A Escolha Perfeita do Coração - Bianca Briones

22 de setembro de 2015

Título: A Escolha Perfeita do Coração - Batidas Perdidas #1,5
Autora: Bianca Briones
Editora: Verus
Gênero: Romance/New Adult
Ano: 2015
Páginas: 154
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Viviane e Rafael enfrentaram uma montanha-russa de emoções em As batidas perdidas do coração, antes de finalmente se entenderem e conseguirem o que tanto queriam: ficar juntos para sempre. Agora, dois anos depois, esse recomeço está longe de ser tranquilo. Os fantasmas de Rafael o assombram, e Viviane, mais uma vez, precisa lutar para mostrar que ele mesmo é seu único inimigo. O que fazer quando a pessoa que você ama é uma força autodestrutiva? Como redimir alguém que não acredita ser digno de redenção? É possível amar a pessoa que mais te magoou? Até onde vale a pena lutar por um amor? Esta é a chance de Rafael e Viviane aprenderem que a mesma pessoa que pode partir seu coração em mil pedaços é capaz de juntar os estilhaços e fazer você se sentir inteiro outra vez.

Resenha: A Escolha Perfeita do Coração, escrito pela autora nacional Bianca Briones e publicado pela Verus, dá continuidade à história do primeiro livro da série Batidas Perdidas, As Batidas Perdidas do Coração (resenhado pelo Lucas aqui no blog). Diferente do segundo livro, O Descompasso Infinito do Coração que engloba outros personagens, é recomendado que este seja lido após a leitura do primeiro, pois pra quem gostou do casal Viviane e Rafael e ficou com vontade de saber um pouco do que aconteceu depois de tudo o que eles passaram juntos até se reencontrarem, agora vai ter essa oportunidade, pois enfim eles terão a chance de se acertarem em busca da felicidade.

A narrativa do livro segue o padrão dos demais da série, em primeira pessoa e alternando entre os pontos de vista dos protagonistas e, além das referências musicais de pop e rock que encontramos ao longo da história, cada início de capítulo traz um trecho de alguma música que, de certa forma, tem a ver com a situação em que os personagens se encontram. A escrita da autora continua perfeita, cativante, poética, cheia de frases de impacto e carregada de sentimentos intensos e que mexem com nossas emoções, e posso dizer que foram exatamente esses detalhes que me fizeram gostar do livro. Acredito que a volta de Vivi e Rafa serviram mais como forma de matar a saudade ou a curiosidade dos leitores, já que no livro anterior o final é bem fechado e não deixa gancho algum para uma continuação. Confesso nem ter suspirado tanto pelo livro devido a história propriamente dita pois pra mim não houve nada de realmente novo, mas sim em como Bianca Briones consegue dar uma verdadeira aula do que é, ou pelo menos o que deveria ser, esse sentimento que é o amor. Acho inclusive que muitos que ficam se lamentando ou sofrendo pelos cantos deveriam ler o que a autora escreve, pois quem sabe assim tenham um pouco de senso e tomem um choque de realidade para mudarem de atitude e de vida em vez de esperarem a felicidade bater a porta...

Os personagens estão mais maduros, mais conscientes de seus atos e isso faz com que queiram fazer tudo diferente para que as coisas possam dar certo no final. Todos somos humanos e estamos passíveis de erros. Às vezes, só aprendemos com as dificuldades que a vida nos impõe, mas isso não significa fraqueza ou fracasso... Toda experiência é uma forma de nos deixar mais fortes e mais sábios, e cabe a nós mesmos fazermos as melhores escolhas sempre seguindo as batidas do nosso coração...

Confiram alguns quotes que separei abaixo. As palavras dizem por si só o que quero expressar...

"O amor é uma contradição. A mesma pessoa que pode partir seu coração em mil pedaços é capaz de juntar os estilhaços e fazer você se sentir inteira outra vez."
- Pág. 7
"Ser um sobrevivente não é passar por uma situação difícil e seguir em frente. É resistir quando o fantasma do seu passado retorna e quer te arrastar para a escuridão que você viveu um dia."
- Pág. 21
"O amor e a dor caminham juntos. Não dá pra ter um sem o outro. Porque amar implica saber perder o que amamos, e, por mais que esse ainda seja meu maior medo, é inevitável."
- Pág. 146


