Silêncio - Richelle Mead

19 de julho de 2016

Título: Silêncio
Autora: Richelle Mead
Editora: Galera Record
Gênero: YA/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 280
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Pelo que Fei se lembra, nunca houve um ruído em seu vilarejo - todos são surdos. Na montanha, ou se trabalha nas minas ou na escola, e as castas devem ser respeitadas. Quando algumas pessoas começam também a perder a visão, inclusive a irmã de Fei, ela se vê obrigada a agir e a desrespeitar algumas leis.
O que ninguém sabe é que, de repente, ela ganha um aliado: o som, e ele se torna sua principal arma. Ao seu lado, segue também um belo e revolucionário minerador, um amigo de infância há muito afastado em função do sistema de castas.
Os dois embarcam em uma jornada grandiosa, deixando a montanha para chegar ao vale de Beiguo, onde uma surpreendente verdade mudará suas vidas para sempre. Fei não demora a entender quem é o verdadeiro inimigo, e descobre que não se pode controlar o coração.

Resenha: Há muitos séculos um pequeno povoado habita o alto de uma montanha, um vilarejo conhecido como Paço do Pavão, onde, todos são surdos e vivem em absoluto silêncio. O lugar é cercado por pedras que impedem os moradores de saírem dalí os tornando dependentes de um sistema de trocas com as pessoas que vivem no vale de Beiguo, ao pé da montanha. Através de uma tirolesa, eles enviam os minérios coletados das minas e recebem mantimentos para sobreviverem, pois o solo não é fértil e eles não conseguem cultivar plantas nem criar animais. A pequena sociedade foi dividida em castas e as pessoas só poderiam ter três tipos de trabalhos: os artistas, os mais respeitados na hierarquia que são responsáveis por representar os acontecimentos cotidianos através das pituras a fim de deixarem tudo registrado na História; os mineradores, responsáveis pela escavação e extração dos minérios que são enviados a troco dos alimentos; e os fornecedores de suprimentos, responsáveis por dividir de forma justa a comida que recebem.
Fei é uma das aprendizes de artista mais promissoras e habilidosas do povoado. Ela e a irmã, Zhang Jing, vieram de uma família de mineradores que morreram bem jovens, mas por possuirem o dom da arte conseguiram uma posição melhor na sociedade ao se tornarem aprendizes. O problema é que algumas pessoas começaram a perder a visão, se tornando dependentes da caridade alheia e sendo obrigadas a viverem as margens por deixarem de ser "úteis", e quando Jing começa a ser afetada e sua visão começa a falhar, Fei se desespera com medo da irmã perder o posto e ter um destino sofrido e miserável e não hesita em enganar os tutores fazendo o trabalho de Jing quando ela não consegue executá-lo com a perfeição exigida.
A cegueira que afetou os mineradores acabou trazendo problemas para todo o povoado, pois em consequência da produção ter caído muito, os mantimentos que chegavam pela tirolesa também diminuiram proporcionalmente, e com a ideia de que isso mais cedo ou mais tarde levaria os habitantes à morte, Li Wei, um jovem minerador que foi amigo de infância de Fei mas foi obrigado a se afastar devido ao sistema de castas, decide se rebelar e descer a montanha numa tentativa desesperada de reverter a situação. Porém, em meio a aflição do povoado, Fei, inexplicavelmente, começa a ouvir, e o que inicialmente a assusta, acaba sendo seu maior aliado quando ela resolve ajudar Li Wei nessa jornada cheia de perigos em busca de ajuda e de respostas para a sobrevivência de seu povo.

Richelle Mead utilizou da mitologia e do folclore chinês para construir uma história original e envolvente o bastante para causar uma das maiores ressacas literárias que já enfrentei até então. Nem sei quanto tempo faz que um livro não me prendia desse jeito. É o tipo de livro que me animou a ponto de me fazer sair comentando dele pra todo mundo que via pela frente feito uma louca.
A escrita é fluída, gostosa de se acompanhar, descritiva na medida certa e intinstigante a ponto de ter me feito devorar cada página sem vontade nenhuma de parar.
A narrativa é feita em primeira pessoa a partir do ponto de vista de Fei, mas pelo fato de todos no povoado serem surdos, os diálogos são feitos através da linguagem de sinais e aparecem em itálico para se diferenciarem do restante do texto, e este é um dos pontos mais incríveis que a história apresenta, pois a partir disso o leitor adentra um universo diferenciado e entende melhor as reações daqueles que desconhecem o que é ouvir qualquer tipo de som, assim como as limitações que eles possuem e como são afetados por isso, e como a própria Fei lida com a ideia totalmente nova de ter sido acometida pela audição.

