Por um Toque de Magia - Carolina Munhóz

6 de dezembro de 2017

Título: Por um Toque de Magia - Trindade Leprechaun #3
Autora: Carolina Munhóz
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Emily O'Connell finalmente chega ao final do arco-íris mais desejado. Sem saber o que irá encontrar, ela vai precisar mais do que nunca de toda sorte existente.
No final dessa jornada, ela se vê caminhando ao lado de seu inimigo e de todas as suas vítimas. De Los Angeles a Praga, de Amsterdã a São Francisco, ela percorrerá o mundo juntando as peças finais para seu último ato de volta à sua amada Dublin, onde tudo começou.
Como sobreviverá reencontrando o homem que tanto a machucou e finalmente descobrindo o assassino de seus pais, ela não sabe, mas aquela é a hora de terminar sua busca. É hora de encontrar a sua magia. E pagar o preço por isso.

Resenha: Emily O'Connell já passou por poucas e boas desde que descobriu ser dotada do toque de ouro, e depois de ter a vida virada de cabeça pra baixo, vamos, enfim, descobrir o que há no final do arco-íris.
Levando uma vida sem glamour algum, Emily está focada em descobrir mais, tanto sobre a morte dos pais, como recuperar seu toque de ouro que fora roubado, mesmo que pra isso tenha que seguir ao lado de Aaron, que a enganou e partiu seu coração em mil pedaços e agora lhe deve muitas respostas. Ela viajará pelo mundo a fim de montar um enorme quebra-cabeças para conseguir justiça e para retomar a própria vida, e, talvez, o fim dessa jornada seja exatamente onde tudo começou: em Dublin, na Irlanda.

Seguindo o padrão dos volumes anteriores, a narrativa é feita em terceira pessoa e mostra todas as reviravoltas no novo rumo que Emily deu à sua vida. Seus objetivos lhe renderam inimigos perigosos, inclusive se aliar a aquele que lhe traiu de forma tão cruel, mas descobrir as verdades que ele esconde, vai trazer à tona detalhes de sua história e de como sua vida foi uma mentira desde que se entende por gente.
Emily é movida pelo desejo de justiça, mas também pensa em vingança, mas, sem ajuda, ela sabe que jamais conseguirá chegar muito longe. Se antes Emily tinha dinheiro e amigos, agora ela não tem nada e está sozinha, mas talvez isso tenha sido fundamental para que ela pudesse ver um outro lado da moeda e dar valor ao que realmente importava, coisa que a criatura não fazia quando era egoísta, imatura, esbanjava dinheiro e curtia como ninguém sem sequer pensar nos outros.

Talvez eu tenha sido muito dura na resenha do livro anterior, que me tirou a paciência e quase me fez desistir, mas este, apesar de ter sido levemente mais interessante, não é tão diferente assim. Os diálogos não me agradaram pois sempre me soam fúteis e desnecessários, e as descrições, que nem sempre fazem alguma diferença na história, acabam sendo exageradas. Não lembro de ter um personagem sequer que eu realmente tenha admirado, e fazer uma combinação amorosa entre Emily, Aaron e Liam foi a pior coisa que já acompanhei na minha vida. Detesto personagens que se deixam levar pela atração, principalmente quando essa atração é por alguém nada a ver, quando há coisas muito mais graves e urgentes acontecendo lá fora para se preocupar. Sei que as pessoas não são perfeitas e aprendem com os erros, mas embora Emily perceba que precisa se tornar alguém melhor, o que é uma prova de amadurecimento, pra mim não foi o bastante. Ela também entende que estar ao lado de alguém não significa não estar sozinha, pois ela está mais sozinha do que nunca, e o passado nem sempre deve ser enterrado e esquecido, pois foi por causa do que aconteceu no passado que ela ganhou experiências que a moldaram e a tornaram quem ela é hoje, por pior que tenha sido.

