Uma Chama Entre as Cinzas - Sabaa Tahir

4 de dezembro de 2015

Lido em: Novembro de 2015
Título: Uma Chama Entre as Cinzas - Uma Chama Entre As Cinzas #1
Autora: Sabaa Tahir
Editora: Verus
Gênero: Distopia/Fantasia/YA
Ano: 2015
Páginas: 432
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Laia é uma escrava. Elias é um soldado. Nenhum dos dois é livre. No Império Marcial, a resposta para o desacato é a morte. Aqueles que não dão o próprio sangue pelo imperador arriscam perder as pessoas que amam e tudo que lhes é mais caro. É neste mundo brutal que Laia vive com os avós e o irmão mais velho. Eles não desafiam o Império, pois já viram o que acontece com quem se atreve a isso. Mas, quando o irmão de Laia é preso acusado de traição, ela é forçada a tomar uma atitude. Em troca da ajuda de rebeldes que prometem resgatar seu irmão, ela vai arriscar a própria vida para agir como espiã dentro da academia militar do Império. Ali, Laia conhece Elias, o melhor soldado da academia - e, secretamente, o mais relutante. O que Elias mais quer é se libertar da tirania que vem sendo treinado para aplicar. Logo ele e Laia percebem que a vida de ambos está interligada - e que suas escolhas podem mudar para sempre o destino do próprio Império.

Resenha: Quando um livro começa a deixar os leitores em polvorosa é impossível negar a curiosidade de ler, e quando soube que Uma Chama Entre as Cinzas, primeiro livro da série homônima escrita pela autora Sabahh Tahir e publicado pela Verus no Brasil, era um desses, não pude me conter, embora a capa não tenha me chamado atenção.

Há quinhentos anos atrás o os Marciais aprenderam o segredo da produção do aço mais poderoso do mundo e, após forjarem as melhores espadas, foram em direção ao sul a fim de conquistarem o Império Erudito, o maior que existia e que prezava principalmente pela educação e pelo conhecimento. Cidades e vilarejos se renderam, os Navegantes, comerciantes que viviam de viagens, conseguiram um acordo e os Eruditos foram derrotados após travarem uma luta até o fim. O Império Marcial foi instaurado após a conquista e os Eruditos e os Tribais passaram a viver oprimidos, impedidos de terem posses e conhecimento, além de serem escravizados ou mortos caso quebrem regras ou desagradem algum marcial. A inteligência perdeu lugar para a força bruta.
Segundo as profecias dos Adivinhos, a dinastia do Império Marcial está chegando ao fim.

E nesse cenário conhecemos Laia, uma erudita de dezessete anos que vive com os avós e com Darin, seu irmão mais velho. O problema é que Darin se envolve em algo considerado ilegal pelos marciais e caso fosse pego poderia ser morto. Os Máscaras, os soldados de elite fiéis ao Imperio e responsáveis pelo serviço sujo de castigar, escravizar e matar o povo, fizeram uma batida noturna e durante a busca seus avós são mortos e Darin é acusado de traição.
Laia, sozinha e desesperada, tem a ideia de ir até as catacumbas para procurar a Resistência, um grupo de rebeldes que ela nem ao menos tem certeza que existe, para pedir que a ajudem a salvar Darin da morte. Ela os encontra, mas em troca teria que ser espiã ao se infliltrar como escrava da comandante Keris Veturia, em Blackcliff, a academia militar do Império.

Paralelamente à história de Laia, temos a do soldado Elias, um caveira prestes a se formar em Blackcliff após quatorze anos de exautivos treinamentos. Agora, com o fim do treinamento se aproximando, ele se tornaria um Máscara mas sua verdadeira intenção é desertar pois não concorda com a tirania imposta pelos marciais. Porém, desertores são punidos com a morte...
Quando um dos adivinhos lhe faz uma visita com informaçoes valiosas sobre seus planos, as coisas mudam, pois sua escolha teria consequências, independente de qual fosse. Elias teria que escolher entre desertar mas perder sua essência com o passar dos anos, ou ficar para participar das eliminatórias que poderia torná-lo um dos possíveis sucessores do Império após a queda de Taius, segundo a profecia. Ambos os caminhos causariam sofrimento, mas apenas um lhe traria a liberdade...

Até que, em Blackcliff, Laia e Elias, que pertencem a classes e mundos diferentes, tem seus destinos cruzados e, por mais que eles pareçam não ter nada em comum, são movidos pelo desejo de serem livres.