Sobre os personagens, não há muito o que comentar pois o que fica mais evidente são os sentimentos em vez da personalidade propriamente dita, e a situação em que Fei se encontra explica bem isso. Ela e a irmã conseguiram um posto na casta dos artistas, mas isso teve um preço. Ela sempre amou Li Wei e nunca o esqueceu, desde quando era criança, mas ao mudar de posição na hierarquia social foi impedida de se relacionar com ele e até foi prometida para outra pessoa a quem ela jamais amaria. Fei viveria numa posição melhor, daria conforto e segurança à irmã (a quem ela sentia necessidade constante de cuidar e proteger), mas abriu mão de sua felicidade em nome disso.
"Você não deveria ter que se casar porque outra pessoa quer que seja assim, ou porque parece ser a melhor escolha. Tem que se casar com alguém que ame você. Alguém que a ame a ponto de ser capaz de mudar o mundo por sua causa."
- Pág. 122
A medida que Fei e Li Wei descem a montanha e se deparam com um mundo totalmente novo, o leitor acompanha uma trama recheada de aventura e mistério, assim como embarca num romance doce que faz com que torçamos pelos dois ficarem juntos, e também pra tudo ficar bem e que todas as injustiças que eles descobrem que existem alí tenham um fim.
"Acho que somos bons nessa coisa de fazer o impossível."
- Pág. 189
A abordagem sutil que a autora utilizou para criticar a desigualdade social e a exploração alheia foi fantástica, e por mais inaceitável e cruel que seja, serve para abrir nossos olhos para enxergarmos que situações assim não ocorrem somente na ficção.
O livro foi classificado como sendo do gênero fantástico, mas posso dizer que esse elemento só aparece mesmo no desfecho da história. O foco maior recai sobre a estrutura da sociedade e como cada um tem um papel específico a desempenhar nela, assim como as descobertas que Fei e Li fazem acerca de seu povo ao se aventurarem para fora dos limites do vilarejo. As lendas locais sobre criaturas míticas sempre são mencionadas ou são perceptíveis de alguma forma, mas nada aprofundado o bastante até descobrirmos que estes elementos são as respostas para todos os questionamentos levantados durante a leitura. Num primeiro momento fiquei com a impressão de que as coisas saíram do contexto e foram muito convenientes, mas depois pensei bem e considerei que o folclore faz parte da história do povo desde os primórdios e nada mais justo do que ele ser a solução para os seus problemas.

A capa ilustra bem a protagonista e o alto da montanha como pano de fundo. Os detalhes em dourado também dão um destaque maior fazendo com que o trabalho gráfico tenha ficado muito caprichado e bonito. A diagramação é simples, as páginas são amarelas, os capítulos são curtos, a fonte e a margem possuem um tamanho agradável e encontrei alguns poucos erros na revisão, mas nada que tenha atrapalhado minha concentração e meu envolvimento com a história.

No mais, Silêncio é uma história única e intrigante com romance, aventura e mistério, e traz uma abordagem nova e original sobre os aspectos da vida humana e sobre o que as pessoas são capazes de fazer, uns pelo bem estar de quem amam, e outros por se manterem no poder.

Novidades de Julho - Grupo Pensamento

18 de julho de 2016

Jangada
As Vidas Impossíveis de Greta Wells - Andrew Sean Greer
Durante um tratamento psiquiátrico após perder seu irmão e o rompimento de seu relacionamento, Greta Wells se vê transportada para vidas que poderia ter tido se tivesse nascido em épocas diferentes. Sua consciência se alterna entre seu próprio tempo e sua vida em 1918, em que trai o marido, e outra em 1941, em que é mãe e esposa devotada. As três vidas de Greta são repletas de tensões familiares e escolhas difíceis. Cada realidade tem suas perdas, recompensas e desafios. Será que são efeitos do tratamento ou ela realmente está vivendo essas vidas? E se Greta descobrir como permanecer em um dos outros mundos, em qual época ela vai querer ficar?



Sombras do Espaço - Megan Crewe
Agora que Skylar decidiu ajudar Win a acabar com o controle secreto exercido pelo seu povo alienígena sobre a Terra, ela segue para a imensa estação espacial que Win e o restante dos kemyanos chamam de lar. Suas habilidades conquistam o respeito dos Rebeldes, porém eles percebem que alguém está vazando informações para o inimigo, quando os Executores intensi cam seus esforços para capturá-los. Skylar tem razões para descon ar de todos os kemyanos. A cada passo em direção à verdade, Skylar mergulha mais fundo nas vidas ao seu redor e no completo horror do aprisionamento de seu planeta. Para completar sua missão, ela precisa arriscar a própria vida, o seu coração e o futuro da Terra.