Enfim, olhando a história desse último livro e a trilogia como um todo, a ideia da trama em si não é ruim, não. O problema é a narrativa, a forma como as coisas se desenrolam, é o revirar de olhos eterno pra tantas bobagens. São detalhes que não me convenceram, que são superficiais demais ou que estão ali só pra enfeitar sem um propósito maior, e nem as descrições das cidades que fazem com que o leitor viaje e experimente um pouco dos costumes locais junto com a protagonista, e nem o progresso e a evolução de Emily como pessoa, não foram o bastante pra me agradar... Eu realmente já tinha ficado saturada do restante.

Acredito que seja um livro que deva agradar leitores que gostem de fantasia urbana, que valorizem detalhes sobre viagens e descrições acerca de pontos turísticos, e curtam personagens que aprendem e amadurecem com as experiências trágicas da vida, desde que não se importem com as asneiras, claro, mas sem esperar por grandes lições ou mensagens mais relevantes.

O Conto da Deusa - Natsuo Kirino

5 de dezembro de 2017

Título: O Conto da Deusa
Autora: Natsuo Kirino
Editora: Rocco
Gênero: Romance
Ano: 2014
Páginas: 288
Nota:★★★★☆
Sinopse: Nesta releitura de um conto milenar, a aclamada escritora de romances policiais Natsuo Kirino, ganhadora dos mais importantes prêmios do gênero, deixa de lado suas tramas urbanas para recriar um antigo capítulo da mitologia japonesa: a lenda das irmãs Izanagi e Izanami. Ambientada em uma ilha mística em forma de gota de lágrima, O Conto da Deusa é uma trágica história de amor e vingança, que reconta o mito da criação do Japão, com a marca inconfundível da autora. 

Resenha: Numa ilha ao sul de Yamato, conhecida não só por ter seus próprios costumes, mas por ser considerada a ilha mais próxima ao sol onde os deuses transitavam, vivem as irmãs Kamikuu e Namima, que sempre foram muito unidas. Porém, pela tradição da família Umihebi elas deveriam ser separadas para que o destino fosse cumprido. Por ser a mais velha, Kamikuu, com seis anos de idade, é levada de casa a fim de ser treinada pela avó, Mikura-sama, para se tornar o próximo Oráculo, a sacerdotisa responsável por abençoar a ilha e por orar pelos homens que iam para o mar. Assim, ao ver a irmã partir, Namima sentia que um pedaço de si mesma lhe fora arrancado, não entendia porque não poderia ter contato com sua amada irmã, e não fazia ideia do que o futuro lhe reservaria a partir de então...
Segundo a tradição, e respeitando a dualidade entre Yin e Yang (opostos que se completam), o Oráculo além de precisar ser uma mulher, deveria ser Yang, e ao se tornar uma sacerdotisa, Kamikuu governaria o Reino da Luz. Em contrapartida, a que nascesse depois representaria o Yin, e seria responsável pelo Reino das Trevas para velar os mortos, e isso acaba não sendo nenhuma surpresa quando a história começa com Namima já contando que está morta... O que o leitor irá descobrir é a sua trajetória e seus segredos, até que ela completasse dezesseis anos e se tornasse a guardiã do Amiido, o lugar onde os mortos são enterrados e descansam.

A narrativa, que intercala primeira e terceira pessoa, não é muito ágil, mas ainda assim prende pelos detalhes e pela curiosidade do que está por vir. Na primeira parte a autora mostra a vida de Namima, desde quando nasceu até quando se tornou sacerdotisa da deusa Izanami, de quem também conhecemos o passado e vemos todos os motivos para nutrir tanto ódio e desejo de vingança, e na segunda parte a criação do Japão ganha destaque.

