Novidade de Dezembro - Globo Livros

9 de dezembro de 2016

Aqui Estão os Sonhadores - Imbolo Mbue

Jende Jonga, um camaronês que vive no bairro nova-iorquino do Harlem, imigrou para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor para sua esposa, Neni, e o filho de seis anos. Jende mal pode acreditar na sua sorte quando consegue um emprego como motorista particular de Clark Edwards, importante executivo do banco Lehman Brothers. Clark exige pontualidade, discrição e lealdade — e Jende está pronto para preencher todos esses requisitos. A esposa de Clark, Cindy, ainda oferece a Neni um trabalho temporário na casa de veraneio dos Edwards, nos Hamptons. Com isso, Jende e Neni têm a oportunidade de finalmente crescer nos Estados Unidos e imaginar um futuro mais próspero para a família. No entanto, o mundo de poder e privilégios dos Edwards esconde segredos perturbadores, e logo Jende e Neni notam rachaduras na fachada de seus patrões. Quando o mercado financeiro mundial vem abaixo com o colapso do Lehman Brothers, os Jonga ficam desesperados para manter o emprego de Jende — mesmo que isso coloque sua união em risco e os obrigue a encarar um dilema até então impensável. Pintando um retrato vibrante de duas culturas e dois casamentos, Imbolo Mbue criou personagens inesquecíveis, cujos desejos, tristezas e alegrias se descortinam com uma veracidade impressionante diante dos olhos do leitor. Aqui estão os sonhadores explora questões sobre amor, classe, raça e família enquanto expõe a fragilidade do sonho americano.

A Submissão - Lena Valenti

8 de dezembro de 2016

Título: A Submissão - Amos e Masmorras #1
Autora: Lena Valenti
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance/Erótico
Ano: 2015
Páginas: 416
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A agente Cleo Connelly, integrante do corpo de polícia em Nova Orleans, é uma mulher atraente e destemida, que não mede esforços e impulsos na resolução dos casos que assume. Certo dia, entretanto, ela é designada para investigar, junto ao FBI, uma lucrativa rede de tráfico humano. Para cumprir a missão, ela precisará se inserir em um contexto inusitado: visitar a cena BDSM do país e participar das práticas de sodomia e dominação instituídas no torneio Dragões e Masmorras DS. Agindo como agente infiltrada, Cleo terá de pesar os limites de sua própria luxúria nesta implacável caçada, considerando também a arrebatadora atração que sente por Lion Romano, seu parceiro no caso. Mas será que, no meio do caminho, ela vai gostar de ser submissa? Renda-se aos deleites desta intrigante e sensual narrativa!

Resenha: A Submissão é o primeiro volume da série Amos e Masmorras da autora espanhola Lena Valenti, publicado pela Universo dos Livros no Brasil.

Cleo Connelly é uma ruiva estonteante, cheia de personalidade e dona da língua mais ferina que já existiu. Ela faz parte da polícia de Nova Orleans, e seu objetivo é entrar para o FBI, assim como sua irmã mais velha, Leslie, e o amigo lindo de infância de Les, Lion Romano, entraram. Porém, uma quadrilha de tráfico humano estava tirando o sono da polícia, e, quando Leslie desaparece em serviço, Cleo é designada a se infiltrar e a fazer as investigações para o FBI sob disfarce, substituindo a irmã para resgatá-la. O que ela não esperava era o cenário no qual a quadrilha atua: um torneio chamado Dragões e Masmorras DS (Dominação/Submissão) onde os casais alí inseridos devem cumprir tarefas envolvendo as práticas BDSM. E sim, o torneio foi inspirado no RPG Dungeons & Dragons e em suas regras.

Então, Cleo precisa fazer um treinamento intensivo com duração de cinco dias a fim de ser iniciada no universo BDSM para ser inserida no torneio, portando-se como a "submissa", e seu parceiro - e "amo" - nesse caso, é Lion, por quem ela sente uma atração arrabatadora desde a adolescência. O que Cleo não sabe é que Lion também se sente atraído por ela desde os primórdios e pediu pra ser o encarregado chefe do caso logo quando ele soube que ela seria a agente infiltrada. Se sentindo atraído por ela, ele não deixaria que outro homem assumisse seu treinamento, e Lion não precisava fingir ser um personagem, visto que ele já conhecia e praticava o BDSM...

