Eu Me Possuo - Stella Florence

22 de setembro de 2016

Título: Eu Me Possuo
Autora: Stella Florence
Editora: Panda Books
Gênero: Romance/Literatura Nacional
Ano: 2016
Páginas: 184
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: É possível abordar com leveza um tema tão duro quanto o estupro sem perder a profundidade? A escritora Stella Florence, que acaba de lançar o romance Eu me possuo, pela Panda Books, garante que sim: “Eu foquei o livro não na violência sexual que a protagonista sofre, mas na superação dela”. Em Eu me possuo acompanhamos a saga de Karina, uma mulher tímida, que decide abandonar a odontologia e abrir um bar. A partir daí, sua vida passa por várias revoluções: profissional, sexual, psicológica, afetiva, familiar. Nessa nova fase, de muito trabalho e muitos homens, Karina reencontra um antigo amor que a estuprou seis anos antes. A tensão que se estabelece entre ambos gera abalos e confrontos. Uma pessoa especialíssima, porém, acompanha Karina todo o tempo: sua moderna e sábia avó, Evelyn.
Resenha: Karina é uma jovem de vinte e poucos anos que mora com os pais e a irmã, Mariana. Ela é estudante de Odontologia e faz estágio em uma clínica. A vida de K é, aparentemente, normal, e a ideia de ajudar Renata, uma antiga amiga, em seu bar, o Quintal da Vizinha, seria uma forma de fugir da rotina, da família apática e da mãe cheia de manias estranhas e inexplicáveis. Sua única fortaleza é Evelyn, sua avó materna.
O que ela não esperava era que, ao mudar sua vida para se dedicar a algo que poderia lhe trazer alguma realização, ela iria se deparar mais uma vez com Gustavo, o cara que a violentou quando ela tinha dezessete anos... Como Karina vai lidar com isso? Por que Gustavo reapareceu? Será que é chegada a hora de Karina enfrentar seus fantasmas confrontando esse homem de uma vez por todas?

O livro é narrado em terceira pessoa e, embora possua um tema delicado a ser tratado, é bastante leve e fluído, sendo possível ler em questão de algumas horas. Apesar de ter sido algo que marcou Karina de forma negativa, a história segue por um outro caminho. O estrupro do qual K foi vítima acaba não sendo o foco principal do enredo, mas sim como ela lidou com isso, como conseguiu vencer essa barreira e retrata a nova e incrível mulher que ela se tornou após ter superado o ocorrido.

Karina é uma mulher tímida, mas que não tem medo de se arriscar, independente do assunto se referir ao seu lado pessoal ou profissional. Ela experimenta coisas novas, não se apega facilmente a alguém e não deixa de aproveitar a vida como quer, abre mão do que não a faz feliz sem pestanejar, mostra que tem o pé no chão, que sua opinião é sólida e bem fundamentada e seu caráter é admirável. E não se trata apenas de sua vida sendo transformada a partir das escolhas que ela toma, mas também uma visão nova e melhor que ela passa a ter sobre amizade, amor, família, trabalho e, acima de tudo, sobre si mesma.
"...ela determinou que nunca mais o sexo seria algo preso ao corpo, que nunca mais ela sentiria vergonha, que ela sempre transbordaria de sua pele, de seus contornos, e que todos os homens que a tocassem sentiriam o quanto é estupidamente excitante estar com uma mulher que se sente livre."
- Pág. 63
Sua avó, também tem grande importância em sua vida, pois diferente de sua mãe e de seu pai, é ela quem apoia a neta com palavras de conforto e sempre está alí para o que der e vier. Ela é uma senhora com o espírito jovem, mas cheia de sabedoria e experiência de vida, e se não fosse por sua ajuda, talvez Karina poderia ter sucumbido à própria angústia. Acredito que Evelyn é a personificação do que alguém que sofreu algum trauma mais precise. Alguém que esteja alí pra apoiar, pra acolher e ajudar, alguém essencial na vida de qualquer um. Ninguém supera nada sozinho, todo mundo precisa de alguma ajuda, de algum incentivo para poder enxergar que a vida não acabou e poder seguir em frente de cabeça erguida. E é isso que K faz.