Vemos Kamikuu e todos os privilégios concedidos a ela, desde o melhor lugar para morar até a fartura que lhe é oferecida enquanto os aldeões passam fome, e Namima, que passa a ser considerada uma "impura", ser constantemente desprezada e humilhada, cuja existência só é necessária para velar aqueles que já se foram.
Claro que o romance não poderia faltar, e aqui o "mocinho" é Mahito, um rapaz nascido em uma família amaldiçoada, a Umigame, e que jamais poderia se envolver com a família Umihebi. A paixão secreta e proibida sustenta uma parte considerável do suspense e do drama vivido por Namima, principalmente quando há uma criança entra em jogo e uma terrível traição acontece, mas o que fica em evidência, devido à lenda, é a ligação entre Namima e a deusa Izanami, que está cheia de amargura e é movida por vingança há milênios por algo que Izanagi fez. E quando Namima se torna sua sacerdotisa, ela consegue enxergar além e entender pelo que Izanami passa, pois sua vida também foi extremamente sofrida até ter sido traída de forma inimaginável por quem ela menos esperava.
Na companhia de Izamani, Namima descobre todas as injustiças que foi obrigada a sofrer, e isso só desencadeia ódio, revolta e a busca pela justiça. E assim como a deusa, ela quer vingança. O que ela ainda não entendeu, é que existem situações que jamais poderão ser mudadas, e resta a ela aprender a lidar com o fardo que o destino lhe incumbiu.

O Conto da Deusa é uma releitura de uma lenda da mitologia japonesa sobre a criação do Japão e da origem dos deuses Izanagi e Izanami, e os detalhes acerca do cenário e dos detalhes descritos pela autora são uma obra de arte a parte.
Vou ser sincera em assumir que, apesar de admirar as belezas da cultura, não conheço nada do folclore ou da mitologia japonesa, e talvez se eu já tivesse um conhecimento prévio minhas impressões da leitura poderiam ser diferentes. Isso não impediu que eu pesquisasse sobre depois, mas penso que, mesmo que eu tenha gostado da história, se eu já tivesse tais informações de antemão a experiência seria outra, e acho que seria mais positiva.

Enfim, assim como o Yin e o Yang, a autora consegue mostrar através dessa releitura que os opostos não só se atraem, como também se completam. Assim, lendas japonesas milenares e fantasia se unem para que uma história muito bonita sobre os opostos amor e ódio, alegrias e tristezas, e vida e morte possa ser contada.

A Maldição de Hollow - Nora Roberts

4 de dezembro de 2017

Título: A Maldição de Hollow  - A Sina do Sete #2
Autora: Nora Roberts
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Romance
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★★★
Sinopse: Quando tinham apenas 10 anos, Fox, Cal e Gage libertaram um demônio aprisionado havia séculos ao fazerem um pacto de sangue sobre a Pedra Pagã. O inocente ritual deu poderes sobrenaturais aos três jovens, mas lançou uma terrível maldição sobre Hawkins Hollow: a cada sete anos, a cidade é dominada por atos de loucura, violência e destruição.
Vinte e um anos depois, esses irmãos de sangue começam a enfrentar mais um ciclo de batalhas contra o demônio, que terá seu auge no sétimo mês. Mas desta vez não estarão sozinhos: ao lado do trio de amigos estão Quinn, Layla e Cybil, três mulheres corajosas ligadas a eles pelo destino.
Fox O’Dell, o advogado da cidade, é capaz de ler mentes, um talento que compartilha com Layla Darnell. A conexão entre eles pode se tornar o trunfo de que o grupo precisa para derrotar as trevas que ameaçam engolir a cidade. Porém, Layla está tendo dificuldade em lidar com sua recém-descoberta habilidade e com a forte atração que sente por Fox.

Resenha: A Maldição de Hollow é o segundo livro da Trilogia A Sina do Sete, escrito por Nora Roberts e publicado pela Editora Arqueiro.

No primeiro livro, Carl havia chamado Quinn em busca de uma visão imparcial acerca dos acontecimentos. Assim que chegou à cidade, conheceu Layla que havia chegado sem saber como nem porque, simplesmente entrou no carro e parou lá, A seguir chamou sua melhor amiga Cybil, formando então um trio que sem imaginar, estavam muito mais envolvidas com os acontecimentos sombrios da cidade do que supunham. Assim como seus destinos se ligavam ao destino dos três rapazes que começaram toda a maldição: Carl, Fox e Gage, além de nem imaginar porquê estavam ligadas à própria maldição. E para facilitar ainda mais as coisas, no meio de toda essa bagunça Carl e Quinn se apaixonaram lá no livro anterior. Precisam aprender a lidar com seu relacionamento em meio à essa loucura toda que o menino dos olhos vermelhos apronta com eles!

