A Garota Dele - Simone Elkeles

17 de dezembro de 2016

Título: A Garota Dele - Wild Cards #2
Autora: Simone Elkeles
Editora: Globo Livros
Gênero: YA
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino
Sinopse: Vic Salazar é conhecido por quebrar todas a regras. Ele não se importa com as normas sociais e vive causando problemas. Existe apenas um princípio que ele não é capaz de infringir: mesmo que esteja apaixonado por Monika Fox há anos, ele sufoca esse sentimento porque ela é a namorada do seu melhor amigo, Trey.
Mas o relacionamento de Monika e Trey não está em boa fase. Ele está estressado com a pressão para ser o melhor da escola e vencer o campeonato estadual de futebol, e Monika descobriu um segredo terrível que ele a fez jurar nunca revelar.
Quando uma desgraça acontece, Vic e Monika serão obrigados a romper a distância que mantêm um do outro e será cada vez mais difícil esconder a conexão que existe entre eles. Tentar fazer a coisa certa nem sempre é fácil, ainda mais quando tantos segredos estão sendo escondidos...

Resenha: A garota dele é o segundo volume da série Wild Cards escrita pela autora Simone Elkeles. Diferente do primeiro, este volume foi lançado pelo selo Globo Alt, da Globo Livros.
Apesar dos personagens do primeiro livro aparecerem (Derek e Ashtyn), o foco fica em outro casal que também é apresentado anteriormente (mas sem o devido aprofundamente, claro), logo a leitura de Amor em Jogo não é obrigatória para que este seja compreendido e a resenha está livre de spoilers.

A má fama que Victor Salazar tem no colégio impede que as pessoas exerguem o bom coração que há por trás daquele comportamento digno de um deliquente. Ele se envolve em brigas, tira notas baixíssimas e só arruma problemas, mas, em contrapartida, está sempre tentando proteger as pessoas com quem se importa.

Sua vida não é muito fácil, pois além de ter um relacionamento muito difícil com o pai, Vic vive o dilema de gostar de Monika, a namorada de seu melhor amigo. E ele não pode fazer nada, ainda mais por acreditar que Trey, tão doce e gentil, parece ser o melhor para Monika.
Mas as coisas começam a mudar no último ano do colégio, quando Trey passa a se dedicar mais aos estudos e ao campeonato de futebol para se tornar o melhor aluno e jogador, e isso faz com que o relacionamento dele com Monika esfrie e fique bastante frágil. Trey começa a demonstrar quem é na realidade, e o isso não é nada parecido com quem ele costumava ser... E como se isso já não fosse ruim o bastante, alguns acontecimentos que se desenrolam faz com que Monika e Vic se aproximem...

Assim como no primeiro volume, a narrativa é feita e primeira pessoa e se alterna entre Monika e Victor. A escrita da autora é muito boa e possui um equilíbrio perfeito entre dramas adolescentes e temas mais pesados e delicados para se tratar.

A Garota Dele não trata somente do desenvolvimento do amor entre dois jovens, a história vai além desse tipo de drama adolescente. Segredos, mentiras e suas consequências, problemas com drogas, abusos familiares, problemas de saúde e a fragilidade que a pessoa se encontra, amadurecimento, valores e princípios são alguns dos temas mais sérios trabalhados aqui, e de certa forma, a leitura serviu como uma grande reflexão, mostrando que por trás de fachadas é possível ter coisas mais graves e sinistras acontecendo e sendo mascaradas para, talvez, serem amenizadas.
Há profundidade no enredo, não é só mais uma historinha em meio a tantas, e esse é um ponto bastante positivo no livro.

O que mais curti nessa história foi o fato de que a vida de Vic e Monika mudaram bastante após o tal evento trágico ter acontecido. Tentar fazer a coisa certa nem sempre é o jeito mais fácil de resolver as pendências, principalmente quando há segredos não revelados que podem interferir em escolhas e decições. Vic, mantendo as aparências, tenta afastar todo mundo que se aproxima, mas Monika passa a ter uma enorme necessidade de estar mais perto daquele que sempre esteve alí pra ela e por ela. Tem coisa mais fofa?