O Primeiro Marido - Laura Dave

21 de setembro de 2015

Título: O Primeiro Marido
Autora: Laura Dave
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 308
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Annie Adams acredita ter tudo. Ela atravessa o mundo escrevendo sua coluna de viagens e acredita que seu relacionamento de cinco anos com o cineasta Nick é perfeito... Até ele resolver deixá-la. Pouco depois, Annie conhece Griffin, um charmoso e atencioso chef de cozinha, diferente de Nick em quase todos os sentidos. Ela rapidamente se casa com ele e os dois se mudam para uma pequena cidade rural no Massachusetts.
Uma vez lá, no entanto, ela percebe o quão pouco conhece Griffin e acaba se perguntando se o relacionamento é pra valer ou se o casamento às pressas foi pura e simplesmente um equívoco. Quando Nick retorna, pedindo uma segunda chance, Annie fica dividida entre o marido e o homem com quem tivera a intenção de casar-se e é forçada a escolher entre um deles.

Resenha: O Primeiro Marido, escrito pela autora laura Dave e publicado no Brasil pela Bertrand conta a história de Annie Adams, uma jornalista de trinta e dois anos que escreve a coluna "Fechando a Conta", onde ela fala sobre viagens em geral dando várias dicas aos leitores, e que, por isso, trabalha viajando pelo mundo. Seu emprego é uma maravilha e sua vida é invejável. Ela tem uma superstição baseada no filme "A Princesa e o Plebeu" e acredita que sempre que assiste ao dito filme, nem que seja parte dele, alguma tragédia lhe acontece. Seus pais já se separaram, ela já perdeu um emprego, já perdeu móveis num incêndio e tudo isso acontece sempre depois que ela assiste ao filme.
Ela namora Nick há cinco anos e tudo parece estar perfeito... Até que ela assiste o bendito filme e na manhã seguinte Nick, que na noite anterior havia lhe feito juras eternas de amor, decide terminar o namoro por causa de outra pessoa...

Coincidência ou não, Annie fica arrasada pois não esperava ser trocada dessa forma. O momento é tão difícil que sua alternativa é recorrer a Jordan, sua melhor amiga, e também irmã de Nick...
Depois de esfriar a cabeça, ela decide sair e conhece Griffin, um chef de cozinha super charmoso e bastante atencioso que é o completo oposto de Nick. Eles engatam num romance rápido e sério, e, ainda que mal se conheçam por tudo ser muito recente, acabam se casando!
Ao se mudarem para uma cidadezinha do interior, onde Annie não conhece nada nem ninguém, vários problemas começam a acontecer deixando sua vida de pernas pro ar e ela fica entre a cruz e a espada, principalmente porque Nick retorna e resolve pedir uma nova chance.
Agora Annie deve escolher entre Nick, seu antigo amor com quem planejava construir uma vida, e Griffin, seu marido que ela mal conhece e que a faz pensar se o casamento as pressas não passou de um grande erro.
"Quando tudo se torna confuso, difícil e complicado, a verdade é a primeira a ser sacrificada, não é mesmo? Todos tentam ocultá-la, modifica-la ou consertá-la. Como se consertar os fatos pudesse tornar a situação menos confusa, difícil e complicada, não piorá-la."
- Pag. 9
O livro é narrado em primeira pessoa, pelo ponto de vista de Annie, então ficamos limitados ao que se passa em sua cabeça, quais são os seus sentimentos e sua forma de percepção das coisas.
Com toques bem humorados, cheio de cenas de confusão total em que a protagonista de mete e com bastante ironia, a história, ainda que não seja tão original assim, cumpre com o papel de entreter.
Em diversos momentos me peguei torcendo por Annie fazer as melhores escolhas para que ela pudesse sair da furada em que se meteu, usando tudo o que viveu como exemplo para não se deixar levar para uma situação em que fosse se ferrar. Gosto quando há um personagem por quem eu deseje tudo de bom, e Annie foi exatamente alguém que eu queria que de desse bem por achar que ela não merecia passar por poucas e boas apenas por uma decisão impensada e sem segundas intenções.
O livro é curto e de leitura rápida. A escrita da autora é bastante fácil mas alguns trechos da história parecem ter sido construídos às pressas e faltou um pouco mais de explicações ou até diálogos que pudessem facilitar o desenrolar das coisas.