Alguns personagens aparecem sem uma devida apresentação e por alguns momentos tive um pouco de dificuldade de saber quem era, de onde vieram ou o que faziam até que fosse melhor explicado. Os capítulos são curtos e isso acaba causando uma ansiedade maior sobre o que virá a seguir, porém, não há uma ordem cronológica certa e um capítulo não dá uma sequência linear para o anterior, o que pode acabar tornando os fatos um pouco confusos, fragmentados, como se algumas partes estivessem faltando.

Obviamente um estupro não é algo fácil de se lidar mas, por mais que Karina tenha tentado encontrar justificativas e se culpado pelo que aconteceu, ela, enfim, conseguiu se libertar daquela prisão em que ela mesma se colocou. A forma como ela decide enfrentar seus medos, seguir em frente e se impor como uma mulher forte e corajosa é uma postura libertadora e que tem tudo a ver com empoderamento feminino, tema muito importante na atualidade.
"E quem forjou a chave para abrir meu cativeiro fui eu. A força que hoje me habita é criação minha. Eu me possuo. Ninguém mais."
- Pág. 165
Não temos somente o ponto de vista de Karina sobre o ocorrido, mas também a tentativa falha de Gustavo de se explicar. É como se a autora quisesse mostrar que, muitas vezes, os homens não entendem o que é, de fato, um estupro e, ao cometerem essa atrocidade, ainda continuam com a consciência limpa como se nada demais tivesse acontecido. E através de um email que Karina escreve para ele, sobre tudo o que passou e sobre tudo que aprendeu desde então, fica claro que o que eles podem considerar como uma brincadeira, ou o que não é nada demais, é uma invasão, e pode ser caracterizado como estupro, sim. Não é porque uma mulher gosta e tem atração por um homem que ela quer transar com ele. Um homem não tem o direito de se aproveitar da vulnerabilidade de uma mulher, independente do estado em que ela se encontre. E o mais importante: não são somente desconhecidos que atacam alguém na rua que são estupradores... Qualquer homem, seja ele o pai, o marido, o amigo ou quem quer que seja, pode ser um estuprador em potencial, basta que ele ignore que há uma diferença enorme entre o sim e o não, ou se aproveite da fragilidade, da incapacidade ou do momento em que decide forçar alguém a fazer algo que não se quer... E quem acha isso normal também não fica atrás...

O trabalho gráfico da obra é uma graça. A capa tem tudo a ver com a história, é fosca e tem um tom de turquesa lindo e texturizado, e os detalhes dos ornamentos, das flores e do título possuem uma camada de verniz que deixam tudo muito caprichado. Os capítulos são curtinhos, numerados com ornamento florais e possuem a silhueta do passarinho da capa ao final de cada um deles, a fonte possui um tamanho agradável, assim como as margens que deixam o texto bem distribuído nas páginas (que são amarelas), e a revisão está impecável.

Em suma, é um livro muito bom para trazer reflexões sobre o tema, conscientizando leitores de que a culpa nunca é da vítima e que é possível vencer traumas desde que a pessoa se permita erguer a cabeça e seguir em frente.

Eterna - C.C. Hunter

21 de setembro de 2016

Título: Eterna - Ao Anoitecer #2
Autora: C.C. Hunter
Editora: Jangada
Gênero: Jovem adulto/Sobrenatural
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Justo quando Della estava começando a achar que tinha encontrado a sua tribo em Shadow Falls, sua vida vira do avesso novamente. Depois de ser vítima de um vírus mortal, ela precisa fazer a difícil escolha de ser uma Renascida, um tipo de vampiro mais forte e poderoso. Essa é a sua única chance de sobrevivência. Mas ela tem um preço: Della terá que ficar eternamente ligada a Chase. Será que a atração que ela começa a sentir por ele é real ou tem a ver com esta ligação? E o que acontecerá com Steve, o metamorfo? E se já não bastasse os problemas do coração, enquanto Della investiga o seu mais recente caso, ela descobre uma prova chocante de que seu pai está envolvido num crime do passado. Isso a faz questionar tudo o que acredita ser verdade, e o seu lugar num mundo que ela pensava conhecer tão bem.
Resenha: Eterna é o segundo livro da série Ao Anoitecer, spin-off da saga Acampamento Shadow Falls escrita pel autora C.C. Hunter e publicado no Brasil pela Jangada.