Vic, assim como tantos outros, é o típico bad-boy. É característica do gênero, é clichê, mas quando um elemento batido é trabalhado da forma certa e sem muitas firulas, é certeza que a coisa funciona, e com Victor é exatamente assim. Por fora ele é um garoto explosivo, de mal com a vida e vive causando encrenca por onde passa, mas por dentro é um amor de pessoa, e só quem sabe o que ele vive em casa vai conseguir compreender o que o leva a se comportar feito um maluco. Com o desenrolar da trama, vamos acompanhando o quanto é difícil pra ele ser apaixonado pela namorada do amigo, quais os conflitos que surgem com essa situação, como funciona a relação dele com o pai e como isso colabora para que ele seja tão rebelde, mas ao mesmo tempo tão amável e admirável.

Monika é líder de torcida, tem um futuro promissor, mas seus problemas pessoais começam a interferir em sua vida. Não só devido ao seu relacionamento com Trey que se transforma pra pior, mas por estar cansada de ser superprotegida pelos pais e pelos conflitos que começa a ter quando ela e Vic se aproximam e a garota descobre que também pode estar apaixonada por ele. E o que começa com uma amizade cheia de bons momentos e sutilezas, avança para algo mais intenso. Mesmo passando por uma situação envolvendo sua saúde, ela não se deixa abater e não desiste de tentar provar para si mesma que ela não é tão frágil como todos pensam. O problema de Monika é que, por vezes, ela é ingênua demais, e isso acaba dificultando que o leitor tenha uma simpatia maior por ela e até perca a paciência. O segredo que ela guarda e a forma como ela se deixa levar pelas manipulações de Trey acabaram arrastando a história, aumentando o suspense sobre esse assunto e, ao ser revelado, não causou tanto impacto quanto esperei.

O final, apesar de ser um pouco corrido, foi satisfatório, e de forma geral eu aproveitei a leitura mesmo tendo gostado mais do primeiro livro.
Pra quem curte história com um misto de elementos YA e NA, vai curtir.

Amor em Jogo - Simone Elkeles

16 de dezembro de 2016

Título: Amor em Jogo - Wild Cards #1
Autora: Simone Elkeles
Editora: Globo Livros
Gênero: YA
Ano: 2014
Páginas: 360
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino
Sinopse: Derek acabou de ser expulso do colégio interno em que estuda desde que seu pai foi convocado pela marinha. As coisas vão de mal a pior quando recebe a notícia de que terá que abandonar a sua Califórnia para morar com sua madrasta, na cidadezinha natal dela. A última coisa que ele precisava agora é se envolver em mais um drama familiar.
Já Ashtyn se esconde atrás de uma fantasia de vida perfeita: boa aluna, a única menina - e capitã! - do time de futebol americano da escola e namorada do quarterback promissor. Longe de um conto de fadas, Ashtyn sente-se deslocada. Quer deixar tudo para trás e correr em busca de uma bolsa de estudos em alguma faculdade bem longe de sua vida atual.
O encontro de Derek e Ashtyn revelará seus medos e exigirá deles toda a coragem para assumirem suas verdadeiras personalidades - e seus desejos mais secretos.

Resenha: Derek é um "garoto problema". Tendo fama de bad-boy na escola, sua rebeldia tem como base a ausência do pai, que por ser da marinha passava mais tempo no mar do que em casa com a família, e a morte da mãe, que perdeu uma batalha para o câncer.
Após ter aprontado no colégio interno em que estudava, Derek foi expulso, e foi obrigado a se mudar para Chicago com sua jovem madrastra, Brandi.

