Sempre Você - Laurelin Paige

27 de agosto de 2015

Título: Sempre Você - Fixed #3
Autora: Laurelin Paige
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Romance/Erótico
Ano: 2015
Páginas: 480
Nota: ★★★★★
Sinopse: Eles são perfeitos na cama.
Desde o primeiro encontro o desejo parece só aumentar, e quando os olhos de Alayna encontram os de Hudson é impossível resistir. No entanto, são nestas almas frágeis, com traumas e segredos guardados há muito tempo, que o relacionamento tomará forma. Ambos sabem que precisam consertar erros do passado, que insistem em ameaçar esta frágil ligação.
Ainda que tenham prometido honestidade, um único segredo de Hudson pode destruir o que fora construído até então. E apesar de estarem intensamente apaixonados, Alayna e Hudson serão obrigados a confrontar seus medos para finalmente terem um final feliz.

Resenha: Sempre Você é o terceiro e último volume da trilogia Fixed escrita pela autora Laurelin Paige e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.

Por se tratar de continuação direta dos acontecimentos dos livros anteriores, essa resenha pode ter spoilers!

Fazendo um apanhado geral sobre a trilogia, Fixed se trata de um romance com várias pitadas bastante hot em que acompanhamos a protagonista Alayna Withers, uma mulher com um tipo de transtorno obsessivo quando o assunto é relacionamentos. Ela se apegava muito aos homens de sua vida, vigiando e seguindo qualquer um que não demonstrasse que o interesse era recíproco. Mas quando ela se envolve com Hudson, lindo, rico e dono da boate onde ela trabalha, as coisas vão além do que ela imaginou, pois a química é evidente e os dois começaram a ver que naquele relacionamento existia amor. Aparentemente tudo estava bem e Hudson nunca a julgou por nada que ela havia feito no passado, mas entre vários segredos escondidos atrás de suas personalidades fortes, resta saber se os dois irão conseguir enfrentar todos os problemas e obstáculos para, enfim, ficarem juntos.

Sempre Você começa exatamente de onde Com Você parou. O relacionamento estava prestes a vir abaixo e os dois decidem morar juntos e serem totalmente sinceros e transparentes um com o outro.
Embora existam problemas, fica claro o quanto o casal se ama, independente de erros cometidos e até da confiança que havia sido abalada, a ponto de terem plena consciência de que o amor é superior aos tais erros. Eles realmente se empenham ao máximo para ceder e enfrentar as barreiras em nome desse amor, confrontando traumas e medos em busca de serem felizes.

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Alayna, a leitura continua viciante e a escrita parece estar mais madura. Posso dizer que, por mais que a história seja recheada de cenas eróticas bastante intensas e quentes, o que mais me manteve presa e ansiosa para saber como tudo iria terminar foi exatamente a questão dos problemas que o casal tinha e como iriam ser resolvidos. Ao longo da história vemos uma personagem ciumenta, possessiva e insegura se relacionando com um homem que inicialmente não tem a menor intenção em envolvimentos amorosos, manipulador e com segredos complexos o suficiente para destruir tudo o que poderia vir a ser construído. Mas com tudo o que acontece, Hudson acaba se tornando alguém muito mais digno pois, finalmente, admite e reconhece seus sentimentos por Alayna, embora ele tenha percorrido um caminho longo para isso.
Pela história ser narrada por Alayna, ficamos limitados ao ponto de vista dela e em determinados momentos isso pode ser um pouco irritante devido às suas compulsões e pela personalidade difícil dela.

Hudson parece ser um enigma e ainda é difícil entendê-lo bem, pois por não sabermos sua versão dos fatos e o que o leva a tomar certas atitudes, inicialmente não é possível saber suas reais intenções até mesmo porque pelo livro ser erótico, a grande maioria dos problemas do casal são resolvidos na cama.