Della passou por uma segunda transformação e se tornou uma Renascida, uma vampira muito mais forte, veloz e poderosa do que imaginava ser, e sua única chance de sobreviver é aceitando esta condição, porém, tal escolha irá fazer com que ela fique ligada a Chase para sempre. No volume anterior, Della e Chase se juntaram numa missão em que deveriam investigar um assassinato e, desta vez, irão se unir novamente numa nova missão envovlendo um fantasma ligado à ela, e eles irão enfrentar perigos ainda maiores além de fazer descobertas incríveis e surpreendentes. Sua família também anda passando por uns perrengues e Della começa a pensar que seu pai não é quem ela acreditava ser. Mas mesmo sabendo que é uma Renascida, ela não desistiu de se tornar uma agente da UPF.
Essa ligação que Della e Chase passaram a ter ainda é uma incognita para ela, principalmente porque ela ainda tem sentimentos por Steve. O problema é que por mais que ela também se sinta atraída por Chase, ela não sabe se pode confiar no que ele diz já que a própria existência desse metamorfo é um mistério cheio de segredos e algumas mentiras.

Narrado em teceira pessoa com foco maior sobre o ponto de vista de Della, Eterna possui um desenvolvimento agradável através de uma leitura fácil e fluída. A autora escreve muito bem e isso já é um fator que colabora bastante para o envolvimento do leitor com a leitura, porém, diferente do primeiro livro, comecei a me incomodar com a falta de inovação no que diz respeito ao enredo. Della também parece ter sofrido uma mudança brusca de personalidade, e aquela menina irônica e destemida foi consumida pelos sentimentos que nutre por Chase e Steve, o que estranhei total já que, inicialmente, ela nunca deu muita importância para sentimentalismos depois do que passou com o ex namorado que a abandonou... O caos começa a tomar conta das coisas, os mistérios estão lá para serem desvendados e mil problemas para serem resolvidos, e o que ela faz é pensar nesses caras deixando aflorar uma fase "doce" e fofinha que simplesmente não combina com ela. Steve ter saído de cena para que ela pudesse resolver as coisas com Chase foi uma artimanha bem clichê, mas, falando em triângulos amorosos, não gosto de dar muitos palpites sobre visto que nunca gostei desse elemento e não é dessa vez que vou mudar de ideia. Sò posso dizer que entre Chase e Steve, escolho Steve, ponto. Chase claramente esconde coisas que podem ser a chave para algo maior no futuro, mas como não se pode confiar nele 100%, prefiro não arriscar me apegar a ele.
Della até retoma às origens depois, mas essa "queda" não passou batida pra mim e não pude deixar de achar desnecessário já que fugiu totalmente daquela personagem forte, destemida e bad-ass que ela sempre demonstrou ser.

Com relação a parte física da obra, a capa é metalizada e segue o mesmo estilo do livro anterior e também dos demais livros da série Acampamento Shadow Falls. As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. Os capítulos são numerados por extenso, a diagramação é simples e não percebi erros de revisão durante a leitura.

Enfim, a história tem um desenvolvimento bacana e até mesmo rápido, os diálogos são espirituosos e inteligentes na maioria das vezes (mesmo se tratando de jovens adolescentes), a amizade é abordada de uma forma bastante verdadeira e a trama num geral é recheada de bom humor, mistério e bastante ação. O romance, claro, está lá, cheio de complicações, mas também acompanhado de momentos bonitinhos, fases em que o destaque fica por conta da descoberta mas também muitas dúvidas e indecisão.
De forma geral, pra quem curte fantasias sobrenaturais voltadas ao público jovem adulto com todos esses elementos que mencionei acima, vai gostar bastante da série.

