suspense psicológico engenhoso e comovente que remete ao melhor de Hitchcock.

Resenha: Anna Fox, uma psicóloga de trinta e oito anos, teve alguns problemas bem delicados em sua vida e um trauma bem sério acabou desencadeando nela a agorafobia, um transtorno psicológico que causa ataques de pânico quando o indivíduo se encontra em grandes locais abertos ou lugares públicos. Reclusa em casa há alguns meses por achar que ali é o único lugar seguro que pode ficar, Anna vive sozinha, longe do marido e da filha de oito anos, levando sua vida decadente com filmes antigos, bebida, remédios, fazendo compras ou conversando com estranhos pela internet, e espionando os vizinhos através de sua janela...
Quando os Russells se mudam para a casa ao lado, Anna fica obcecada com a ideia de uma família perfeita, até que algo totalmente inesperado e aterrorizante acontece e sua vida acaba sendo tomada por um caos absoluto. O problema é que seu distúrbio impede que ela possa distinguir se o que viu é real ou não, e cabe a ela provar o que alega ter visto...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Anna, o leitor fica limitado ao que se passa e é impossível não ficar curioso e se surpreender com detalhes que não sabemos se são reais ou se são só alucinações de sua cabeça. A ideia de Anna misturar bebida com remédios também não faz com que ela seja confiável, então é bem comum que em vários pontos haja dúvidas sobre a versão dela dos fatos.
Embora o livro comece com um ritmo bem lento e pareça confuso, ficamos instigados a continuar a leitura para sabermos o que aconteceu com Anna para que ela desenvolvesse tal fobia. Assim, vamos acompanhando sua rotina monótona e algumas de suas lembranças que, gradualmente, vão revelando cada vez mais sobre essa protagonista considerada louca e cheia de segredos e o que, de fato, aconteceu para que ela tenha deixado de sair de casa. Essas informações vão se mesclando com os acontecimentos recentes, com o que ela idealiza e com o que acredita ter visto enquanto bisbilhotava a vida alheia, e um thriller surpreendente e arrebatador nos é entregue. É possível que alguns leitores considerem a forma como a história é desenvolvida bem cansativa, pois em alguns pontos quando ela parece ganhar uma guinada as coisas voltam a estaca zero e a vontade é de esmurrar Anna na cara, mas é possível compreender que se trata de uma personagem problemática, que sofre de um transtorno mental sério e que sua visão de mundo muitas vezes é bem distorcida. O autor acaba nos colocando na pele dela, e por mais incômodo que isso possa ser, acaba sendo importante para uma experiência mais real com a história.
O autor também traça várias direções e é impossível saber o caminho certo pois, devido a situação de Anna, seguimos cheio de dúvidas e desconfianças, e além do mistério acerca do suposto assassinato e sobre o próprio passado da protagonista que movem a trama, ainda há espaço para informações relevantes sobre a agorafobia, a depressão e a solidão de forma bem convincente e realista.

Pra quem gosta de suspenses que nos deixam aflitos e traz bastante tensão, A Mulher na Janela é super indicado.

Na Telinha - Aggretsuko (1ª Temporada)

10 de maio de 2018

Título: Aggretsuko (アグレッシブ烈子)
Temporada: 1 | Episódios: 10
Distribuidora: Netflix/Sanrio
Elenco: Kaolip e Rarecho (death metal voice), Sohta Arai, Rina Inoue, Shingo Kato, Maki Tsuruta, Komegumi Koiwasaki, Yuki Takahashi
Gênero: Anime/Drama/Comédia
Ano: 2018
Duração: 15min
Classificação: +12
Nota:★★★★★
Sinopse: Frustrada com o emprego, Retsuko, a panda vermelha, encara a luta diária cantando death metal em um karaokê depois do expediente.

A Sanrio e seus personagens gracinhas que esbanjam fofuras surpreendem cada vez mais, vide Hello Kitty, Chococat e companhia. Agora, baseado na panda vermelha Retsuko, a Netflix, nessa super parceria, recentemente lançou o anime Aggretsuko (Agressive Retsuko), voltado a um público mais adulto devido às questões abordadas e que, pra mim, acertou em cheio, tanto pela animação super cute e colorida quanto pela temática que faz qualquer um refletir sobre a própria vida.