Acho válido destacar que a autora não foca somente na questão sexual. A família de Hudson e seus problemas que as aparências tanto escondiam também ganham espaço e são trabalhados na medida certa. Acompanhamos também a antiga "melhor amiga" de Hudson, Celia Werner, perseguindo Alayna de forma obsessiva, assim como a própria Alayna costumava assediar seus ex namorados. Essa atitude acaba mostrando para Alayna como seu comportamento era prejudicial, sentindo na pele como é ser perseguida. Hudson não aprova nem um pouco o que Celia faz e decide agir por conta própria com intenção de proteger Alayna, mas sempre muito fechado, encerrando conversas sem brecha para discussões ou perguntas. E até que o segredo dele seja revelado, ele não passa muita confiança para Alayna e nem para nós, leitores. Chega a ser um pouco frustrante ter essa limitação de ponto de vista, mas acredito que qualquer relacionamento está sujeito a isso e acho que a autora acertou em manter Hudson tão fechado assim. Nós, mulheres, geralmente queremos tudo a tempo e a hora e nem sempre entendemos quando nossos namorados/maridos não querem se abrir conosco. E é isso que acontece aqui, só que num nível um pouco mais sério visto que o segredo que Hudson esconde é realmente ruim.

Ainda que a história caia naquele clichê de moça que cai nas graças do bonitão bilionário, o diferencial é que eles são "danificados"  devido aos seus defeitos e traumas, mas em determinado ponto acompanhamos ambos frequentemente lutando contra suas compulsões, dispostos a enfrentar problemas e principalmente trabalharem juntos em mudanças que poderia ajudá-los como casal a fim de tornar o relacionamento algo saudável, e ainda fazê-los crescer como pessoas. Alayna principalmente, já que demonstra um lado mais maduro e inteligente quando decide confiar mais no próprio taco depois de se comportar compulsivamente feito uma maluca.

Um ponto bem bacana a ser levantado é que a autora cria vários cenários de forma que os personagens poderiam ser levados a errar ainda mais e confesso ter gostado de vê-los optando pelo certo por terem aprendido com os próprios erros e com a experiência que adquiriram após terem se envolvido, o que prova o quanto eles cresceram como casal. A história é bastante dinâmica e consegue passar realidade ao leitor por apresentar personagens falhos mas que tem vontade de serem melhores e lutam por isso.

A edição, seguindo o mesmo padrão dos livros anteriores, é linda, com as bordas em tom de rosa/violeta. As páginas são amarelas, o tamanho da fonte é padrão e o espaçamento das margens é ótimo.

Em suma, é uma história de duas almas quebradas que descobriram o amor e que lutam contra seus supostos erros - considerados por muitas vezes como sendo imperdoáveis - e os demais obstáculos que a vida lhes impôs para ficarem juntos, mesmo que se encontrassem nos piores momentos possíveis.

Novidades de Agosto - Grupo Pensamento

26 de agosto de 2015

Jangada

O Labirinto no Fim do Mundo - Marcello Simoni
Em 1229, o rastro de homicídios deixado por um violento cavaleiro acaba forçando o inquisidor Konrad von Marburg a investigar a misteriosa seita dos Luciferianos. Um mestre em medicina expulso da Universidade de Notre-Dame acaba atraindo as suspeitas do inquisidor, mas ele não será o único a cair nas mãos do religioso, ávido por entregar um culpado à justiça divina da Santa Inquisição Romana. O mercador de relíquias Ignazio de Toledo, chega a Nápoles e desperta a desconfiança de von Marburg. Descobrir uma forma de provar sua inocência não lhe será fácil. Ignazio inicia então uma longa e arriscada investigação que o levará a “Corte dos Milagres” de Frederico II, na qual se reúnem algumas das mentes mais brilhantes e esclarecidas da época. Estará o mistério da temível seita escondido entre os muros do palácio imperial? E o que escondem os Luciferianos de tão precioso que compense o sacrifício de tantas vidas?