Novidades de Setembro - Grupo Pensamento

Jangada

Transcedente - Starling #3 - Lesley Livingston

A série Starling chega a seu desfecho épico neste terceiro volume. A ancestral profecia nórdica do Ragnarök está prestes a se cumprir. Mason Starling tem nas mãos o destino do mundo, enquanto Fennrys, seu amor, jaz a seus pés sangrando, com a vida por um fio. No entanto, o que quer que esteja por vir não ocorrerá por causa de uma profecia ou dos planos maquiavélicos do seu pai. Tudo depende apenas das decisões de Mason e Fenn. E o mundo deve torcer para que ambos
alcancem aquilo que suas almas e suas espadas mais almejam: evitar o fim do mundo.





Cidade dos Fantasmas - Daniel Waters

Após uma catástrofe que matou milhões de pessoas, uma fenda se abre entre as dimensões e as cidades passam a ser assombradas por fantasmas. Verônica não passa um dia sem ver um fantasma, mas eles não a assustam. Porém, os fantasmas estão ganhando força e começam a aparecer com muito mais frequência. Ela e seu colega de classe Kirk, investigam por quê e descobrem uma história sinistra: August, seu professor de história, não se conforma que a sua filha não voltou do mundo dos mortos como fantasma e acha que para isso acontecer ela precisa primeiro se apossar de um corpo, e que Verônica é a pessoa certa para abrigar o espírito da filha. Mesmo que esteja errado, que mal há em criar mais um fantasma, se já existem tantos!

Seoman

30 Anos de Música - Rick Bonadio e Luiz César Pimentel

Rick Bonadio iniciou sua carreira 1986, aos 17 anos, quando gravou um disco, porém foi na mesa de som, produção e composição que ele se consagrou. É atualmente o produtor musical mais conhecido do Brasil. Já revelou, produziu e empresariou grupos como Charlie Brown Jr., Mamonas Assassinas, Titãs, Rouge, Ira! e NX Zero. Produziu mais de 300 artistas e ganhou 31 discos de ouro, platina, platina dupla e diamante por vendagens que, somadas, ultrapassam os 15 milhões de álbuns. Foi diretor artístico e depois presidente da gravadora Virgin Records no Brasil e criou o selo Arsenal Music, adquirido pela multinacional Universal Music. Trabalhou em programas de TV como Popstars (SBT), Caldeirão do Huck (Globo), Countrystar (Band), Ídolos (Record), Fábrica de Estrelas (Multishow) e, atualmente, é jurado do X Factor Brasil (Band).

Pensamento

Almanaque Wicca 2017 - Guia d Magia e Espiritualidade

Este é o Guia de Magia e Espiritualidade mais completo do Brasil. O Almanaque Wicca 2017 é uma fonte de informações sobre a vida, a magia e o mundo espiritual, que nos convida a utilizar esse conhecimento para sermos pessoas mais íntegras, felizes e próximas da nossa essência divina. Repleto de diferentes artigos, você vai aprender um ritual para atrair dinheiro, encantamento para combater a insônia, uso avançado de ervas e pedras, magia da arrumação da casa, entre outros. Como de costume, traz ainda o calendário 2017 com as fases da Lua e datas comemorativas pagãs.




O Livro Completo das Correspondências Mágicas - Sandra Kynes

Agora, além de consultar o horóscopo ou tirar uma carta de tarô para prever como será o seu dia, você também saberá qual runa, número, cor, cristal e divindade está mais alinhada com a energia desse dia. Utilize as tabelas de correspondências mágicas e descubra as associações que existem entre todas as artes esotéricas. Um guia prático e acessível a todas as pessoas que querem aumentar seus níveis de energia, proteger-se da negatividade e fazer rituais e práticas mágicas realmente poderosas.