O livro é narrado em primeira pessoa pelos pontos de vista de Cleo e Lion, e alguns trechos são narrados em terceira pessoa. Não há indicação nos capítulos de quem é a voz da vez, logo é um pouco confuso saber quem é o personagem, ainda mais se levarmos em consideração que eles são até bem parecidos já que Lion é um dominador e Cleo não tem nada de submissa e é muito competitiva.
Por mais que os dois juntos peguem fogo, o cenário intrigante baseado em RPG e o sarcasmo de Cleo equilibram bem o enredo de forma que, mesmo tendo conteúdo erótico, não fique focado somente em sexo. Quando Cleo abre a boca pra soltar as verdades dela ou representar um papel do qual ela não se encaixa é impossível não morrer de rir.
O desenvolvimento dos personagens e da história é feito de maneira rápida, mas já adianto que esse primeiro volume é dedicado ao treinamento de Cleo e o ingresso dela no torneio propriamente dito só acontece no segundo livro.
O que me chamou atenção nessa história foi o fato de que Cleo teve um motivo que justificasse sua inserção nesse mundo, e não foi por idolatrar alguém a ponto de submeter a qualquer coisa em nome do sentimento pelo macho, longe disso. Ela não tem a menor vocação para ser uma submissa mas teve que ceder para ser disciplinada, mesmo que tenha precisado extrapolar alguns limites em certos momentos. Para solucionar o caso de tráfico humano e resgatar a irmã, ela não tem outro caminho a não ser vencer o torneio junto com Lion, então precisou entrar de corpo e alma nesse universo, mas sem engolir desaforos, claro.

A autora dá uma perspectiva totalmente nova sobre o BDSM, principalmente ao inserir elementos bem criativos, que tornam a história mais convidativa por ter algum conteúdo relevante abordando preconceitos e críticas que as pessoas sofrem por ingressarem nesse universo. Então, em momento algum a trama fica focada num romance doentio e melação que não acaba mais. Os personagens são bem construídos e tem características marcantes que são dignas de admiração, e as cenas de sexo não são tão frequentes assim a ponto de saturar a leitura.

Resumindo, A Submissão foi o melhor livro erótico que li até então, mesmo que não seja meu gênero literário preferido. Não que eu vá praticar BSDM por aí pois não me interesso nem um pouco por tais práticas, mas super recomendo a leitura pra quem gosta do tema, pra quem quer conhecer, ou ainda pra quem formou um conceito baseado em uma certa trilogia cinza que precisa ser desconstruído urgentemente.

Nós Dois - Andy Jones

7 de dezembro de 2016

Título: Nós Dois
Autora: Andy Jones
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Durante dezenove dias, Fisher e Ivy vivem uma relação idílica e são praticamente inseparáveis. É claro que os dois sabem que estão destinados a ficar juntos para sempre, e o fato de se conhecerem tão pouco é apenas um detalhe. Nos doze meses seguintes, período em que suas vidas mudam radicalmente, Fisher e Ivy percebem que se apaixonar é uma coisa, mas manter uma relação é algo completamente diferente. ''Nós dois'' é um romance honesto e emocionante sobre a vida, o amor e a importância de dar valor a ambos.

Resenha: Fisher e Ivy acabaram de se conhecer e resistir a intensidade daquela paixão foi impossível. Durante dezenove dias eles são consumidos pelos impulsos desse novo relacionamento e, mesmo que não se conheçam tão bem assim, acreditam que esse tempo foi suficiente para terem certeza de que são almas gêmeas e estão destinados um ao outro pra sempre. A forma como tudo começou não tinha importância, mas sim o presente, os momentos que vivem juntos, o que sentem um pelo outro. Mas com o passar do tempo, Fisher e Ivy percebem que se apaixonar é muito fácil mas manter um relacionamento vai além do que eles imaginaram inicialmente...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Fisher, vamos acompanhando os momentos que vem depois do casal ter se envolvido, mostrando os detalhes do que acontece quando são tocados pelo amor. O livro funciona como uma abordagem à rotina conturbada de um casal, descrevendo os sentimentos que envolvem preocupações e inseguranças diante dos problemas que os relacionamentos estão sujeitos a enfrentar, deixando claro que não é possível viver de amor e que pra enfrentar as dificuldades é preciso olhar além para que os obstáculos impostos pela vida possam ser superados com sabedoria e paciência.