Tempestades de Sangue  - Fortaleza Negra #2 - Kel Costa
Durante o último ataque de mitológicos à Fortaleza Negra, Sasha, sofreu perdas irreparáveis. Agora, só o que ela quer é juntar os cacos e seguir em frente. Mas, quando menos espera, ela se depara com um esquema de tráfico de sangue dentro da Fortaleza e resolve usar essa informação para se aproximar de Klaus, o líder dos Mestres vampiros. Enquanto isso, Mikhail, viaja na companhia dos irmãos numa caçada aos mitológicos, e está concentrado em encontrar seus inimigos e dar fim ao grupo que atacou a Fortaleza. Mal sabe ele que enquanto isso, Sasha está se arriscando para desvendar todo o mistério que envolve o tráfico de sangue, ao mesmo tempo que tenta se reaproximar do cientista Blake Campbell e descobrir mais sobre a Exterminator, a arma criada para exterminar os mitológicos, mas que também pode ser uma grande ameaça para os vampiros. Será que Blake está tramando contra os Mestres? Sem que imagine, as investigações de Sasha a levam a percorrer um caminho sem volta que acaba se transformando no seu pior pesadelo.

Seoman

Kraftwerk - David Buckley e Nigel Forrest
Formado em 1970 em Düsseldorf por Ralf Hütter e Florian Schneider e consolidado entre 1975 e 1987 com os percussionistas Wolfgang Flür e Karl Bartos, o grupo é tido como precursor de toda a dance music moderna. Kraftwerk Publikation é muito mais do que uma biografia de um grupo sem paralelo na história. Com contribuições de Wolfgang Flür e Karl Bartos, bem como de outros ex-integrantes da banda e artistas do mundo da música eletrônica, o autor David Buckley nos conta, numa linguagem ágil e jornalística, como um “bando de esquisitões” ligados à cena de música de vanguarda alemã acabou se tornando os improváveis “Lords da Música Eletrônica” pop moderna e mantendo-se na ativa até os dias de hoje, com uma agenda de shows lotada.

Quer se Ver no Meu Olho? - Rafael Vitti
Rafael Vitti se declara como Arteiro Poetista. Seus versos, sempre muito musicais, partem de seu peito como borboletas e pousam no branco do papel. Coloridos, graciosos, pungentes mas, sobretudo, delicados. Eternizam o efêmero da paixão juvenil dando vida a todas as suas indagações. Brinca com os significados como quem manobra o skate ou desenha um caminho na onda. É lúdico, é livre e é, ainda assim, sério. Olhe para onde os olhos dele pousam. Veja com seus olhos. Leia em seu olhar.





Pensamento

Mandalas de Cura - Lisa Tenzin-Dolma
Considerada uma chave para o autoconhecimento e a paz interior nas tradições orientais, a mandala é uma imagem simbólica que, usada como objeto de meditação, pode promover uma profunda transformação interior. Este livro apresenta uma breve introdução ilustrada das mandalas, em seu contexto histórico e cultural, e oferece uma maneira perfeita de combinar contemplação e criatividade para restabelecer o equilíbrio pessoal, colorindo as mandalas ou meditando sobre elas. As imagens escolhidas para este livro empregam símbolos universais que podemos usar para reverter os desequilíbrios da mente e do espírito provocados pela agitação do dia a dia.

Cura Pela Meditação - Christopher Titmuss
Aprenda a relaxar e a tomar consciência do seu corpo, dos seus sentimentos e pensamentos, e a desenvolver uma profunda sensação de paz e contentamento por meio da prática da meditação. Com a ajuda deste livro e do poder dos mantras de cura que constam nas 36 cartas que o acompanham, você poderá combater o estresse, doenças e conflitos interiores, descobrindo a alegria, a intuição e a sabedoria que já existem dentro de você.