Iniciei a leitura com as expetativas nas alturas e posso afirmar com muito gosto que todas elas foram superadas. Uma Chama Entre as Cinzas é um Young Adult que mistura distopia com fantasia, narrado em primeira pessoa de forma bem dinâmica, com os capítulos curtos e intercalados entre Laia e Elias.
O início pode parecer um pouco difícil de engatar, até mesmo porque as coisas vão sendo explicadas conforme a leitura avança sem que haja uma introdução, e achei que essa forma de desenvolver a história foi algo fantástico pois nao apresenta tudo logo de cara e mantém o leitor envolvido na leitura curioso pelo que está por vir.
A autora criou uma história crua num mundo sombrio, brutal e aterrorizante e, embora seja recheado com elementos da fantasia, traz situações envolvendo sentimentos dos quais temos diariamente além de abordar temas pesados como escravidão, estupro e a violência como nunca havia visto em outra obra literária.

Os personagens são incríveis, são muitíssimo bem construídos e possuem uma profundidade ímpar, até mesmo aqueles que parecem ser insignificantes. As mulheres tem papéis importantes e são representadas em vários papéis, desde as que são violentadas até as que ordenam tais punições. Keris é cruel, odiosa e faz o papel da pior e mais inescrupulosa vilã que já acompanhei até então.
Os protagonistas Laia e Elias vivem em realidades opostas mas ambos desejam que a tirania e a opressão cheguem ao fim. Eles desejam a igualdade entre os povos e dentro deles há uma chama que lhe darão força para lutarem pelo que acreditam.
O melhor é que, embora surja uma atração entre eles, é perceptível que nada será tão fácil visto que Elias já é afeiçoado a outra pessoa, assim como Laia... Não há cenas melosas, afinal, o foco é a ideia de conseguir sair ileso e sobreviver para que a tirania possa cair em meio ao conflito.

É válido ressaltar que, conforme a história se desenvolve, o leitor vai descobrindo de forma gradual como o Império realmente surgiu sendo difícil fazer um julgamento sobre os reais culpados quando ninguém parece ser inocente. A disputa parece não ter fim e algumas coisas acabam ficando sem resposta, e espero ansiosa para que elas venham no próximo livro.
A fantasia se faz presente através de tradições bizarras, magia e mistiscismo em que criaturas sobrenaturais dividem o espaço com Adivinhos que lêem mentes e fazem previsões do futuro, além de soldados treinados desde crianças para não terem piedade quando o assunto é punir, mesmo que tal punição seja apenas para lhes darem prazer.

Uma Chama Entre as Cinzas é um livro épico, complexo, sangrento e brutal, a história é cheia de intrigas, mas fala principalmente sobre força, coragem e esperança, mostrando como a amizade e a lealdade são ingredientes indispensáveis quando se tem objetivos em comum na luta por um bem maior.

Só posso dizer que só lendo o livro para que se entenda com perfeição a grandeza da obra e o que a autora construiu. O melhor livro que li este ano, sem dúvidas.


Desaparecidas - Lauren Oliver

3 de dezembro de 2015

Título: Desaparecidas
Autora: Lauren Oliver
Editora: Verus
Gênero: YA/Thriller/Suspense
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: As irmãs Dara e Nick eram inseparáveis, mas isso foi antes - antes de Dara beijar Parker, antes de Nick perdê-lo como melhor amigo, antes do acidente que deixou cicatrizes no belo rosto de Dara. Agora as duas, que eram tão próximas, não estão mais se falando. Em um instante Nick perdeu tudo, e está determinada a usar o verão para conseguir sua vida de volta.
Só que Dara tem outros planos. Quando ela desaparece, no dia de seu aniversário, Nick acha que a irmã está se divertindo por aí. Mas outra garota também sumiu - Madeline Snow, de nove anos - e, conforme Nick procura pela irmã, fica cada vez mais convencida de que os dois desaparecimentos podem estar conectados.
Neste livro tenso e cativante, Lauren Oliver cria um mundo de intrigas, perdas e suspeitas, enquanto duas irmãs buscam encontrar uma à outra - e a si mesmas.