Uma coisa que não me agradou muito foi o fato do que posso chamar de "submissão" de Annie, pois ao se casar ela abre mão de tudo o que havia conquistado quando resolve apostar no desconhecido, e ainda que, às vezes, seja bom dar um passo assim na vida para mudá-la radicalmente quando as coisas não vão tão bem como queremos, não acredito que tais escolhas devam ser feitas de forma tão impensada assim, afinal, um casamento não é uma brincadeira de casinha e temos que, no mínimo, conhecer bem a pessoa que escolhemos para dividir a vida, dessa forma não somos pegas de surpresa quando o passado, por ironia do destino, resolve bater a nossa porta...
Livros que tratam de relacionamentos, principalmente os conturbados, na maioria das vezes fazem com que as leitoras se identifiquem com a protagonista e seus problemas, e essa sensação "familiar" acaba tornando a história bastante real aos olhos de quem lê, e acho que este livro é um exemplo ótimo disso.

Falando da parte gráfica, a capa é simples mas com detalhes que a deixam a coisa mais linda. A claquete, que faz referência aos filmes, tem tudo a ver com a história e os corações ao fundo possuem aplicação em verniz fazendo com que fiquem brilhantes, tendo destaque sobre a capa fosca. O título é em alto-relevo e também de destaca sobre o objeto. As páginas são amarelas e a diagramação é simples. A fonte é grande e o espaçamento entre as linhas e das margens externas também são  muito bons.

Esse é o tipo de livro em que é possível absorver a ideia de que devemos sempre investir em quem somos, sem pensar em mudar nosso jeito ou abrir mão dos nossos sonhos em prol de alguém, refletindo sobre as coisas que queremos só por acreditarmos ser algo bom, mesmo que não seja... Assim, acho que O Primeiro Marido é um livro que mostra que erros e acertos fazem parte da vida e que só podemos ter certeza do que queremos e se aquilo tudo vale a pena se partimos para a descoberta através da própria experiência... Pode ser que dê tudo errado, mas... e se der certo?

Uma Pitada de Amor - Katie Fforde

20 de setembro de 2015

Título: Uma Pitada de Amor
Autora: Katie Fforde
Editora: Record
Gênero: Romance/Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 400
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva
Sinopse: Uma aspirante a cozinheira em um programa de TV. Um jurado muito atraente. Um amor proibido.
Quando Zoe Harper conquista uma cobiçada vaga em um reality show de culinária, ela mal pode esperar para pôr suas habilidades à prova. Sua principal motivação é o prêmio em dinheiro: um valor que certamente a ajudaria a abrir sua tão sonhada delicatéssen.
No entanto, ela logo percebe que a competição vai muito além da cozinha. Cher, outra concorrente, está disposta a tudo para ganhar, incluindo jogar seu charme para cima dos jurados. E as coisas se complicam ainda mais quando Zoe percebe que está se apaixonando por um deles: o incrivelmente sexy Gideon Irving. Com tudo o que está em risco, os dois têm muito a perder caso se envolvam, algo que parece cada vez mais inevitável.
De repente, Zoe percebe que há mais em jogo do que apenas canapés, cupcakes e técnicas de corte. Uma pitada de amor é um livro engraçado e doce na medida certa.

Resenha: Uma Pitada de Amor, escrito pela autora Katie Fforde e publicado no Brasil pela Editora Record conta a história de Zoe Harper, uma aspirante a cozinheira que consegue uma vaga para participar de um reality show de culinária. O que a motiva para participar do programa é o dinheiro que poderia ganhar, pois assim poderia realizar seu sonho de abrir sua própria delicatéssen, mas a competição não é nada daquilo que ela imaginou, principalmente quando ela percebe que uma das participantes é uma completa bitch, e um dos jurados exerce um incrível poder de atração sobre ela... Gideon Irving, um crítico gastronômico muito famoso nesse meio, e muito sexy também.
Quando Zoe chega a Somerby, a propriedade onde a equipe da produção faria as filmagens ela é recebida por Fenella. Ela e o marido Rupert são os donos da casa que mais parece um palácio e mal sabem o que fazer com ela. Alugar seria uma boa pois o dinheiro seria bem vindo então resolveram entrar nessa. Muito inquieta com o novo ambiente e com a ideia de participar do programa, Zoe resolve dar um passeio e esbarra em Gideon, e é aí que tudo começa...