Cultrix

Guia de Remédios Naturais para Crianças - Sofia Loureiro
Uma obra de referência para você consultar sempre que precisar de orientações práticas sobre mais de uma centena de problemas de saúde ou incômodos comuns nas crianças, desde assaduras, cólicas e constipação até depressão, obesidade e infecções. Os remédios naturais beneficiam as crianças porque são simples e eficazes, contribuindo para reduzir a intensidade dos sintomas, aliviar o desconforto e prevenir complicações futuras. Para cada problema você encontrará recomendações nas áreas da alimentação, plantas medicinais e aromaterapia, hidroterapia, geoterapia, homeopatia e sais de Schüssler, florais de Bach, massagem e reflexologia. Este guia inclui ainda uma introdução às terapias naturais, sugestões para a organização de um “kit natural” e dicas sobre hábitos saudáveis.

Jonathan Strange & Mr. Norrell - Susanna Clarke

25 de agosto de 2015

Título: Jonathan Strange & Mr. Norrell
Autora: Susanna Clarke
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia
Ano: 2005/2015
Páginas: 824
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em 1806, a maioria da população britânica acreditava que a magia estava perdida há muito tempo - até que o sábio Mr. Norrell revela seus poderes, tornando-se célebre e influente. Ele abandona a reclusão e parte para Londres, onde colabora com o governo no combate a Napoleão Bonaparte e coloca em prática seu plano de controlar todo o conhecimento mágico do país.
Tudo corre bem até que Jonathan Strange, um jovem nobre e impetuoso, descobre que também possui talentos mágicos. Ele é recebido por Norrell como seu discípulo, mas logo os dois começam a se desentender… e essa rixa pode colocar em risco toda a Inglaterra.

Resenha: Jonathan Strange & Mr. Norrell levou dez anos para ser escrito pela autora inglesa Susanna Clarke. O livro já havia sido publicado em 2005 mas este ano a Seguinte lançou sua segunda edição incluindo um prefácio escrito por Neil Gaiman em 2009 em que ele conta como conheceu a autora e como foi sua experiência com a leitura de seu livro. A história do livro foi adaptada para a televisão pela BBC.

A história começa se passando no condado de York, Inglaterra, no século XIX e nada vai muito além da realidade da época. O país é próspero, os cidadãos são perfeitos cavalheiros e todos acreditavam que a magia havia se perdido há muito, muito tempo... Os próprios magos dotados de magia não ousavam usar seus poderes para nada e acreditavam que a magia era algo a ser somente estudado. A ideia do uso da magia chega a ser ofensiva, principalmente por existir quem afirme possuir esse dom e que faria uso dele quando na verdade não passa de um completo farsante.
Tudo começa quando Mr. Segundus foi aceito na Sociedade dos magos de York e logo começou a questionar sobre o uso da magia e por que não se podia mais praticá-la na Inglaterra. Mr. Honeyfoot também tem os mesmos questionamentos mas os magos mais velhos acham que a magia deve permanecer "morta".

Mas rumores de que existia um mago solitário, mas muito especial, em Hurtfew Abbey que dedicava a vida a estudar magia, e tal informação logo despertou a atenção de Mr. Segundus e Mr. Honeyfoot que decidiram fazer uma visita a ele. Chegando lá, os dois ficam impressionados com a incrível coleção de livros e manuscritos sobre magia e de magia de Mr. Norrel e ao perguntarem sobre o uso dela, descobrem que ele só não concordava que a magia não deveria ficar estagnada como também assume aos dois magos ser praticante dela. Logo seu conhecimento e habilidades não deveriam ficar isolados e apresentá-lo aos outros seria o ideal para que revessem o conceito de magia esquecida implantado na Inglaterra. Mr. Norrell aceita sair de sua reclusão e revela seus poderes, mesmo que muitos tenham acreditado que se tratava de mais um farsante. mas ao provar suas habilidades, ele se torna respeitável e muito influente, passando inclusive a ajudar o governo no combate contra Napoleão Bonaparte.

Longe dalí, Jonathan Strange, um jovem nobre que acabara se herdar o império do pai, também descobre possuir o dom da magia. Seu pai havia morrido e ele partiu numa viagem pretendendo se casar. No caminho ele conhece Mr. Norrell e acaba se tornando seu discípulo.
Assim, acompanhamos uma história incrível e cheia de surpresas onde Gilbert Norrell e Jonathan Strange trouxeram a magia de volta à Inglaterra, assim como as consequências para tal decisão...