Resenha: Desaparecidas conta a história das irmãs Dara e Nick. As duas eram inseparáveis até Dara beijar Parker, o melhor amigo de Nick. A amizade dos dois se abala e tudo começa a se complicar ainda mais quando Dara sofre um acidente e elas deixam de se falar... Um ano depois Nick quer que as coisas voltem ao normal mas a partir daí, tudo se torna um enorme mistério já que Dara desaparece em seu aniversário. A príncípio Nick acha que Dara só está em seus momentos de rebeldia, fazendo o que quer, como sempre fez, mas quando Madeline, uma garotinha de nove anos, também é dada como desaparecida, Nick começa a se convencer de que, talvez, os sumiços possuem alguma conexão.

O único livro de Lauren Oliver que eu havia lido antes de Desaparecidas foi Delírio (lançado pela Intrínseca) e lembro de ter achado a história satisfatória. E comparando esses dois, já que não li os outros, é possível perceber o quanto a mudança de estilo pode impactar na nossa opinião. A autora desenvolve personagens que não são perfeitos, daqueles com quem podemos nos identificar, e a caracterização de cada um acaba fazendo com que o leitor tenha empatia por todos eles. A escrita é bem poética e floreada e sair de um romance distópico para um thriller cheio de suspense demonstra o quanto a autora não tem medo de se arriscar em novos territórios. Mas confesso que em alguns pontos achei que foram usadas algumas técnicas na narrativa que me pareceram um pouco forçadas e até mesmo exageradas. Não que isso seja de todo negativo, pois consegui repassar e visualizar as cenas com perfeição, e acho que essa facilidade indica que, independente do desenrolar da trama, o livro vai causar algum tipo de impacto no leitor.

A narrativa é feita em primeira pessoa e alterna entre os pontos de vistas de Nick e Dara, ora passado e ora presente, e enquanto a premissa gira em torno das duas irmãs que se afastam devido a inveja e rancor, o que parece ser algo bem genérico, é perceptível que, desde o início, a trama reserva algo além com a ideia do desaparecimento de Dara e Madeline, e não poderia ser diferente já que se trata de um thriller psicológico que, embora clichê, prende o leitor e o mantém curioso mesmo depois da grande revelação para que o mistério, enfim, possa ser desvendado e as coisas se encaixem.

As irmãs são o oposto uma da outra. Enquanto Dara era descolada e rebelde, bebia e fumava, se envolvia com o que não devia arrumando confusões e afins, Nick era a certinha que, por amor a irmã, vivia acobertando e encobrindo as coisas erradas de Dara. Uma gostaria de ser como a outra, mas nenhuma delas sabia do que se passava no íntimo de cada uma.

Um ponto bacana é que através dos diários, a história vai ganhando profundidade por podemos ver os sentimentos oprimidos além de termos uma ideia melhor de como era a relação tensa das irmãs, já que elas deixaram pra trás uma infância inocente para dar lugar às questões adolescentes que, na maioria das vezes, são bem frustrantes e difíceis.

O final é daqueles que faz com que o leitor fique em choque, que causa indignação, confusão e até raiva, principalmente quando se espera uma coisa mas a autora faz uma reviravolta e apresenta um outro tipo de situação. Ainda não decidi se gostei do final, mas posso afirmar que ele mudou bastante a forma como havia encarado o livroa té então.
O título fica aberto a interpretações e não poderia ser mais adequado.
A capa é muito bonita e até as rachaduras que ela possui como detalhe tiveram um significado pra mim.
A diagramação é simples, os capítulos são apresentados com data e o nome da personagem cujo ponto de vista será dado.

Desaparecidas é uma história de arrependimento e perdão numa situação caótica o bastante para que uma vida seja virada de cabeça pra baixo. A autora construiu uma trama inteligente que aborda a linha tênue entre dor e esperança de maneira bastante satisfatória. Recomendo.

A Bela e a Adormecida - Neil Gaiman

2 de dezembro de 2015

Título: A Bela e a Adormecida
Autor:  Neil Gaiman
Ilustrações: Chris Riddell
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Juvenil/Fantasia/Releitura
Ano: 2015
Páginas: 70
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em uma sombria e fascinante história, as mais queridas princesas dos contos de fadas são reinventadas de maneira brilhante pelo inglês Neil Gaiman e o ilustrador Chis Riddell.
Em A Bela e a Adormecida, uma jovem rainha é informada, na véspera de seu casamento, sobre uma estranha praga que assola as fronteiras do seu reino, um sono mágico que se espalha pelo território vizinho e ameaça os seus domínios. Na companhia de três anões, a rainha abandona o fino vestido da festa, pega sua espada e armadura e parte pelos túneis dos anões para o reino adormecido. Uma viagem repleta de ação e suspense que leva a uma surpreendente descoberta. Misturando o conhecido e o novo com perfeita sintonia, Gaiman cria mais uma obra repleta de magia e aventura capaz de hipnotizar o mais exigente dos leitores.