Confesso não ter sentido muita simpatia por Ivy ou Fisher, mesmo que eu saiba que muitos casais são como eles. Com o passar do tempo a convivência passa a fazer parte da rotina, logo é difícil manter as chamas daquela paixão arrebatadora acesas, mesmo que o amor não tenha acabado.
Ivy é controladora, impulsiva e insuportável, e ter a personalidade forte não é nenhum elogio quando o assunto é ela. Fica claro que o relacionamento não é nada saudável e muito menos equilibrado devido as coisas que ela faz e fala e acompanhar Fisher se submetendo a esses caprichos me fez querer sacudí-lo feito um boneco pra ver se ele acorda pra vida e se dê o devido valor. Por mais que ela o trate mal, Fisher idolatra essa mulher mais do que tudo como se ela fosse perfeita, e talvez isso seja um impulso pra ela continuar agindo feito uma maluca, mostrando que ainda falta a eles percorrer um caminho muito longo para amadurecerem e fazerem a coisa realmente dar certo como deveria.
Paralelamente a história principal, acompanhamos a subtrama envolvendo Phil e El, um casal homossexual que enfrenta um drama bastante delicado. El enfrenta uma doença terminal mas o amor incondicional que eles nutrem um pelo outro se torna um exemplo muito bonito e inspira os protagonistas a levarem aquilo pra eles mesmos. Enquanto Phil e El são marcados pelo fim de um relacionamento (mesmo que de forma trágica e muito triste), Fisher e Ivy mostram o início, e esse contraste acabou dando à trama um ar bastante original à história, evidenciando os altos e baixos de relacionamentos em geral e seus inevitáveis fins, independente de como venham.
Os demais personagens secundários deram um tom de muito bom humor à trama e mostram que as pessoas que fazem parte da vida de um casal interferem ou influenciam em determinadas escolhas que são feitas.

Nós Dois teve um efeito nostálgico em mim, me fazendo recordar de alguns relacionamentos (mesmo que eu tenha tido poucos até então) e suas fases boas e ruins. Ele retrata a vida a dois de forma honesta, sincera e realista, e mostra como esse sentimento tão forte que é o amor é capaz de transformar pessoas, seja para uní-las, para colocar suas vidas de cabeça pra baixo ou para realçar suas imperfeições que acabaram fazendo dessa história algo bonito e verdadeiro.

A História de Nós Dois - Dani Atkins

6 de dezembro de 2016

Título: A História de Nós Dois
Autora: Dani Atkins
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Emma tem 27 anos, é linda e inteligente e vive cercada de pessoas que ama. Prestes a se casar com Richard, seu namorado desde a época de escola, ela não poderia estar mais empolgada.
Mas o que deveria ser o momento mais feliz de sua vida de repente vira uma tragédia. Emma sofre um acidente e é salva por um estranho minutos antes que o carro em que ela viajava explodisse.
Abalada, ela decide adiar o casamento. E nesse meio-tempo descobre segredos que a fazem questionar as pessoas nas quais sempre confiara a ponto de duvidar se deve se casar afinal.
Para complicar, ela se sente cada vez mais ligada a Jack, o homem que a salvou e que não sai da sua cabeça. Jack é lindo, gentil e divertido, de um jeito diferente de todos que ela já conheceu. Por outro lado, é Richard quem ela sempre amou...
Uma mulher, dois homens, tantos destinos possíveis. Como essa história vai terminar?

Resenha: A História de Nós Dois, romance escrito pela autora inglesa Dani Atkins e publicado no Brasil pela Editora Arqueiro, conta a história de Emma, uma jovem de vinte e sete anos que está prestes a se casar. Emma, junto com suas melhores amigas de infância, Caroline e Amy, comemoravam sua despedida de solteira, mas, na volta, elas sofrem um grave acidente de carro causado por um cervo na estrada. Sozinha e presa sob o banco do motorista, Emma é resgatada por Jack, um americano desconhecido que a salva pouco antes do carro explodir. Abalada com a tragédia e com as consequências que o acidente causou às suas amigas, Emma resolve adiar o casamento, e, nesse meio tempo, alguns segredos inesperados começam a vir à tona abalando suas relações. E como se a situação já não fosse delicada o bastante, sua aproximação com Jack começa a ficar mais forte evidenciando seus pontos em comum, e Emma fica entre Richard, o homem que ela sempre amou e entre Jack, que além de ser um verdadeiro cavalheiro, diferente de todos os outros que ela conheceu, ainda salvou sua vida... O que ela quer, a partir de suas novas experiências, começa a entrar em conflito com o que ela planejou...