Misturando ficção e fatos históricos, Jonathan Strange & Mr. Norrell foi baseado em uma extensa pesquisa sobre a história da magia inglesa fazendo um misto de mitologia fantástica de Tolkien com a comédia de costumes de Jane Austen, e ainda utilizando de referências de outras obras como As Crônicas de Nárnia, Harry Potter e de outros autores de renome no mundo da literatura, como Charles Dickens e Anne Radcliffe.
O universo é bastante coerente e foi trabalhado com uma profundidade sem igual, que não só sustenta a narrativa e os diálogos dos personagens mas abre um leque de oportunidades para explorações ainda maiores e que podem ir mais além.

Norrell é um homem reservado, cauteloso, arrogante, egoísta e inseguro, além de um bibliófilo. Ele é um exímio colecionador de livros e, talvez, o maior leitor ávido que já viveu. Ele criou seu próprio sistema de magia moderna e se tornou um cavalheiro respeitável pelo seu feito. O que parece é que ele deseja a magia somente para si e com a ajuda de seu ajudante, Childermass, ele consegue provar que possui a habilidade e se torna obsessivo. Quando ele conhece Vinculus, um mago pobre que trabalha nas ruas de Londres, as coisas acabam mudando pois ele não se submete as vontades de Mr. Norrel e ainda dita uma profecia que mudaria o destino de todo o país.

E quando Jonathan entra em cena se revelando alguém com talento natural para a magia as coisas nunca mais serão as mesmas. Ele também ouve a mesma profecia de Vinculus e decide ir atrás de Norrel. Jonathan Strange é o contrário do mago. Mesmo que ele se torne aprendiz de Mr. Norrell, ele é imprudente mas sempre está aberto aos conhecimentos e práticas que pode aprender. Ele inclusive luta na guerra contra Napoleão para restaurar a magia se tornando indispensável para os interesses do país enquanto Mr. Norrell fica enfurnado em sua biblioteca. O contraste entre a personalidade dos dois é algo que fica evidente de forma constante.
Por isso, fica claro que a Inglaterra admira muito mais o jovem Jonathan por sua coragem e audácia, mas o destino está escrito, e a magia só poderia retornar com a ajuda dos dois magos, lado a lado. O interessante é que eles iniciam suas jornadas como tutor e aprendiz, mas acabam como iguais e isso acaba ameaçando o que eles representam para o povo.


Mesmo que a obra seja um tijolo de mais de 800 páginas e letras miúdas, a narrativa mesclada ao excelente desenvolvimento da história faz com que a leitura seja feita de forma bastante rápida, mas eu particularmente preferi ler aos poucos de forma a absorver melhor a história. Exitem vários núcleos onde vários personagens são apresentados e trabalhados, todos importantes e bem construídos, mas não vou me aprofundar neles pra não tornar a resenha mais extensa do que já está, sorry. Só recomendo que a atenção ao se dedicar à leitura seja exclusiva pois qualquer distração vai fazer com que o leitor se perca. Também é importante se atentar as datas indicadas no início dos capítulos assim como nas explicações que a autora deixou nas notas de rodapé, que são fictícias mas baseadas em explicações acerca do universo onde a trama se passa ou até mencionando livros que ela inventou e que fazem parte da história, o que, convenhamos, é brilhante!
As notas de rodapé fazem a história ter um toque didático, dando uma sensação de realidade e fazendo refletir sobre toda aquela fantasia. Algumas notas são enormes, algumas ocupam uma página inteira praticamente, mas acredito terem sido bastante eficientes ao explicar mais sobre a história desse mundo incrível sem que os próprios personagens precisem explicar tudo através de seus diálogos.