Se no livro anterior o romance foi entre Cal e Quinn, nesse vemos Fox e Layla se envolvendo, bem mais devagar e com muito mais "não quero ficar com você" do que com o "eu te amo" do outro casal. Ela foi trabalhar de secretária do escritório de Fox, o que facilita e dificulta as coisas, mas não tem jeito, a mesma ligação que o outro casal tem este também tem, seja por causa da maldição ou não, estão todos ligados!

Recapitulando... quando os meninos completaram dez anos, foram comemorar seu aniversário na Pedra Pagã, um lugar que diziam ser amaldiçoado. Crianças que eram e sem acreditar em superstições, foram...acabaram por libertar alguma coisa que fazia com que a cada 7 anos, durante 7 dias e 7 noites, algo sinistro pairasse sobre a cidade fazendo com que as pessoas ficassem extremamente violentas, agredissem quem quer que fosse, chegando até a matar, sem lembrar de nada depois.

Os meninos, ao longo dos 21 anos depois da maldição tentaram de tudo para evitar e não conseguindo, para "suavizar" as coisas, já que eles não eram afetados por tal loucura só que desta vez tem alguma coisa diferente, as coisas que só aconteciam durante "Os Sete" que é como eles passaram a chamar aquele período passaram a acontecer bem antes do esperado e de forma cada vez mais intensa. As coisas estão saindo do controle e os seis amigos vão tentar tudo o que for possível pra acabar com essa terrível maldição antes que ela acabe com a cidade! Assim, vão em busca de seus antepassados, que descobriram, começaram toda essa confusão. Vão descobrir muita coisa, e sabem agora que têm muito mais a desvendar.

Junte toda essa confusão ao romance entre Carl e Quinn que está cada vez mais forte e mais fofo, mais o romance entre Layla e Fox que estão tentando aprender a equilibrar toda a vida deles, mas têm agora um relacionamento bem intenso porém nada fofo já que a personalidade de ambos não ajuda e eles brigam toda hora, o que também é bem bonitinho e a tentativa, pelo jeito fracassada de Gage e Cybil de não se envolver e temos um romance sobrenatural de tirar o fôlego, com bastante mistério, um draminha pra contrabalancear e uma pitada de humor!!!

Tem muita coisa acontecendo, muita coisa para contar, mas são tantos os mistérios e confusões que qualquer coisa dita pode acabar com um mistério futuro e fazer sua leitura perder a graça, então, não vendo outro jeito, preciso parar de falar por aqui, mas posso contar que é um livro maravilhoso, com uma excelente narrativa, personagens fortes e um enredo maravilhoso!


A Luneta Âmbar - Philip Pullman

3 de dezembro de 2017

Título: A Luneta Âmbar - Fronteiras do Universo #3
Autor: Philip Pullman
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Aventura/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 504
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em todos os universos, forças se reúnem para tomar um lado na audaciosa rebelião de lorde Asriel contra a Autoridade. Cada soldado tem um papel a desempenhar – e um sacrifício a fazer. Feiticeiras, anjos, espiões, assassinos e mentirosos: ninguém sairá ileso. Lyra e Will têm a tarefa mais perigosa de todas. Com a ajuda de Iorek Byrnison, o urso de armadura, e de dois minúsculos espiões galivespianos, eles devem alcançar um mundo de sombras, onde nenhuma alma viva jamais pisou e de onde não há saída. Enquanto a guerra é travada e o Pó desaparece nos céus, o destino dos vivos – e dos mortos – recai sobre os ombros dos dois. Will e Lyra precisam fazer uma escolha simples, e a mais difícil de todas, com consequências brutais. A luneta âmbar é o último livro da trilogia Fronteiras do Universo, que teve início com A bússola de ouro e A faca sutil. Uma conclusão emocionante, que leva o leitor a novos e fantásticos universos.