O livro é narrado em primeira pessoa através de uma escrita com detalhes e descrições em excesso e que não acrescentam em nada, o que acaba tornando a história mais extensa do que o necessário, logo, apesar de ser envolvente e me manter curiosa pelo que viria a seguir, não foi uma leitura que eu tenha considerado fluída. A autora parece não ter a mínima pressa em ir direto ao ponto, então se dedicar a descrever um cabelo voando ao vento, por exemplo, parece ser mais interessante do que contar logo a história. Talvez o livro poderia ser reduzido em 50% ou mais sem que nada fosse perdido.

Uma coisa que me deixou irritada com relação ao dito "triângulo amoroso" é que em momento algum eu senti que era Emma quem estava entre dois homens, pois ela não fica indo e voltando como se fosse incapaz de se decidir. Desde o começo fica claro que a protagonista é uma mulher de opinião e que tem plena consciência do que faz ou deixa de fazer, assim como lidar com os próprios sentimentos. O que me pareceu é que a autora coloca o próprio leitor entre os dois caras, pois no início ela apresenta Jack como um homem maduro, sensível e irresistível (a ponto de Emma ter ficado baçançada por ele) e Richard como um completo idiota e egoísta. Então o leitor toma antipatia de Richard logo no início e torce por Jack, e com o desenrolar da história, as coisas mudam de um jeito mais do que conveniente e o resultado final não poderia ter sido mais artificial, pois a impressão é de que a autora manipulou personalidades e comportamentos masculinos de forma proposital para escolher não só por Emma, mas por mim como leitora também.

Talvez pelo fato do enredo não focar exclusivamente no romance e no triângulo amoroso que surge entre os personagens, mas também em questões como a perda, o luto, as escolhas de vida e as dificuldades de se lidar com um familiar próximo que sofre de Alzheimer, A História de Nós Dois acabou sendo um livro que me surpreendeu de forma positiva e a leitura foi satisfatória até certo ponto, mesmo que eu tenha relutado e adiado a leitura desse livro o máximo que pude depois de ter ouvido vários comentários negativos a seu respeito.

A capa é bem bonitinha, a diagramação é simples e as páginas amarelas. Acho que a revisão do livro deixou um pouco a desejar não só por alguns erros que encontrei, mas pelo uso excessivo de verbos no pretérito mais que perfeito, como se isso fosse um fator crucial pra situar o leitor ainda mais numa situação passada, mas ao meu ver, foi feito por floreio.

Confesso que a história acaba sendo previsível, e não digo isso pelo fato de passado de misturar com presente pra história de Emma ser contada. A autora soube combinar os fatos sem que houvesse spoilers, mas isso não foi suficiente para que eu não adivinhasse o que iria acontecer.
De forma geral, o livro é uma leitura válida, pois trata de assuntos delicados e que fazem parte da vida e dos problemas dos quais estamos sujeitos a passar, mas mostra que independente do que aconteça, devemos seguir em frente em busca de felicidade ou até de recomeços.

O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida - Kate Eberlen

5 de dezembro de 2016

Título: O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida
Autora: Kate Eberlen
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 432
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Tess e Gus foram feitos um para o outro. Só que eles não se encontraram ainda.
E pode ser que nunca se encontrem... Tess sonha em ir para a universidade. Gus mal pode esperar para fugir do controle da família e descobrir sozinho o que realmente quer ser. Por um dia, nas férias, os caminhos desses dois jovens de 18 anos se cruzam antes que os dois retornem para casa e vejam que a vida nem sempre acontece como o planejado.
Ao longo dos dezesseis anos seguintes, traçando rumos diferentes, cada um vai descobrir os prazeres da juventude, enfrentar problemas familiares e encarar as dificuldades da vida adulta. Separados pela distância e pelo destino, tudo indica que é impossível que um dia eles se conheçam de verdade... ou será que não?
O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida narra duas trajetórias que se entrelaçam sem de fato se tocarem, fazendo o leitor se divertir, se emocionar e torcer o tempo todo por um encontro que pode nunca acontecer.