Ashtyn mora com o pai e soube há pouco tempo que sua irmã mais velha, Brandi (a própria), iria passar uma temporada por lá. Ashtyn não é nada comum se comparada as outras garotas da idade dela e tem grande resistência em se aproximar da irmã já que ela foi embora alguns anos atrás, abandonando-a.

Como se o encontro com Brandi já não fosse muito complicado para Ashtyn, conhecer Derek irá despertar nessa garota tão durona alguns sentimentos dos quais ela vai fazer de tudo pra evitar.
Eles sentem uma atração recríproca logo de cara, mas também irão lutar contra isso como ninguém, afinal, Ashtyn já está num namoro complicado e ter um garoto revoltado que está alí por obrigação morando debaixo do mesmo teto que ela vai ser mais difícil do que ela imaginou.

A narrativa é feita em primeira pessoa e se alterna entre os pontos de vista de Derek e Ashtyn em capítulos super curtinhos (são mais de cinquenta capítulos divididos em  pouco mais de trezentas páginas). A escrita é bastante envolvente, fluída e gostosa de se ler. Além de ficarmos por dentro dos pensamentos dos personagens de forma mais íntima, um ponto muito legal é que por mais que nós, leitores, saibamos do que se passa com os dois, nem sempre um personagem sabe o que acontece com o outro, e vice versa. Isso deixa a trama bastante dinâmica e até divertida por mostrar protagonistas vivendo encontros e desencontros e se desentendendo feito loucos em meio a nova situação em que se encontram e que eles tentam evitar a todo custo. Os diálogos também são bastante inteligentes e isso colabora para a fluidez da história.

Amor em Jogo é meio complicado de ter o gênero definido pois pelo que pude perceber ele está entre o Young Adult e o New Adult. Podemos encontrar elementos dos dois, mas mesmo que tenha o sexo como um dos temas, o que ganha mais foco são questões adolescentes, e mesmo que os personagens já estejam na faixa dos dezessete, dezoito anos, saindo do ensino médio e indo pra universidade, na teoria, eles são mais maduros e com atitudes menos infantis (se existe algum subgênero para tal, nunca ouvi falar). Mas tendo em vista tais características e apesar de ter considerado a história bem bolada, achei os personagens um pouco superficiais, e por esse motivo não consegui me conectar a eles como gostaria. É como se algumas atitudes não se justificassem, eu tentava me por no lugar deles e não entendia por que diabos fizeram alguma coisa... Já em outras partes fiz o mesmo mas consegui entender e talvez teria a mesma atitude. Confuso, não?

A história, basicamente, gira em torno dos dramas de Derek e Ashtyn, que sofreram perdas no passado e que por isso mudaram suas formas de agir e enxergar o mundo como um tipo de "defesa". Crescer sem a presença de um dos pais e conviver diariamente com aquela sensação de abandono não é fácil e pode ser um fardo doloroso pra se levar. Enquanto Derek perdeu a mãe e não convive com o pai, Ashtyn foi abandonada pela mãe e pela irmã e convive com um pai totalmente relapso (e Brandi voltar não melhora muito as coisas). Ambos estão quebrados de forma bastante similar, e além da rebeldia no comportamento, existe a questão da falta de confiança e até da falta do amor próprio. Talvez pelo livro ser voltado para o público jovem, tais traumas não tiveram um aprofundamento tão grande assim para explicar o motivo dos protagonistas quererem se isolar e impedir que haja qualquer tipo de aproximação mais íntima, e quando começamos a torcer pra que tudo se resolva, fim!

Mas confesso ter gostado do desenvolvimento dos personagens, de como as situações que lhes foram impostas serviram como experiências para que ambos pudessem amadurecer suas ideias e conceitos, enquanto temas do cotidiano adolescente são levantados de forma bastante leve como forma de fazer com que os leitores possam até refletir sobre eles.

A capa é bastante simples e agrada visualmente, mas não capta a essência da história. Não que isso seja um ponto negativo, pra mim só desperta a curiosidade para ler o livro. A diagramação é simples, as páginas amarelas e os capítulos são identificados pelo nome do protagonista da vez.