Resenha: No desfecho da trilogia, acompanhamos não só Will em busca de Lyra, que fora sequestrada e mantida escondida, mas o plano de lorde Asriel para enfrentar a Autoridade. Com a ajuda de anjos, espiões minúsculos e do próprio Iorek Byrnison, o urso de armadura, o Mundo dos Mortos é um dos universos que as crianças precisam passar para terem respostas e para enfrentar o maior obstáculo de todos: A Autoridade.
Enquanto isso, conhecemos Mary Mallone, uma física que está viajando pelos mundos, guiada pelo I-Ching, que é basicamente outra versão do aletiômetro, e encontra curiosas criaturas elefantinas num desses universos. Posteriormente ela terá uma ligação com Lyra importante para o desfecho.
Simultaneamente, temos Lorde Asriel e a Srta. Coulter e seus respectivos planos secretos, cada um em busca dos próprios interesses.

Diferente dos livros anteriores, a dinâmica de A Luneta Âmbar é diferente. Este volume tem um desenvolvimento mais lento, com personagens, detalhes e descrições que não parecem ser realmente fundamentais para o desenrolar da trama e há muitas passagens confusas. Embora o desfecho da história tenha sido emocionante pra mim e a trilogia seja uma das minhas favoritas da vida, não nego que este foi o volume mais cansativo de se finalizar, principalmente por ter um outro "tom" se comparado aos anteriores.
Desde o início o leitor sabe que os protagonistas da trilogia são crianças, uma mentirosa de carteirinha e um assassino assumido, que na maioria das vezes não se comportam como crianças. Essas "habilidades" que eles têm são as ferramentas que eles precisam para enfrentar os obstáculos e acabam sendo uma forma de mostrar que por mais que as pessoas sejam capazes de usar atributos considerados como sendo de vilões, elas podem ser mocinhos. Basta olhar a situação usando uma perspectiva diferente. Eles lidam com problemas e constantemente ficam diante de enormes desafios e perigos que não correspondem exatamente à realidade, mas acredito que o foco maior, além de trazer uma história fantástica em meio a esse universo incrível, é a crítica -  e em alguns pontos até necessária - nas entrelinhas de uma história aparentemente infantil e inocente sobre a essência do ser humano.

Fazendo um apanhado geral sobre a trilogia, penso que trata da história de uma garotinha que enfrenta um universo inteiro para descobrir que o amor tem poder o suficiente para superar todas as adversidades, porém com o toque particular do autor ao embutir a crítica acerca da religião da forma que é encarada por ele, mais especificamente sobre a igreja, que é retratada como uma instituição que manipula a sociedade para que acreditem no que querem de acordo com o que é conveniente. Pra mim, é como se o autor quisesse dizer que as pessoas não estão "livres" quando se prendem a crenças religiosas que condenam desde a sexualidade até a imaginação, e a abordagem para o pecado original e as consequências que perduram até a atualidade ilustram perfeitamente isso. A liberdade plena, de corpo e mente, só viria quando - e se - a igreja caísse para que, assim, não houvesse mais interferências vindas da religião e as pessoas pudessem pensar sem serem influenciadas de alguma forma. Não penso que a ideia do autor seja tornar Deus um tipo de vilão, mas mostrar que muitas vezes a igreja aponta coisas simples, inocentes e naturais como coisas abomináveis quando não deveriam ser.

A grande guerra que fora prometida não foi tão épica quanto eu esperei. Não houve a devida intensidade e nem detalhes o bastante para torná-la grandiosa, e tudo foi resolvido de forma relativamente rápida, mesmo que não tão fácil.

O livro não é perfeito, tem algumas falhas e em muitos pontos é complexo demais pra ser facilmente compreendido. Requer inclusive algumas pesquisas para um melhor entendimento. Mas mesmo assim, ao meu ver, fechou a trilogia com sucesso e pra quem tem a mente aberta é leitura mais do que recomendada. A trilogia traz uma história cheia de camadas significativas e simbolismos em meio a uma fantasia memorável e inesquecível.