Pensamento
Para Sempre com Meu Filho - Elisa Medhus
A dra. Elisa Medhus nunca acreditou na vida após a morte. Médica renomada, ela colocava toda a sua fé na ciência. Mas tudo isso mudou depois que seu filho Erik fez a passagem para o Outro Lado da Vida e passou a se comunicar com ela. Neste livro, Elisa transcreve as respostas de Erik para os mais universais questionamentos do ser humano: o sentido da vida e da experiência humana, a vida após a morte, e muitos outros assuntos relativos à espiritualidade. As mensagens profundas de Erik podem mudar a sua vida para sempre.





O Homem é Aquilo que Ele Pensa - James Allen
James Allen, um dos maiores pensadores e divulgadores do mentalismo de todos os tempos, nos mostra neste clássico que os bons pensamentos, quando disciplinados e em estreito controle e observação, se transformam em realidade. Este livro nos ensina a adquirir força interior e a dominar nossos pensamentos, para termos uma vida mais saudável, feliz e abundante, que nos conduza à paz, à segurança e ao crescimento interior. A chave da felicidade está mais ao alcance de nossas mãos do que podemos imaginar!






Cultrix
História do Sexo sem as Partes Chatas - Karen Dolby
Derrubando mitos sexuais históricos, Karen Dolby conta num estilo leve, divertido e picante tudo o que aconteceu entre quatro paredes, ou mesmo diante dos olhos de todos, ao longo de mais de 2.500 anos de costumes sexuais. Você conhecerá as histórias desde a Grécia Clássica, passando pelos romanos e os escândalos envolvendo os Bórgias e as várias dinastias de reis e rainhas, papas e sacerdotes, presidentes e primeiros-ministros, escritores, artistas, santos e filósofos. Este livro vai virar do avesso tudo o que você pensou até hoje sobre os costumes sexuais da humanidade.




A Riqueza Pública das Nações - Dag Detter e Stefan Fölster
Melhorar a gestão da riqueza pública é uma das questões econômicas mais importantes da nossa época. O setor público tem demonstrado ser um péssimo administrador da riqueza que possui em mãos. Com base em pesquisas e na experiência prática de muitos países, os autores mostram que governos do mundo inteiro, inclusive nações que hoje passam por crises financeiras, poderiam monetizar seus valiosos ativos de diversas formas. A principal sugestão para reverter o crescimento econômico enfraquecido é que os ativos públicos sejam entregues a uma gestão profissional de fundos, que lance mão do que há de melhor na administração corporativa.

A Rebelde do Deserto - Alwyn Hamilton

17 de julho de 2016

Título: A Rebelde do Deserto - A Rebelde do Deserto #1
Autora: Alwyn Hamilton
Editora: Seguinte
Gênero: YA/Aventura/Romance
Ano: 2016
Páginas: 283
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher. Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele. Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo - é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por revelar a ela o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir. 

Resenha: Uma jovem destemida. Uma aventura no deserto. Uma rebelião não esperada. Esses são alguns ingredientes do livro de estreia da autora Alwyn Hamilton. Como bom leitor do gênero YA, admito que A Rebelde do Deserto não é uma leitura espetacular; a história de Amani é composta de elementos interessantes e muito convincentes, mas que não chegam a ser surpreendentes. Em um universo literário com espaço para muitos gêneros, a aventura de uma garota corajosa em meio a um deserto perigoso pode ser um ótimo entretenimento.

É esperado por todo leitor que, ao se inciar uma leitura, não haja vontade de largá-la de lado. Nessa saga, que se passa num deserto onde a pobreza é extrema, a água é um bem precioso e há uma guerra incessante por poder, Amani leva o leitor a uma aventura pelo desconhecido: magia, sultões, guerras, cultura do oriente e crenças. Essa pitada de "originalidade" e aspectos que ainda não vistos em outra obra ainda foram o maior atrativo para ascender a vontade de mergulhar no universo da Vila da Poeira.