Até a divisão sobre livros de e sobre magia é interessante, pois enquanto um trata das teorias, o outro conta a história dela.
O livro é dividido em três partes. Começa de forma mais introdutória falando sobre Mr. Norrel e seus propósitos (o que pode ser um pouco cansativo, confesso), seguido pela entrada de Jonathan (o que dá um novo gás a leitura) e fica mais sombrio ao se aproximar do fim quando o tão falado John Uskglass, um rei antigo e respeitado por magos da atualidade devido aos seus conhecimentos mágicos e contribuições sobre a questão é devidamente apresentado. Sua presença é bastante importante e se faz a partir das menções que os demais personagens fazem sobre ele, pois até então ele não fazia parte dela "fisicamente" falando.
A diagramação é simples mas as várias ilustrações do livro contribuem para a riqueza da história.

O ritmo da leitura se mantém constante e linear apesar de o início ser mais lento e alguns capítulos ou cenas parecem não terem muita importância, mas a medida que a leitura avança, é possível constatar que tudo foi planejado nos mínimos detalhes e que tudo que acontece é essencial para a história. Pode parecer cansativo, mas não consegui ver um ponto negativo nisso.
O estilo de escrita da autora é envolvente e gostoso de acompanhar. Ela foi capaz de fazer descrições detalhadas que conseguem revelar com maestria a atmosfera mágica que existe no contexto

A autora nos apresenta um mundo monótono, repleto de pessoas sem afinidade pela magia mas surpreende ao revelar os encantos que esse mundo esconde. A ideia de adentrar numa história onde existe um vislumbre de um mundo como o nosso, mas muito mais empolgante, rico e melhor é genial. O universo criado pela autora chega a ser bastante crível e é perfeitamente possível considerar que tudo aquilo realmente existiu. Por mais que ela aborde magia e fantasia, a história tem um teor voltado ao público mais adulto devido a sua complexidade. O final deixa possibilidades para uma continuação e espero que a autora considere essa ideia para que os leitores possam ser presenteados com um pouco mais do que ela criou.

Ao final, fica claro que só é possível tornar o mundo melhor quando as pessoas cedem e abrem mão do egoísmo, trabalhando juntas e pensando no bem maior.
Com certeza é uma leitura mais do que obrigatória aos fãs da literatura fantástica.

Você Não Deveria Estar na Escola? - Lemony Snicket

24 de agosto de 2015

Título: Você Não Deveria Estar na Escola? - Só Perguntas Erradas #3
Autor: Lemony Snicket
Editora: Seguinte
Gênero: Infanto Juvenil/Aventura/Mistério
Ano: 2015
Páginas: 310
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O jovem Lemony Snicket começou seu aprendizado em uma organização secreta e partiu para Manchado-pelo-mar, uma cidade decadente onde se criavam polvos para a produção de tinta. Lá, ele se envolveu em seu primeiro grande caso, relatado em detalhes na série Só Perguntas Erradas.
 Agora, no terceiro volume, ele precisa investigar incêndios que estão ocorrendo nesse vilarejo cada vez mais envolto em mistério, acompanhado de sua excêntrica tutora, S. Theodora Markson, e de seu grupo de aliados, composto pela jornalista-mirim Moxie Mallahan, pelos irmãos taxistas Juca e Chico, pelo exímio cozinheiro Jake Hix e pela química brilhante Cleo Knight. Quem é o incendiário? Que segredos esconde o Departamento de Educação? Por que tantos estudantes estão em perigo? Será que tudo isso faz parte do plano maligno do vilão foragido Tiro Furado?

Resenha: Você Não Deveria Estar na Escola? é o terceiro volume da série infanto juvenil Só Perguntas Erradas escrita por Lemony Snicket (que também é o protagonista da série) e pulicado no Brasil pela Seguinte.
A série Só Perguntas Erradas começa quando o jovem aspirante a detetive, Lemony Snicket, se torna aprendiz numa organização secreta na cidade de Manchado-pelo-mar, que vivia da tinta dos polvos. Mas o mar sumiu e a cidade foi a falência devido a falta de matéria prima. E quando a estátua da Fera Ressonante foi roubada, as investigações de Lemony começaram enquanto S. Theodora, sua tutora inútil, atrapalha tudo como sempre. No segundo volume a química Cleo Knight, filha dos donos da maior empresa de tinta que existiu no vilarejo, havia desaparecido e Snicket investigou esse sumiço ainda que S. Theodora insistisse que a garota havia fugido com o circo.