O livro recheado de clichês, afinal, é mais comum do que parece encontrarmos histórias onde o casal traumatizado com algum fato passado e triste se conhece e logo de cara se odeia e com o passar do tempo aprende a se gostar, mesmo que finjam o contrário. Mas embora seja clichê, isso não quer dizer que o livro seja ruim, não... Quando o desenvolvimento é feito de forma satisfatória e tem um enredo bem construído a ponto do leitor se envolver, gostar, e ainda torcer pelos personagens, é indício de que a autora apostou em elementos comuns mas conseguiu trabalhar com eles da maneira certa.

Enfim, pra quem quer fugir de histórias que abordam conflitos e dramas desinteressantes da garota popular da escola com o novo bofe, mas também está saturado de romances com o bad-boy traumatizado e revoltado com a garota perfeitinha e ingênua, Amor em Jogo traz uma história que pega parte dessas características mas transforma em algo bem diferente.

Catacomb - Madeleine Roux

15 de dezembro de 2016

Título: Catacomb - Asylum #3
Autora: Madeleine Roux
Editora: Plataforma21/V&R
Gênero: Juvenil/Suspense
Ano: 2016
Páginas: 356
Nota: ★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O último ano de colégio enfim chegou. Depois de tanto tempo juntos, Dan, Abby e Jordan resolvem fazer uma viagem e o destino escolhido é a casa do tio de Jordan em New Orleans.
Abby está muito ansiosa e entusiasmado para a aventura, pois a viagem irá ajudá-la no projeto fotográfico de locais e monumentos históricos. Mas toda essa euforia diminui quando, no caminho, os três amigos percebem que estão sendo seguidos. E ainda começam a receber mensagens misteriosas, pelo celular de Dan, de um amigo que morreu no último Halloween.
Os três amigos vasculham pistas sobre acontecimentos do passado para obter respostas sobre as tais mensagens, sobre um fotógrafo não identificado e sobre a história familiar de Dan.
Neste incrível episódio da série Asylum, a única esperança que resta é sair vivo desta viagem.

Resenha: Catacomb é o terceiro volume da série Asylum, escrita pela autora Madeleine Roux e publicado no Brasil pelo selo Plataforma21, da V&R.

Depois de escaparem do incêndio no Brookline e de viverem momentos intensos e sombrios, enfim,o último ano de estudos chegou ao fim. Dan, apesar de estar feliz com a companhia dos amigos, não parou de procurar pistas sobre seus pais, mas os documentos que ele conseguiu resgatar antes que o incêndio destruísse tudo, não estão sendo de grande ajuda.
Para comemorar a formatura, o trio aproveita que Jordan está de mudança para Nova Orleans e embarca numa viagem para curtirem juntos, acamparem, e tentarem esquecer todos os traumas passados. Porém, no caminho, Dan recebe uma mensagem estranha em seu celular vinda de um amigo que já havia morrido além de perceberem que estão sendo seguidos e fotografados...
E a medida que o mistério se desenrola, o passado de Dan se desdobra gradualmente e ele terá que lidar com isso outra vez...

Catacomb, se comparado aos livros anteriores, mantém o mesmo ritmo e não tem nada que o torne diferente dos demais. O que não achei "justo" com os leitores foi o fato de que o livro extra "Artista dos Ossos" tem grande influência nesse volume, e fiquei e perguntando porque motivos um livro EXTRA, que só deveria acrescentar informações a título de curiosidade ou pra complementar algo que não faria diferença se soubéssemos ou não, acaba se tornando obrigatório, caso contrário algumas coisas ficarão incompreensíveis, vagas e confusas para o leitor. E isso vale para a própria escrita da autora, que parece ter buracos entre os acontecimentos, tornando algumas coisas bem confusas, enquanto outras são repetitivas e tornam a leitura cansativa.