No começo, há uma introdução sobre a trama e junto disso vem um choque cultural. A autora inseriu um pouco de elementos da vida real que, infelizmente, são bem conhecidos por todos nós. As mulheres são tratadas como objetos; os homens dominam tudo a pulso de ferro; e existe Amani, a protagonista, que apesar de ter apenas dezessete anos, é pura força e inteligência. Houve uma identificação instantânea com ela e acredito que esse seja um ponto chave para o fluir de uma história: empatia com o personagem que a protagoniza. Recentemente defendi veemente que narrativas em primeira pessoa são um perigo: ou tudo corre muito bem ou vai ladeira a baixo. Às vezes, é preciso saber do pensamento de todos e descentralizar o ponto de vista de um só. A Rebelde do Deserto traz tudo sob a perspectiva de Amani, mas isso não é um ponto fraco. O necessário foi mostrado. Não há divagações estranhas e desnecessárias. No mais, Amani é uma protagonista que mostrou um desenvolvimento gradativo e com certeza trará ainda mais surpresas nos volumes sequentes.

Os outros personagens são pouco trabalhados, mas há devida atenção a eles. Quem mais aparece, claro, é Jin, o parceiro de Amani em sua jornada pelo deserto. Há certa cumplicidade na relação dos dois com uma pequena pitada de romance. O livro tem um ritmo muito acelerado e em pouco mais de 280 páginas tudo é narrado de forma concisa e cheia de acontecimentos. Há espaço para tudo, no seu devido lugar e em sua devida hora. As questões sentimentais têm seu espaço (felizmente pequeno), as lutas e momentos de tensão acontecem tomando uma ou duas páginas e logo é retomado o desenvolvimento da história.

A Rebelde do Deserto fez jus a uma boa aventura. A história de Amani Al'Hiza é uma trama que empolga e no final deixa aquele gostinho de quero mais. É o tipo de livro que não é complexo demais e não necessita disso. Tudo flui de uma maneira excelente e a ansiedade pela continuação é certa. É esperado agora que as continuações tragam uma profundidade maior nos impasses dos personagens. A saga da rebelde, que traz alguns clichês envoltos em muitas crenças e um pano de fundo que remete As Mil e Uma Noites, é adorável e cumpre o prometido. Afinal, tudo que precisamos em alguns momentos é um livro leve que nos faça viajar para um mundo totalmente novo.

O Risco - Rachel Van Dyken

16 de julho de 2016

Título: O Risco - Aposta #3
Autora: Rachel Van Dyken
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance
Ano: 2015
Páginas: 296
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Beth nunca fez nada de arriscado. De inconsequente. De divertido. Isso é, até acordar em um quarto de hotel ao lado de Jace, um senador sexy, que ela reencontrou em uma festa de casamento na noite anterior.
O problema é que sua última lembrança da noite é estar na cama, abraçada a uma caixa de biscoitos, chorando copiosamente. E Jace também não se recorda de muito mais. Outro problema? Eles foram fotografados entrando juntos no hotel, e agora a mídia está em polvorosa, especulando quem é a misteriosa acompanhante do senador. Uma amiga? Uma antiga namorada? Uma... prostituta?
O que deveria ser um encontro casual transforma-se em uma aventura de seis dias: a fim de que escapem do assédio dos repórteres, vovó Nadine os envia para um resort no Havaí. Para Beth, são seis dias de conto de fadas junto ao homem por quem é apaixonada desde a adolescência. Para Jace, são seis dias para esquecer as mágoas do passado e aprender que, às vezes, o amor exige atos de coragem.

Resenha: Depois de acompanhar a história dos irmãos Titus, dessa vez vovó Nadine está mais afiada do que nunca e determinadíssima a juntar Jace e Beth. Ele é o senador que devia dar em cima de Char, a irmã de Beth. O segundo livro acabou em uma festa de casamento, esse começa em um quarto de hotel com nossos protagonistas sem roupa e sem memória.
Jace não quer se envolver com ninguém desde que flagrou a ex na cama com seu melhor amigo. Sua carreira na política exige muita dedicação e uma imagem pública ilibada. Essa história pode representar um escândalo e reverter seus índices de aprovação. Mas não é qualquer mulher que estava no quarto com ele. Beth é uma cientista nerd  que vive sozinha com seus gatos depois de se desiludir com o amor. Na verdade, ela nunca esqueceu um tal menino que a beijou no baile de formatura, ainda adolescente. E agora, com 30 anos e virgem, ela sequer lembra como foi a noite com esse menino que virou um homem lindo e atraente.
Nenhum dos dois conseguiu esquecer o outro, mas também não tem coragem de admitir, talvez nem pra si mesmo, por isso vovó Nadine resolveu dar uma ajudinha pro coração mandando os dois pra um spa de casais, com terapia e tudo! Claro que ela envolveu a lua de mel dos outros dois casais e mais algumas chantagens, nada que não possa ser superado.
Beth resolve aproveitar os 6 dias de férias forçadas e fazer tudo que ela nunca se permitiu. Pediu a Jace pra que durante aquele tempo desse a ela um conto de fadas, e ele topou. Em menos de 1 semana, eles terão dias e noites de romance e carinho. Só que nem tudo sai como o planejado, muitos imprevistos acontecem, algumas surpresas aparecem... E no meio disso tudo eles precisam decidir se vale a pena dar uma chance ao amor ou continuar valorizando trabalho e se deixando paralisar pelos próprios medos.