Cultrix

O Poder da Decisão - Steve McClatchy

Descubra com o melhor coach de liderança da atualidade que você pode produzir uma vida repleta de realizações simplesmente mudando uma única coisa: a maneira como toma decisões. Este livro oferece um roteiro simples, direto, prático e duradouro para que você tome decisões de uma maneira que o levam a chegar onde quer e atinja seus objetivos. Também mostra quais são as habilidades, ideias e estratégias necessárias para superar os desafios e complexidades que você muitas vezes enfrenta no dia a dia.






Liberte-se do Passado - J. Krishnamurti

Nesta nova edição revista, Krishnamurti nos traz importantes ensinamentos práticos para mantermos a mente livre do passado e não sofrermos por situações artificiais armazenadas na memória. Reunindo os principais tópicos de conferências realizadas por este grande filósofo, esta obra trata de questões seminais para a nossa existência: a busca do prazer, a importância da comunicação, a memória humana, a violência e outros estados de ânimo dissonantes do nosso espírito, a pobreza, as drogas, a solidão, a beleza e o amor.

Sou fã! E Agora? - Frini Georgakopoulos

20 de setembro de 2016

Título: Sou fã! E agora?
Autora: Frini Georgakopoulos
Editora: Seguinte
Gênero: Interativo/Nacional
Ano: 2016
Páginas: 160
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um livro para fã nenhum botar defeito! Fã que é fã adora conversar, discutir, interagir. Mas nem sempre temos por perto um amigo tão fanático quanto a gente para desabafar. Foi pensando nisso que Frini Georgakopoulos, uma fã de carteirinha, escreveu este livro: um manual de sobrevivência voltado para quem é apaixonado por livros, filmes, séries de TV… Com uma linguagem rápida e divertida, Sou fã! E agora? é uma mistura de artigos breves e atividades interativas que convidam a refletir sobre os motivos para curtirmos tanto as histórias, além de ajudar a descobrir o que fazer com todo esse amor: criar seu próprio cosplay, escrever uma fanfic, organizar um evento, começar um blog ou canal e muito mais!
Resenha: Quem não é fã de nada não vive nesse mundo. Me lembro que em 2006, um tempo que não existia tanta acessibilidade como existe hoje, assisti a um clipe de um famoso grupo feminino e me tornei fã. Seis mulheres, cadeiras, uma barra de ferro, fogo e o Snoop Dogg participando da música. Remete a algo? Foi assim que conheci as Pussycat Dolls, e um amor de fã surgiu ali. E não pensem que era fácil, não! Naquela década o acesso a plataformas como Facebook e interatividade desse modo de hoje não existiam. Passava várias horas no Orkut, na comunidade dedicada ao grupo. Lá tinha aquela interatividade entre quem amava o grupo, formado em 2003 e que encantou pessoas ao redor do mundo todo. E não tinha guerra de fandom, e sim entre os próprios fãs, afinal, sempre tinha aquela coisa de "a minha Doll preferida é a melhor". Até que a Nicole decidiu lançar um álbum solo (Her Name is Nicole, que não deu muito certo e foi arquivado) e uma amiga chegou na escola e me disse: "Lucas, aquela Pussycat Doll lançou uma música". E lá fui eu na caçada até conseguir descobrir o nome da Nicole Scherzinger, tão difícil quanto Georgakopoulos. Google, por favor! Entre muitos trancos, elas lançaram o segundo disco, Doll Domination, e se despediram dos fãs, após alguns desentendimentos internos. O que aconteceu comigo? Fiquei desolado, sem chão, com depressão-pós-fim-de-grupo. Se vocês não são foram fãs de algum grupo como Backstreet Boys, Spice Girls, N'Sync, Destiny Child e afins, não sabem o que a gente sente naquele momento. Ai meu coração! Até que a Nicole lançou um álbum solo e o primeiro single passou em primeiro lugar no Top 10 MTV. Eu s-u-r-t-e-i. Ela até já me respondeu no Twitter. Eu tinha dito pra ela que estava muito chateado por não obter uma resposta dela ali, e toda fofa ela respondeu: no, baby! Happy, happy, happy! Chorei, né?