Narrado em terceira pessoa com foco na protagonista Zoe, acompanhamos uma comédia romântica despretensiosa e bastante original sob uma escrita fluída, direta e super convidativa. A história leva o leitor aos bastidores de uma competição culinária e a autora consegue descrever com maestria a tensão dessa competição passando com bastante realidade o funcionamento de um programa do tipo.
O romance desabrocha lenta e gradualmente do decorrer do concurso e tudo mantém um ritmo certo para manter o leitor preso à história. Os personagens são bastante bem construídos, cheios de carisma (exceto Cher, claro), com personalidades e objetivos distintos.
Zoe é atenciosa e altruísta e está sempre pronta a ajudar os outros ainda que ela se meta em situações complicadas e de risco. Só achei ela muito passiva em aceitar todas as sacanagens vindas de Cher.
Mas isso não a torna boba, muito pelo contrário. Zoe ajuda os outros por ser generosa e ter um coração bom e, justamente por ela ser uma boa pessoa, ela cativa e faz com que o leitor torça por ela e anseie por seu final feliz.

Gideon está na competição como jurado, com o objetivo de ser imparcial, mas uma série de coisas faz com que ele e Zoe de aproximem. Talvez pela narrativa não focar muito em seu personagem acabamos não tendo muita noção de suas intenções, mas seu bom caráter fica evidente e ele desperta a nossa simpatia, tanto pelo poder e influência que exerce no meio culinário quanto por sua sinceridade.

Cher... O que dizer dessa cretina? A impressão é que ela é o tipo de personagem insuportável que é criada com um único propósito: atrapalhar e infernizar. E a autora conseguiu atingir o objetivo com ela. É a personagem odiável que leva os demais personagens ao extremo e a vontade é de sacudi-la feito um boneco até ela virar do avesso. E ela ser colega de quarto de Zoe só fez com que o desejo de matá-la aumentasse.
Acho válido destacar a personagem Fenella e seu barrigão de grávida, pois o desenvolvimento da amizade dela com Zoe é algo que deu um toque agradável e completou a história de uma forma super bacana. Ela e Rupert são os personagens mais adoráveis da história pois, além de hospitaleiros, são engraçados e muito queridos por todos.

Vou assumir que o que me fez optar pela leitura desse livro foi a capa. A ilustração é uma graça e tem tudo a ver com a história. A especialidade de Zoe são as sobremesas então ao longo do livro nos deparamos com bolos e outros tipos de doces que só me fizeram ficar com água na boca, principalmente porque sou uma completa formiga ambulante e não vivo sem um docinho.
Talvez pelo fato de realitys shows que envolvem o meio culinário estarem em alta no momento, o livro pode até ser considerado como algo que está dentro da "moda", mas ainda assim recomendo ir nessa onda e investir na leitura pois Uma Pitada de Amor é um chick lit adorável e bem humorado, que inova ao mesclar a culinária ao romance num cenário campestre aconchegante e super convidativo.

A Casa das Marés - Jojo Moyes

19 de setembro de 2015

Título: A Casa das Marés
Autora: Jojo Moyes
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Na década de 1950, uma cidade litorânea chamada Merham é dominada por uma série de austeras regras socias. Lottie Swift, acolhida durante a guerra e criada pela respeitável família Holden, ama viver ali naquela cidade, mas Célia, a filha legítima do casal, não vê a hora de ultrapassar os limites da cidade.
Quando um excêntrico grupo de artistas se muda para Arcádia, a velha mansão art decó construída de frente para o mar, as meninas não resistem à tentação de se aproximarem deles. Mas o choque para os moradores de Merham é inevitável e acaba por desencadear uma série de acontecimentos que terão consequências trágicas e duradouras para todos.
Quase cinquenta anos depois, no início do século 21, Arcádia começa a ser restaurada, voltando à vida e, mais uma vez, trazendo à tona intensas emoções. E a magia que permeia a mansão faz com que os personagens confrontem suas lembranças e se perguntem: É possível deixar nosso passado para trás?

Resenha: A Casa das Marés foi o segundo livro escrito pela autora inglesa Jojo Moyes. O livro havia sido publicado no Brasil em 2007 pela Bertrand e agora foi relançado com novo projeto gráfico a fim de manter o padrão das capas que trazem vetores de silhuetas num cenário bem minimalista.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Lottie havia sido acolhida e adotada como filha pela tradicional família Holden. Célia, a filha do casal, sempre considerou Lottie como amiga e irmã e elas sempre compartilhavam segredos, mantinham uma amizade sincera e viviam várias aventuras na cidade litorânea de Merham por mais problemas que elas pudessem ter. Lottie gosta da cidade como ela é, diferente de Célia, que tem muita curiosidade para ultrapassar os seus limites.