Desta vez, uma série de incêndios misteriosos vem atingindo Manchado-pelo-mar e as crianças estão em perigo já que Tiro Furado, o vilão foragido, está a solta. Snicket quer investigar para descobrir quem está por traz dessa história e porquê. Mesmo com a ajuda de Moxie, a jornalista mirim; Juca e Chico, os taxistas malucos; Jake, o cozinheiro cheio de experiência e Cleo, Lemony precisará colocar seu treinamento em prática para impedir os planos do vilão que está mais uma vez rondando o vilarejo, caso contrário um inocente pode acabar pagando por algo que não fez. O mistério não parece ter uma solução e ninguém sabe quais são as reais intenções de Tiro Furado.
Só não pergunte sobre a Sociedade Desumana e nem sobre o interesse deles nas crianças da Academia da Maré... Com certeza são perguntas erradas...

Narrado em primeira pessoa de forma super divertida e espirituosa, a história continua sustentando mistérios antigos, trazendo novos a tona sem que haja nada tão complexo assim a ponto de confundir o leitor, até mesmo pelo fato de os livros serem voltados a um público que, geralmente, procura livros para se divertir.
Um ponto muito legal é que Snicket sempre relembra algum fato importante que ocorreu nos livros anteriores de uma forma direta e bem resumida e isso ajuda o leitor a se situar melhor na história, lembrando quem é quem ou do que a tal situação se trata sem que haja necessidade de folhear os livros para descobrir. Por mais que algumas perguntas erradas tenham sido respondidas, outras surgem, os mistérios dos livros anteriores acabam de fundindo com os novos e resta saber se tudo vai ser mesmo esclarecido no próximo volume. São várias pistas espalhadas no decorrer da história e ao final todas são ligadas de forma mirabolante mas, ainda assim, genial!

Snicket é um personagem que vai amadurecendo a cada livro, aprendendo com as experiências e sem deixar seu jeitinho sarcástico e bem humorado de lado, mostrando que seu destino é ser mesmo alguém que domina a arte de ser detetive.
S. Theodora (continue sem querer saber o que o S significa) e sua cabeleira indomável continua impagável quando o assunto é ser imprestável, além de se mostrar muito mais irritante, pois mesmo sabendo que é a pior investigadora do mundo, ela simplesmente não aceita os argumentos de Snicket só pelo fato de ele ser uma criança, e o que as crianças sabem?
Já havia mencionado sobre essa questão de inversão de papéis das crianças serem espertas enquanto os adultos da história são caricatos e idiotas na resenha que fiz pra um dos livros da série, mas S. Theodora ultrapassa qualquer limite. Acredito que seja ela a maior responsável por alguns momentos engraçados e impossíveis da história, mesmo que a vontade seja socá-la.
Os diálogos são muito dinâmicos e inteligentes e há várias frases de destaque capazes de colocar o leitor pra refletir.

O trabalho gráfico do livro continua mantendo o padrão dos livros anteriores, com ilustrações ótimas onde o rosto de Snicket sempre fica escondido pela sombra de seu quepe dando aquele ar de mistério sobre o garoto.
A fonte é grande e o espaçamento entre o texto também, logo, levando em conta de que se trata de uma história divertida cujo mistério realmente envolve e mantém o leitor preso nele até a última página, é um livro para ser lido numa tacada só.

Há quem considere a série como um prequel para a outra série do autor, Desventuras em Série, devido às menções a personagens e afins. Não que seja necessário ler para entender o que se passa em Só Perguntas Erradas, mas acredito que seja algo que acrescente bastante na hora de se familiarizar com os personagens citados.
Pra quem procura por uma leitura leve, inteligente e super engraçada, leia! Mesmo que seja um livro voltado ao público infanto juvenil vai agradar leitores de todas as idades.