Resenha: Em 1997, antes de ingressarem na faculdade, Tess e Gus, que ainda não se conhecem, viajaram em férias para a Itália. Tess foi com a amiga, Doll, e Gus com os pais. De forma breve, eles se esbarram, trocam olharem e poucas palavras, mas nada além disso acontece. Ambos continuam sendo meros estranhos, mas a sensação de que possuem alguma ligação mais forte, algo quase espiritual, permaneceu.
A vida dos dois seguiu em frente, tiveram relacionamentos com outras pessoas, tanto bons quanto ruins, e mesmo que as coisas nem sempre tenham saído como o esperado, eles procuraram aproveitar cada qual a sua maneira. Mas será que um dia o destino unirá Tess e Gus outra vez?

Narrado em primeira pessoa com capítulos que se alternam entre os protagonistas, vamos acompanhando a trajetória de Tess e Gus ao longo de dezesseis anos. Eles se tornam adultos, e com isso vem as responsabilidades da vida, as dificuldades, os problemas inevitáveis mas também suas conquistas, mas as coisas nunca saem como planejado e a sensação é de que estão incompletos, como se eles devessem esperar por algo além do que vivem.
A narrativa não é tão empolgante assim, daquele tipo que queremos devorar cada capítulo como se não houvesse amanhã, e unindo isso ao fato de que o livro é extenso, a leitura se arrasta e demora a engrenar e parece não render, principalmente porque são as escolhas que eles fazem que determinam o próximo passo que vão dar e pelo que vivem tudo indica que eles estão se afastando ainda mais do que o leitor espera: o bendito encontro. Porém, tudo que acontece parece conspirar contra esse encontro já que o caminho dos dois se cruzam por diversas vezes, seja através de algum colega em comum, de algum local em que estão ao mesmo tempo e afins, mas o encontro propriamente dito nunca ocorre, de fato, e isso me fez questionar sobre o destino, sobre almas gêmeas e se existe alguma força maior que impede que eles fiquem estagnados em suas vidas pacatas em vez de se unirem de uma vez por todas e essa agonia do leitor chegar ao fim.

Tess vem de uma família humilde. Ela sempre teve muitos planos, mesmo que só tivesse apoio da mãe já que o pai queria que ela trabalhasse em vez de ir pra faculdade, mas acabou tendo que abrir mão de tudo o que havia conseguido por causa de um problema familiar muito delicado. Ela é bondosa e tem a capacidade de superar obstáculos como ninguém, e é um verdadeiro exemplo a quem se inspirar.
Gus era inseguro e vivia à sombra do irmao mais velho. Mas com a morte dele, achou que o melhor a fazer era abrir mão do que gosta para satisfazer os desejos do pai, mesmo que ele sentisse que não era o filho preferido, que aquilo não o faria realmente feliz e que as comparações com o irmão nunca iriam cessar. Ele é um cara confuso e que parece nunca saber extaamente o que quer da vida, preferindo se acomodar nela.
Os personagens possuem histórias interessantes, e, de certa forma, elas contribuem para o desenrolar dos fatos, para as escolhas que fazem e para o que vem como consequência disso.

A capa não é a mesma da original mas é bem bonita e acredito que condiz muito mais com a história ao mostrar os protagonistas em direção oposta. A diagramação é simples e os capítulos trazem o ano em que a situação da vez se passa junto com o nome do personagem em questão.

Em suma, o livro traz uma história boa, com personagens interessantes e carregada de sentimentalismo, mas, no final das contas, não me me arrancou suspiros por apresentar mais problemas do que soluções ou momentos realmente satisfatórios. Acho que a vida pode ser assim mesmo, e o livro encara tais problemas com realidade, com mais dramas do que fins felizes. O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida é um livro que não trata apenas das variáveis do amor, mas traz a história de jovens que estão vivendo suas vidas, aprendem com os erros e com as experiências (por mais duras que sejam), aprendem a se encontrar e a descobrir quem são, trazendo reflexões sobre a busca pela felicidade, percorrendo por caminhos que os tiram de suas zonas de conforto, o quê, de certa forma, faz com que o leitor também pense nas escolhas que faz pra si mesmo, basta ter coragem e se arriscar ao experimentar o novo.