A questão da história ter Nova Orleans como pano de fundo, apesar de ter uma definição bastante impressionante, me deu a impressão de que a autora só quis aproveitar a cultura famosa e cheia de lendas assustadoras do lugar, mas a trama poderia ter se passado em qualquer outro local que pudesse ter tal atmosfera descrita de forma tão sombria quanto, logo não vi tanta utilidade nesse fato.

O romance... Oh, Lord, o romance... Dan e Abby não tem química nenhuma e o que vai além da amizade entre esses dois não vai pra lugar nenhum. É algo desnecessário, enfadonho, triste, principalmente se levarmos em consideração que um romance adolescente como o deles foge do contexto das investigações, dos mistérios, do que deveria ser assustador, e de tudo o mais.

Apesar de ter alguns pontos não muito favoráveis, o que gostei na trama foi a busca de Dan por informações que o levassem aos seus pais, e como suas descobertas durante o percurso levantaram questões que não só fizesse com que ele acreditasse que criminosos pudessem estar envolvidos no sumiço deles, mas também colaborasse para que as habilidades dele soassem como algo real em vez de alucinações. A autora parece deixar no ar a questão sobrenatural, como sendo um verdadeiro ponto de interrogação para os próprios leitores se perguntarem se é algo que existe ou não na história.

A edição, como sempre, tem um visual super caprichado e é muito bonita. Percebi alguns erros na revisão mas nada que atrapalhasse a experiência com a leitura. Algumas fotos são ótimas, mas outras parecem não fazer muito sentido pois não combinam em nada com o conteúdo do capítulo. É como se tivessem sido escolhidas aleatoriamente numa galeria de fotos esquisitas e jogadas alí para impressionar o leitor, mas acabaram causando o efeito contrário.

Apesar de algumas perguntas levantadas nos livros anteriores serem respondidas e o livro fechar bem a série, algumas situações ficam em aberto (acho que de propósito, mesmo), mas nem por isso levantam aquela curiosidade para que haja mais aprofundamento sobre elas.
A ideia dos livros extras acrescentarem pontos que podem ser considerados peças chave às tramas principais acabam destoando a história, que começa a ter linhas temporais ou outros acontecimentos que parecem não se encaixar perfeitamente (como eu disse, a escrita parece incompleta) deixando algumas coisas fora do lugar e sem sentido.
De forma geral, eu gostei do desfecho, mesmo que a autora não tenha se preocupado em informar que fim teve a vida de cada um dos amigos. O que foi informado foi suficiente (e talvez eu não tenha me interessado por não ter me efeiçoado a ninguém) e fica a critério do leitor formar a própria opinião sobre o que ele acha que aconteceu.

Asylum não é de todo ruim, é uma série até divertida, mas acredito que funcionaria melhor para o público mais jovem pois não pode ser considerada realmente assustadora. Há suspense leve, fotos sinistras que podem causar algum impacto, mas continua sendo bastante infantil, seja devido ao comportamento dos personagens ou pela forma como a história é conduzida, muitas vezes de forma muito conveniente para forçar o enredo a continuar fluindo, mesmo que na marra.


Transcendente - Lesley Livingston

14 de dezembro de 2016

Título: Transcendente - Starling #3
Autora: Lesley Livingston
Editora: Jangada
Gênero: Jovem adultoA/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A série Starling chega a seu desfecho épico neste terceiro volume. A ancestral profecia nórdica do Ragnarök está prestes a se cumprir. Mason Starling tem nas mãos o destino do mundo, enquanto Fennrys, seu amor, jaz a seus pés sangrando, com a vida por um fio. No entanto, o que quer que esteja por vir não ocorrerá por causa de uma profecia ou dos planos maquiavélicos do seu pai. Tudo depende apenas das decisões de Mason e Fenn. E o mundo deve torcer para que ambos alcancem aquilo que suas almas e suas espadas mais almejam: evitar o fim do mundo.