Surtos de fã à parte, o primeiro livro da Frini Georgakopoulos, que deve ser parente distante da Nicole Prescovia Elikolani Valiente Scherzinger, é um guia divertido e interativo sobre o que é ser fã e como a gente tem alguns surtos - num bom sentido - e lida com isso. Dividido em quatro partes, o leitor encontra textos referentes ao gênero YA, o porquê de amarmos histórias, a teoria dos dois gatinhos (eu adorei isso!), preconceito literário (um grande destaque para esse assunto) e etc.

Cheio de observações muito interessantes e coerentes sobre o mundo de fãs, Frini descreveu em um livro curto tudo que a gente vive nesse mundo, seja literário, cinematográfico, musical e etc. A forma de escrever, leve e descontraída, tornou a leitura muito agradável. Em alguns momentos cheguei a exclamar "É ISSO MESMO!", porque percebi que Georgakopolous é fã de várias séries que eu também sou. Em uma atividade, a autora nos conduz a relembrar os momentos engraçados como fãs, passados juntamente dos amigos, claro, por que ninguém paco mico sozinho. Comecei a lembrar de algo que aconteceu na Bienal do Livro de 2016, bem recente, em que minha amiga protagonizou uma cena bastante memorável com a Audrey Carllan. Até mesmo eu passei um momento super engraçado com a Lucinda Riley.

Mas nem tudo é só diversão, não é mesmo? Além das interatividades, o livro proporciona uma reflexão sobre diversos assuntos, como o preconceito literário. Cinquenta Tons de Cinza gerou muita polêmica na época de seu lançamento e junto com isso vieram muitas críticas às leitoras que amavam a história. Mas por que isso? Pessoalmente, não acrescenta nada a mim o que a E.L James se propôs a escrever, mas e se outras pessoas gostam e se identificam? Por gostar da Valesca Popozuda (sim, sou Popofã!), acabei ouvindo coisas como: "Nossa, mas você? Lê tanto, é tão culto e gosta dela?". É preciso conhecer antes de julgar.

Sou fã! E agora? é uma boa pedida para quem é fã, surta, enlouquece com algo e precisava de um livro que expresse tudo isso com palavras e opiniões. Confesso que não sou adepto de obras interativas, como livros de colorir. A diferença é que Frini Georgakopoulos fez um livro de fã para fã.

***

Abaixo, algumas respostas minhas às perguntas interativas do livro:

Do que você é fã há muitos anos, e esse amor nunca mudou? 
Nicole Scherzinger. Apesar de ela ter mudado muito depois que deixou o grupo The Pussycat Dolls, continuo acompanhando a carreira dela.

Qual temas você gostaria de encontrar na literatura jovem adulta? E quais você sente falta que sejam tratados? 
Gravidez na adolescência é algo que nunca vi nesses livros, e acredito que é uma realidade que deva ser discutida. Nos Estados Unidos existe o programa 16 and Pregnant, que retrata a vida de jovens garotas gravidas na adolescência. Seria bacana ver isso na literatura.

Quais histórias vividas por dois gatinhos que conquistaram (e dividiram) seu coração?
Adrian e Dimitri, da Academia de Vampiros. Confesso que sou #TeamAdrian.

Conte quais os destinos literários que você mais gostaria de conhecer ou que te marcaram mais.
Avalon, da série Fadas, escrita por Aprilynne Pike. Além de ser um local sem muitos perigos (eu não gostaria de morrer morto por um strigoi no universo de VA), é um ambiente cheio de magia e cumplicidade.

Conta aí quais vilões que mais te marcaram.
Neferet, da série House of Night. Desejei que ela matasse todos os bonzinhos da trama, porque ela é o exemplo perfeito de como um vilão pode ser mais interessante que os mocinhos.