"Retsuko, escorpiana, 25 anos, solteira, sangue tipo A", como ela se denomina, trabalha no setor contábil de uma grande empresa há cinco anos mas está exausta e muito insatisfeita, tanto pela rotina de pegar metrô lotado todo santo dia, pelo trabalho ser completamente desgastante e quanto por ter que lidar com um chefe que abusa de seu poder e com colegas inconvenientes no ambiente profissional. Para espairecer um pouco, ela frequenta um karaokê onde virou cliente assídua e, numa sala reservada, se joga - e se transforma em quem é de verdade - cantando/gritando death metal como ninguém.



Não se deixem enganar pelos traços infantis e bonitinhos do anime. Ele mostra com bastante fidelidade o cotidiano exaustivo do trajeto para o trabalho e do dia-a-dia, dos funcionários dentro de uma empresa e, por isso, vai se bem fácil que muitos se identifiquem com as situações abordadas, desde as mais simples, como colegas que adoram espalhar fofocas, chefes folgados, puxa-sacos, gente que vive de aparências e etc, até as mais delicadas como o abuso de poder, agressões e abusos psicológicos.



Retsuko é aquela personagem que acabou se acomodando a esse tipo de vida, e, por ser insegura e certinha demais, ela tem medo de arriscar, deixando de aproveitar oportunidades e explorar novos horizontes por se agarrar a ideia de que deve se prender naquilo que acha certo e estável, por mais que aquilo a faça infeliz, em vez de apostar no que é ''duvidoso". Ela engole desaforo porque tem contas pra pagar e se conforma com o que tem. Todos os problemas que a deixam saturada vão se acumulando, e o death metal é sua única válvula de escape, seu refúgio que lhe serve de consolo, principalmente porque as letras resumem tudo aquilo que ela gostaria de por pra fora, como mandar o chefe a merda por exemplo, mas guarda pra si pra não colocar o emprego em risco. Quando a situação sai de controle e o expediente ainda não acabou, ela corre pro banheiro com seu inseparável microfone e dá seus berros por lá mesmo.



Ainda dentro do universo dos embustes da vida, a segunda metade do anime ainda mostra que nada é tão ruim que não possa piorar. Retsuko conhece Resasuke, que trabalha no setor de vendas da empresa. Além dele ser tratado pelos amigos como um objeto de decoração no escritório, ele ganhou o apelido de "Príncipe Egoísta" por sempre pensar em si mesmo, mas Retsuko é a única que não consegue enxergar isso quando se pega apaixonada por ele, mesmo com os constantes avisos de suas amigas de que o cara não tem nada demais e não é alguém que se importe de verdade com ela, ou com o quanto fica evidente que ele está nesse relacionamento por livre e espontânea pressão dos colegas de trabalho. Este acaba sendo um exemplo claro e direto sobre as armadilhas do romance é o quanto é prejudicial, em todos os sentidos, estar num relacionamento onde o sentimento não é recíproco. Enquanto ela o enxerga como um príncipe encantado, maravilhoso e de olhos brilhantes, ele é totalmente aéreo e alheio a qualquer coisa à sua volta e não está nem um pouco interessado em manter um relacionamento com ninguém, e nem parece se importar com isso, e Retsuko, no mundo da lua, não enxerga que está numa furada e ainda acaba prejudicando seu desempenho no trabalho por estar envolvida com alguém que não liga e nem se preocupa em fazê-la feliz.





Assim ela vai aprendendo com as próprias experiências que, apesar de tudo, ela não deve deixar de ser quem é para agradar os outros ou pra se sentir realizada de alguma forma. E suas boas amigas e aqueles que realmente se importam com ela estão ali pra ajudá-la nessa jornada que é a vida adulta.

Ter responsabilidades não significa precisar se submeter a qualquer coisa em nome dos boletos que precisamos pagar. Estar num relacionamento não impede que nossos olhos fiquem fechados para os defeitos que o outro tem, idealizando o que queremos enquanto ignoramos o que temos. Pra mim, foi simplesmente incrível acompanhar um anime, aparentemente bobinho, que aborda questões relevantes de uma forma descomplicada, engraçada e inspiradora.
Aggretsuko é uma pequena lição de vida em forma de anime e já estou ansiosa por uma segunda temporada, com mais episódios, por favor.