Resenha: Transcendente é o terceiro volume da trilogia Starling, escrita pela autora Lesley Livingston e publicado no Brasil pelo selo Jangada do Grupo Pensamento.

Esta resenha pode ter spoilers de Starling e Descendente!

Resumindo os dois livros anteriores: Mase é uma jovem esgrimista que teve a vida virada de cabeça pra baixo depois de um ataque sobrenatural a Manhattan. Várias criaturas surreais atacaram ela e seus amigos, e em meio a confusão, Fennrys, um jovem misterioso, apareceu para ajudá-los. Posteriormente, Mase descobriu que sua família estava ligada a uma profecia terrível e muito antiga que envolvia o próprio Ragnarök e cabia a ela e Fenn impedirem o fim do mundo.
Porém, após todos os acontecimentos que se passaram, Mase atravessou um portal e ficou presa no mundo dos mortos, mas o que ela não esperava era que o que encontraria lá seria uma relíquia que, segundo a profecia, desencadearia o fim do mundo. Logo, Fenn deveria arriscar a própria vida para resgatá-la.
A história começa exatamente onde Descendente termina. Mason se tornou uma Valquíria e ao implorar para Rafe salvar a vida de Fenn, que está por um fio, outra parte da profecia é cumprida e ele se torna o Lobo. O amor que sentem um pelo outro os deixam cada vez mais unidos, e lutar juntos para que o fim do mundo possa ser impedido é o que os move nessa jornada cheia de perigos e surpresas.

O enredo gira principalmente sobre a ideia de Mason evitar que o mundo acabe enquanto ela e Fenn lutam contra as ameaças que colaboram para o caos. Um ponto positivo sobre isso é que para cada escolha que os personagens fazem, há consequências, e tais consequências ganham aprofundamentos que trazem reflexões, principalmente no que diz respeito ao relacionamento desse casal que a princípio era tão improvável.

Mase é uma heroína que cresce a cada nova experiência e descoberta, e nesse volume ela está imbatível, e não desiste de lutar por seus objetivos ou por quem ela ama, mesmo quando novos obstáculos surgirem em seu caminho. Por mais que pareça que ela não poderia fugir de um destino inevitável em meio a tantas tragédias, o leitor ainda fica com aquele gostinho de que há esperança no final do túnel. Por esse motivo a trama prende o leitor de tal forma que irá mexer com suas emoções. Diversão, tensão, suspiro, agonia... É um misto de sensações que tive ao acompanhar este último volume em especial. Novos personagens aparecem para movimentar a trama, novas habilidades são descobertas, reviravoltas pra nos deixar de cabelo em pé, e mesmo que haja perdas dolorosas, somente ao fim é possível saber se o grupo irá ou não obter êxito em seus propósitos.
Eu gostei da forma como os personagens foram explorados, mostrando que por mais que precisem lidar com os próprios conflitos que os tornam tão denificados, é possível tirar forças de onde menos se espera e lutar por algo muito maior.

Embora soe um pouco clichê, eu gostei de como o relacionamento de Mase e Fenn foi desenvolvido. ao longo dos volumes. Personagens que inicialmente não se bicam, depois se tornam amigos, buscam confiança e refúgio um no outro até que o sentimento se torna mais intenso e ganha forças a cada nova provação que enfrentam. E não importa o que aconteça, eles querem ficar juntos.

A escrita também colabora muito para o envolvimento com a história, pois além de fluída, mesmo que haja violência e acontecimentos particulamente ruins, houve também toques de bom humor, sarcasmo e a doçura do romance para que toda a história ficasse bem equilibrada.

Transcendente finaliza a trilogia de forma eletrizante e bastante satisfatória. O ritmo é constante e tem ação do início ao fim, em meio a batalhas sangrentas, personagens bem construídos e elementos de várias mitologias que, embora distintas, acabam fazendo da trama algo bastante inovador.