Resenha: A Bela e a Adormecida é uma releitura que mescla dois contos de fadas reinventados de uma forma genial pelo autor inglês Neil Gaiman. As ilustrações de Chris Riddell colaboram imensamente para que o livro possa ser considerado uma verdadeira obra de arte.

No conto, os nomes de personagens não são mencionados, mas sabemos de quem se trata devido a pequenas informações dadas no decorrer da leitura.
Uma jovem rainha está pra se casar e três anões decidem presenteá-la com a melhor e mais bonita seda do mundo, mas durante a viagem para conseguirem tal presente, eles são alertados de que uma jovem do reino pra onde estavam indo fora amaldiçoada quando nasceu, e a praga estaria se alastrando para os vilarejos vizinhos, fazendo com que todos caíssem em sono profundo. A jovem dormia em seu castelo e, embora muitos tenham tentado atravessar a floresta, todos falharam na tentativa de acordá-la de seu sono mágico pois nem ao menos conseguiram chegar até ela.
Temerosos, os anões retornam para contar à rainha sobre a maldição. Os anões acreditavam que a experiência da rainha de ter dormindo por um bom tempo poderia ajudar para que tal maldição fosse quebrada, tirando a princesa de seu sono eterno. Ela deixa seu vestido fino e delicado de lado, veste sua armadura, empunha sua espada, e, na companhia dos três anões, parte para o reino adormecido.


O trabalho gráfico é maravilhoso e bastante requintado. O livro é grande e em formato hardcover. A jacket possui transparência de forma que a ilustração da capa apareça e os detalhes nas ilustrações internas são dourados. As ilustrações de Chris Riddell possuem traços finos, por vezes emaranhados já que são só contornos e somente alguns detalhes são preenchidos com dourado, mas revelam as expressões dos personagens de maneira incrível e realista.


A Bela e a Adormecida já andava sendo bastante comentado, principalmente pela ideia de que quem tira a donzela de seu sono eterno com um beijo não seria um príncipe, afinal, porque as mulheres devem ser salvas por homens? E porque, obrigatoriamente, deve haver amor nessas questões?
O feminismo fica explícito quando Gaiman quebra tais paradigmas e cria uma releitura com um ar sombrio, cheia de originalidade e que surpreende bastante ao trazer duas personagens conhecidas numa versão inédita e livre de estereótipos, afinal, quem esperaria por uma rainha, aparentemente delicada e passiva, que é determinada em suas decisões e busca a solução para os problemas com coragem e bravura sem depender de nenhum príncipe encantado?

Recomendo pra todos aqueles que gostam de releituras de contos que, de forma moderna e sem preconceitos, traz nas entrelinhas mensagens sobre a força das mulheres, a importância da amizade e o poder de escolha que todos podemos ter.

Resumo do mês - Novembro

1 de dezembro de 2015

O ano vai terminando a e correria aumenta pra me por louca da vida, como sempre.
Mas ainda assim a gente leva como dá, como pode e seja o que Deus quiser.
Novembro foi um mês mega apertado e houveram dias em que precisei programar posts retroativos pra preencher os dias de ausência, mas até que as leituras que tive foram proveitosas e entre mortos e feridos, todos sobreviveram.
Espiem o que teve no blog em novembro:

♥ Resenhas
- Quando Saturno Voltar - Laura Conrado
- Minha Julieta - Leisa Rayven
- Livro de Marcar Livros - Increasy Consultoria Literária
- O Retorno de Izabel - J.A. Redmerski
- Soldier: Leal até o fim - Sam Angus
- Alice no País das Armadilhas - Mainak Dhar
- Neve na Primavera - Sarah Jio
- A Lista - Cecelia Ahern
- Perdido - Maggie Stiefvater
- Baía da Esperança - Jojo Moyes
- Resta Um - Isabela Noronha
- Ovelha - Gustavo Magnani
- Vire a Página - Rebecca Beltrán
- Vida Após o Roubo - Aprilynne Pike
- O Projeto Ascendant - Drew Chapman
- Perdidos por aí - Adi Alsaid

♥ Tags
- Divertida Mente! Livros x Emoções
Hall of Shame Literário

Caixa de Correio de Novembro