Intercalando a narração de Jace e Beth, encerramos a trilogia com a história mais divertida. Um roteiro digno de filme de sessão da tarde, daqueles em que tudo acontece de errado pro casal não ficar junto, mas já estava escrito que seriam um do outro há muito tempo.
"- O amor sempre exige que a gente corra riscos, e não vou mentir, querida. Você pode falhar. Mas não prefere tentar e saber que falhou do que passar o resto da vida se perguntando o que teria acontecido se tivesse dado uma chance?"
O romance é lento, apesar de a atração ser instantânea. Até tentei entender o receio deles, o medo de se jogar de cabeça e arriscar - romântica do jeito que sou teria me declarado e resolvido a situação em dois tempos; aliás, grande parte dos problemas das histórias se dá porque ambas as partes não têm coragem de assumir os sentimentos. Pois bem, se eu fosse Jace superaria a traição em dois tempos e me permitiria ser feliz de novo, e se fosse Beth não teria medo de arriscar ser feliz, ainda mais com o cara que há anos faz parte dos sonhos.
Mas não sou tão insensível a ponto de dizer que é injustificável o medo deles. Cada um sabe a dor que sente e até onde o braço alcança. Talvez todo o processo tenha sido necessário pra desatar os nós com o passado e construir a ponte em direção ao outro.

Beth mexeu muito comigo pela falta de confiança em si mesma. Ela tinha uma autoestima baixíssima, principalmente por causa de um babaca do ensino médio e de outros idiotas que passaram por sua vida. Infelizmente muitas mulheres ainda atrelam sua imagem ao desejo de um homem. Nisso eu consegui entendê-la e senti sua angústia aqui dentro.
Vovó Nadine é tão protagonista quanto o casal. Nos outros ela foi fundamental, mas aqui ela aparece toda hora, inclusive com pedaços de depoimentos à polícia em cada início de capítulo. São peças de um quebra-cabeça que nós recebemos e tentamos montar aos poucos. Enquanto o desenho não se forma, vamos acompanhando o romance e nos divertindo com as loucuras de uma velha faz-tudo que não tem filtro.

Comparado aos primeiros livros, esse é bem leve em termos de sexo. O casal demora a engrenar, então quando finalmente acontece já é quase o fim. Mas nem por isso deixa de ser bom, envolvente, gostoso de ler. A participação excêntrica da vovó compensa! Eu dava gargalhadas demoradas, daquelas de atrair a atenção da galera que estava ao redor e acordar o marido na cama de noite.

Marquei um mooooonte de quotes, gente! Engraçados, românticos, tocantes... E teve um que não precisaria nem vir pra resenha, mas achei bacana a mensagem que a autora inseriu e a maneira simples como foi passada, no meio da cena, no pensamento do homem. Deveria ser uma fala fofa, ele pensando algo legal sobre a menina, de certa maneira a elogiando mentalmente. Mas mesmo na "boa intenção", se corrige, dá o alerta e segue o texto. Foi simples, mas bem colocado.
"As garotas não coram com esse tipo de coisa. A maioria delas não dá a mínima. Que tipo de homem não seguraria a mão dela? Que tipo de homem não tentaria sufocá-la de tanto romance?
Escolhi mal as palavras. Ninguém deveria sufocar outra pessoa com nada, mas enfim."
Chorando porque uma das melhores séries de romance acabou. Rachel Van Dyken me conquistou no primeiro, me arrebatou no segundo e garantiu seu lugar na lista de autores preferidos no terceiro. O epílogo me deixou saciada, mas se me falassem que tinha continuação, spin-off ou qualquer outra coisa relacionada à trilogia eu ficaria super feliz. E acho digno um livro só da juventude da vovó Nadine e sua participação na Guerra Fria.

Rachel Van Dyken tem vários outros livros publicados, com avaliações no Goodreads ainda melhores do que a série A Aposta. Se já gostei dessa, imagina se não vou amar as outras? Torcendo pra que a Suma traga mais obras logo! Se você ainda não leu não perde mais tempo. Vem morrer de rir com as loucuras da vovó Nadine e se apaixonar por Jake, Travis e Jace.