Último Turno - Stephen King

4 de dezembro de 2016

Título: Último Turno - Bill Hodges #3
Autora: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Policial
Ano: 2016
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Brady Hartsfield, o diabólico Assassino do Mercedes, está há cinco anos em estado vegetativo em uma clínica de traumatismo cerebral. Segundo os médicos, qualquer coisa perto de uma recuperação completa é improvável. Mas sob o olhar fixo e a imobilidade, Brady está acordado, e possui agora poderes capazes de criar o caos sem que sequer precise deixar a cama de hospital. O detetive aposentado Bill Hodges agora trabalha em uma agência de investigação com Holly Gibney, a mulher que desferiu o golpe em Brady. Quando os dois são chamados a uma cena de suicídio que tem ligação com o Massacre do Mercedes, logo se veem envolvidos no que pode ser seu caso mais perigoso até então. Brady está de volta e, desta vez, não planeja se vingar apenas de seus inimigos, mas atingir toda uma cidade.
Em Último turno, Stephen King leva a trilogia a uma conclusão sublime e aterrorizante, combinando a narrativa policial de Mr. Mercedes e Achados e perdidos com o suspense sobrenatural que é sua marca registrada.

Resenha: Último Turno, o terceiro volume da trilogia Bill Hodges, encerra a trajetória do detetive Kermit e seus amigos Holly e Jerome, que se iniciou em Mr Mercedes, na caçada pelo serial killer Brady Hartsfield. Achados e Perdidos, o segundo livro, mostrou uma história que não tinha o foco totalmente no assassino da Mercedes, mas funcionou como um pontapé de transição para o que viria no final. Neste desfecho, que tem o toque sobrenatural característico de King, o autor fecha a série com maestria e mais uma vez reafirma o porquê de ser o Rei do Terror.

No encerramento do volume anterior, ficou a certeza de que Último Turno viria com um pouco de sobrenatural, o que contraria a ideia de que a trilogia é inteiramente policial. A trama se desenrola de uma maneira que se torna crível e aceitável como sobrenaturalidade é inserida, apesar das reações dos personagens serem muito brandas quanto a isso. Em nota, King deixou explicado seu embasamento para aliar o tema suicídio com o sobrenatural. Este é, infelizmente, um problema real e que deve ser discutido.

Brady, o grande assassino do City Center, é a grande estrela de tudo. É até injusto com Hodges, que dá nome para a trilogia, não ser considerado o centro das atenções. Hartsfield, que passou um tempo em estado vegetativo no quarto 217, despertou e quer vingança. Mais uma vez, mantendo a personalidade afiada e malvada do personagem, o autor mostrou, no tempo que Brady apareceu, como ele merece todo mérito por tornar Último Turno o livro bom que é. Além da inteligência e humor mordaz, os pensamentos do vilão podem despertar tanto medo como humor de quem lê. É bom ver como um antagonista como ele consegue ser perverso e mesmo assim angariar certa simpatia por ser como é.

Já Bill, Holly e Jerome, que em suma poderiam ser acréscimos significativos para a trama, não têm um brilho muito grande. Hodges, que é acometido por um grande problema pessoal, passa boa parte da história se lamentando e se sentindo inseguro. Jerome, em sua pequena aparição, serve apenas como um “complemento” no que é necessário, como ajudar o detetive a ir atrás de Brady. Holly, antes instável e cheia de problemas emocionais, se mostrou uma mulher mais decidida e sua perspicácia é admirável. Entretanto, o trio não serve para engrandecer a trama; isso se dá devido a outros fatores, como o desenvolvimento do enredo e antagonista.

A narrativa é dividida em partes com títulos e em cada uma delas há uma situação diferente, que acontecem paralelamente para contribuir para o ato final. O ritmo acelerado da narração aliada a uma estrutura muito bem executada, em que cada capítulo é bem curto e traz sempre um acontecimento interessante que cria bons ganchos, contribuem para aguçar a curiosidade do leitor. Stephen trabalha de uma forma bem particular a personalidade de cada componente da trama e, como o livro tem retratos sobre suicídio, como o fascínio do próprio Brady, todos os pequenos trechos que não estão focados nos protagonistas são bem aproveitáveis e inseridos no momento certo.

Último Turno encerra a trilogia deixando uma missão cumprida. A estreia de King no universo policial foi feita com o pé direito, trazendo uma trama muito bem desenvolvida e um antagonista capaz de deixar saudades no leitor. O final, que é mostrado de uma forma um pouco rápida, deixa a sensação que faltou um trabalho maior no grand finale, já que o livro todo teve um nível altíssimo de tensão. As situações impostas aos personagens no fim são complexas demais para terem sido resolvidas tão facilmente. Porém, o que mais vale nas histórias de Stephen King são as viagens pelas quais elas nos levam, não importando o destino final.