Mas tudo muda quando novos moradores chegam a cidade. O grupo de artistas composto por pessoas bastante excêntricas se muda para uma velha mansão conhecida por Arcádia na cidade, e as meninas logo ficam curiosas e se aproximam, afinal, é quase inacreditável que, numa cidade onde os moradores são conservadores e seguem as rígidas regras sociais a risca, apareça pessoas despreocupadas e liberais que iria surpreender a todos alí. A proximidade que as meninas criam com os recém chegados é o suficiente para causar um choque nos moradores, o que desencadeia uma série de eventos em suas vidas e na vida de todos.
Cinquenta anos mais tarde, Daisy, uma mulher que foi abandonada pelo marido, é contratada para restaurar a mansão Arcádia, que foi vendida e estava prestes a ser transformada num hotel. Voltando ao cenário inicial da história, nos deparamos com uma cidade que parece ter ficado estagnada com relação aos costumes, além dos personagens cujas lembranças trazem à tona sentimentos que há muito tempo estavam guardados...

O livro é narrado em terceira pessoa e começa de forma muito lenta, alternando a visão dos fatos de forma que cada personagem ganhe foco, logo o leitor tem uma visão ampla e geral sobre os acontecimentos e os sentimentos envolvidos mas sem se prender a um único pensamento em particular.
Ainda que Casa das Marés tenha sido seu segundo livro, a autora já demonstrava ter uma habilidade muito boa ao fazer descrições, tanto dos cenários quanto das emoções e sentimentos dos personagens, então é perfeitamente possível imaginar e visualizar a dita cena como se fosse algo real, mas acho que a autora pecou pelo excesso nesse livro...
A primeira parte da história se passa nos anos 50 e é praticamente destinada a apresentar os personagens pois a atmosfera da época propriamente dita não é muito explorada.
Lottie ama a vida que tem, é grata à família que lhe acolheu e presa por sua amizade com Célia.
Célia é o tipo de personagem que quer ir além e não se contenta em viver numa cidadezinha sem perspectivas. A família Holden, assim como os demais moradores da cidade, são zelosos e vivem da forma mais convencional possível.

De forma geral, a história é boa, ou pelo menos a ideia dela, mas na minha opinião houve muita enrolação pra ser contada. Se uma história pode ser contada em 100 páginas, não vejo motivo para se gastar 400, Acho que quando detalhes que não fazem diferença no desenrolar da trama são inseridos, a sensação que fica é a de perda de tempo, principalmente quando a história é regada de clichês que não fazem muito sentido. Em diversos momentos me peguei questionando os motivos que levaram a personagem a nutrir um sentimento tão intenso por alguém que ela mal conhece, qual a intenção de se forçar um tipo de triângulo amoroso sem respaldos para ser crível, por que a história remete a uma novela mexicana onde os personagens fazem um escarcéu aumentando um pequeno problema fazendo com que pareça o fim do mundo ou por que motivo existem personagens que parecem não ter um propósito ou relevância e ainda assim estarem alí com o livro chegando no fim. E nem a jogada de mesclar passado com presente foi suficiente para me fazer vibrar ou me manter tão interessada nos problemas que viriam a ser desencadeados e como seriam resolvidos.
A ideia parece ser mostrar um sentimento que sobrevive ao tempo e a distância, mas muitas coisas são descartadas e esquecidas, inclusive personagens que pareciam ter alguma relevância, e o leitor fica sem saber o que aconteceu. Há uma insistência muito grande em descrições, mas pouco aproveitamento no desenvolvimento, então o que devia importar acaba não convencendo.

O novo projeto gráfico foi uma aposta excelente da editora, pois dessa forma as capas mantém um padrão criando uma "identidade" para os livros da autora. As páginas são amarelas, a diagramação é simples e a revisão é perfeita.

Confesso que não foi um livro que me pegou, fiquei com aquela sensação de ter algo incompleto e acredito que pode ser um pouco problemático criarmos expectativas quando lemos os livros de Jojo de forma desordenada. Talvez eu tivesse gostado mais da história e da leitura em si de A Casa das Marés se não tivesse tido experiência com seus livros posteriores primeiro, assim, talvez, poderia apostar no talento da autora e acompanhar gradualmente seu desenvolvimento e melhoria em criar histórias, que começam como um meio de entretenimento um tanto quanto entediantes, enrolados e até vazios, e partem rumo aos exemplos de vida que tocam o leitor a ponto de fazê-los se debulhar em lágrimas...